Guia da Semana

A primeira temporada da série "The Crown" estreou na Netflix dia 4 de novembro e, embora sua estreia tenha sido a terceira pior do streaming no quesito audiência, a produção, considerada pelo The Guardian uma das melhores da história, é impecável e merece sua atenção.

Escrita pelo roteirista do filme "A Rainha", Peter Morgan, "The Crown" se passa no ano de 1947 e o ponto de partida é o casamento de Elizabeth II, até então princesa, e Philip Mountbatten, antes de herdar a coroa aos 25 anos de idade devido à morte de seu pai, o rei George 6º.

Assim, a série vai contra o que pode-se pensar antes de assisti-la (que é apenas mais uma série histórica) e nos presenteia com abordagens complexas, envolventes e provocativas sobre assuntos interessantíssimos, o que faz com que fiquemos sedentos pelos episódios seguintes.

Pensando nisso, o Guia da Semana lista abaixo os motivos pelos quais você deveria assisti-la. Confira:

PRODUÇÃO

Segundo dados do The Daily Beast, "The Crown" é a série de TV mais cara da história, com o orçamento anunciado em US$130 milhões apenas para a primeira temporada. Entretanto, quem assiste à série entende boa parte de onde esse valor foi investido, tendo em vista que cada detalhe dos figurinos, ambientes e objetos nos leva pra dentro da cena e de volta aos meados do século 20.

Inclusive, aos amantes da moda, a série é um prato cheio, pois nos mostra um verdadeiro desfile de modelitos masculinos e femininos espetaculares.



O jornal The Guardian fez uma galeria de imagens dos bastidores, mostrando algumas referências usadas e o processo de gravação. Para conferir, clique aqui.

SÉRIE HISTÓRICA BASEADA EM FATOS REAIS


A série conta a história da família real, sobre a vida da Rainha Elizabeth II e os bastidores do início de seu reinado a partir de seu casamento em 1947 até os dias atuais. Assim, os episódios também nos levam ao momento político, social e econômico do país e do mundo na época, revelando grandes eventos que moldaram a segunda metade do século 20.

Apesar de ter diálogos e construções fictícias, vemos líderes políticos citando marcos históricos e nomes como Hitler, Stalin e outros, discutindo questões reais que muitos de nós estudamos, outras gerações participaram ou ouviram falar.

LOOPING


Embora a trama seja linear, os episódios contam com looping para voltar no tempo e mostrar situações da infância da Rainha Elizabeth II, intrigas familiares e questões políticas importantes para compreender o cenário em que a série se passa.

REFLEXÕES SOBRE O PAPEL DA MULHER E PRECONCEITO DE GÊNERO

Se hoje o papel da mulher é discutido muito enfaticamente, na época da série o cenário era bem diferente. Entretanto, os episódios nos mostram como, em passos miúdos, o assunto também era colocado em questão.

Um dos aspectos mais envolventes da série é ver como a Rainha passa por mudanças internas e conflituosas. Se em seu casamento ela, por vontade própria, quis colocar em seus votos que obedeceria sempre seu marido, a situação muda com o passar do tempo (e episódios).

Em situações como sua coroação, vemos Phillip, negando-se a ajoelhar-se aos seus pés, alegando que prefere ficar ao seu lado na cerimônia, pois ajoelhar-se a uma uma mulher faria dele menos homem.

Surpreendentemente, somos levados a uma discussão calorosa onde a Rainha (e esposa) não arreda o pé, argumentando que ele deve, sim, ajoelhar-se a ela como se ajoelharia a um Rei.

Assim, a série nos leva a diversos momentos parecidos, nos quais ela começa a se questionar tradições, obrigações e sua individualidade e opiniões - que até então eram bem reprimidas.

ROTEIRO E ATUAÇÕES

As atuações da série são um show à parte. Dos adultos às crianças, as feições e diálogos deixam o telespectador de boca aberta, presos do primeiro ao último segundo da série. Vale destacar o personagem de Churchill, protagonizado por John Lithgow, que está maravilhoso.

Por Nathália Tourais

Atualizado em 16 Nov 2016.