Guia da Semana

Falar de artes no geral é uma grande responsa. Claro que depois da minha experiência na produção da peça da Dona Baratinha, sei alguma coisa de teatro. Mas nada que me torne capaz de criticar - pro bem ou pro mal, o trabalho de alguém. Na verdade a minha avaliação de pouco conhecedora do assunto sempre foi: gosto, não gosto. Simples assim. Já curti monólogo que todo mundo achou um saco, já gostei de instalação que todo mundo disse que fazia igual, e assim vai. Por isso, aqui vou fazer a mesma coisa. De tudo que tá rolando em SP, separei o que acho mais bacana, sem qualquer pretensão de acertar. Então, vamos lá!

"Há sempre um copo de mar pra um homem navegar". A frase do cartaz da 29ª Bienal de São Paulo, por si só, já faz pensar. E é essa a ideia dos curadores para o evento. Provocar uma viagem mental por meio das obras, para pensar temas como a liberdade, o cotidiano, e tudo o mais que relacione o indivíduo com o mundo contemporâneo. Entre as minhas preferidas, ficaram a vídeoinstalação do escocês Douglas Gordon e os relógios dos indianos Raqs Media Colective, que trocam os números por sentimentos associados às horas do dia.

Foto: Laboratório de Pesquisa em Arte e TecnoCiência (creative communs do Flickr)
Vídeoinstalação da Bienal de Artes de São Paulo

Em uma escala um pouco menor, mas não menos interessante, vale a pena visitar a Mostra LABMIS 2010. Juntando arte, ciência e tecnologia, o LABMIS - do Museu da Imagem e do Som, é um espaço de reflexão, intercâmbio e experiência, onde se misturam artistas mais experientes e quem tá começando agora. O resultado dos últimos trabalhos tá reunido nessa mostra, que vai até começo de janeiro. Eu curti bastante o trabalho do artista Caetano Dias - O Jardim Virtual de Teófilo, um vídeo interativo que retrata a vida de um desempregado que constrói seu pequeno universo por meio do lixo. A história se passa em Barcelona, mas podia muito bem ser aqui.

Agora, vamos aos palcos. Falando de teatro, morri de rir com a comédia Mulheres Alteradas. O nome já dá a dica, né? A peça é uma adaptação das histórias de Maitenha, tirinhas argentinas que falam do universo feminino, mas fugindo totalmente daquele clichê de mulherzinha sofredora, que não dá uma dentro. Pelo contrário: ela sabe que pode incomodar - e muito - o sexo oposto quando está alterada.

Foto: Divulgação/ Marcella Marigo
Mulheres Alteradas, comédia em cartaz em Sampa

A adaptação de Andrea Maltarolli, com Mel Lisboa, Luiza Tomé e Daniele Valente, traz três facetas da personagem dos quadrinhos, sem deixar nenhuma delas virar óbvia. Eu, de feminista, não tenho nada, mas acho uma ótima oportunidade para os homens entenderem que nem só de TPM vive a fúria das mulheres.

Foto da Capa: 29ª Bienal de São Paulo/ Nathalia Clark/ APH

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Quem é a colunista: Inquieta, intensa e curiosa, acima de tudo.

O que faz: vive um dia de cada vez, mas como se fosse o último.

Pecado gastronômico: no amor, na guerra e na cozinha, vale tudo.

Melhor lugar do Brasil: São Paulo, com certeza.

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Atualizado em 6 Set 2011.