Guia da Semana

De 1º de março a 12 de maio, o Museu de Arte Moderna de São Paulo recebe a exposição George Love: além do tempo, sobre o trabalho de George Leary Love (1937-1995), fotógrafo afro-americano que desenvolveu uma trajetória extremamente prolífica no Brasil entre as décadas de 1960 e 1980.

Com curadoria do pesquisador e fotógrafo Zé De Boni, a quem Love confiou parte de seu arquivo e documentos relevantes de sua história, a exposição será a primeira grande mostra póstuma do artista.

Reunindo um conjunto de mais de 500 fotografias, em novas impressões e originais de época, George Love: além do tempo traça uma linha do tempo que remonta a um período desde antes do artista vir para o Brasil, até sua morte em 1995. O curador explica que optou por dividir a mostra em 20 núcleos, como se o espaço expositivo sediasse 20 individuais de Love, cada uma se debruçando sobre uma temática ou uma época. Os setores consideram também os lugares onde George Love viveu no decorrer de sua carreira: primeiro em Nova York, depois São Paulo, onde (se instalou) chegou em 1966, uma escapada ao Rio de Janeiro, o retiro em Nova York depois de 20 anos no Brasil, e a volta São Paulo nos seus últimos anos de vida.

Nascido em 1937 na cidade de Charlotte, na Carolina do Norte (EUA), George Leary Love veio de uma família simples e culta. A fotografia apareceu em sua vida de maneira inesperada e ele desenvolveu o ofício de maneira autodidata. Formado em Matemática e Filosofia da arte, só foi descobrir-se fotógrafo no período em que viveu na Indonésia, onde o pai trabalhava no serviço diplomático. Na volta ao seu país, morou em Nova York, onde iniciou uma carreira bem-sucedida na fotografia.

Participou de um grupo de vanguarda chamado Association of Heliographers, do qual chegou a ser vice-presidente. O grupo nova-iorquino tinha como membros nomes importantes da fotografia estadunidense e, no início da década de 1960, atuava com pioneirismo ao dispor de um espaço para exposição dos trabalhos de seus integrantes, observado com atenção pelos críticos da época. Além disso, foram precursores na comercialização de fotografias coloridas, o que era visto como tabu na época.


George Love, Ilha do Marajó, 1971. Fotografia publicada no livro Amazônia e Alma e Luz (via assessoria - a4&holofote comunicação)


Também durante os anos 1960, Love envolveu-se com o grupo Student Nonviolent Coordinating Committee, conhecido pela sigla SNCC, formado em grande parte por estudantes negros, que promoviam protestos e ações diretas contra a segregação etnico-racial nos Estados Unidos. Essa questão, porém, quase não aparece na obra do fotógrafo. Ele realiza alguns registros que se aproximam de um resgate da ancestralidade, incluindo fotografias de sua famíla, e também alguns breves registros do bairro do Harlem em Nova York, conhecido por ser reduto da cultura afro-americana.

George Love deixou grande parte de seu acervo e seu arquivo com Zé De Boni, outra parte ficou nos Estados Unidos com sua ex-companheira, Barbara Livesey, que doou esse material à Universidade da Carolina do Norte em Charlotte (University of North Carolina in Charlotte), na cidade natal do fotógrafo, no início dos anos 2000. O curador levou anos trabalhando no material, diante da necessidade de identificar e interpretar documentos e fotografias que recebeu precariamente agrupados, para oferecer ao público uma visão mais clara e organizada. Durante a pandemia o trabalho foi intensificado, resultando nessa exposição.

De Boni baseou sua pesquisa no seu íntimo conhecimento da atuação de George Love, tendo sido um raro curador de uma exposição dele nos tempos áureos. Ele também fez entrevistas com pessoas que conviveram com o fotógrafo. Os documentos e cartas trazem detalhes marcantes desconhecidos até para os mais íntimos e as revelações dão um colorido especial à interpretação do trabalho do autor e de sua personalidade.

Pioneiro e inovador, esteve sempre na vanguarda e é considerado como alguém que estava à frente de seu tempo, por seus pares. A partir daí, surgiu o nome da exposição. Além disso, o fotógrafo tinha um certo mistério em torno de si, pois pouco se sabia de onde veio o destino que tinha levado.

Os ingressos para George Love: além do tempo custam R$30,00 inteira e R$15,00 meia-entrada. Aos domingos, a entrada é gratuita e o visitante pode contribuir com o valor que quiser. Para ingressos antecipados, acesse mam.org.br/visite.

Mapa do local

George Love: além do tempo

Preço até R$30.00

Data 01 Mar-12 Mai

Preço(s) R$30,00 inteira; R$15,00 meia-entrada | aos domingos, a entrada é gratuita e o visitante pode contribuir com o valor que quiser

Horário(s) das 10h às 18h (com a última entrada às 17h30)

Endereço
Museu de Arte Moderna de São Paulo
Parque Ibirapuera (Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº),