Guia da Semana

A Bienal deste ano estima que cerca de um milhão de pessoas passem por seus pavilhões. Ao visitar o local numa segunda-feira de feriado, a equipe do Guia da Semana constatou que a organização do evento não deve ter dificuldades em alcançar o número, já que as pessoas faziam fila para entrar.

Foto: Nathalia Clark/ APH
Jovens buscam cultura e diversão na Bienal, porém muitos confessam que têm dificuldades para interpretar as obras

No meio do público, uma quantidade grande de adolescentes com seus cadernos de anotações observavam as obras. Entre eles, as amigas Tamires Mariotto, Amanda de Menezes Costa e Jaqueline Magalhães, todas com 16 anos. Elas estavam por lá a pedido da professora do colégio. "A nossa professora propôs e viemos. Tem bastante coisa diferente, mas é complexo entender. Não costumo visitar locais de arte, mas acho muito interessante", dispara Tamires. E Amanda completa: "é bem diferente, mas ainda não sei se eu voltaria a um espaço como este".

Conversando com jovens nessa faixa etária, foi possível constatar que há o interesse nas obras e instalações, mas ainda existe uma barreira para o entendimento. "Eu gostei muito de ter vindo, tem muita coisa interessante e que faz pensar. Mas também tem muita coisa que não concordo. No geral, é muito vago", explica o estudante Luiz Fernando Silva, 20 anos.

Foto: Getty Images
O grafite é uma das artes que mais atrai o interesse do público jovem

Hoje símbolo entre as adolescentes, o colírio carioca e repórter do Vida de Garoto, Caíque Nogueira, 16 anos, em viagem a São Paulo, preferiu uma volta na Fnac ao passeio pela Bienal. Mesmo assim, ele conta: "apesar de não ter ainda visitado a Bienal de São Paulo, acho que visitar galerias de arte e locais como este é bem importante para aprender mais, saber mais sobre a cultura no geral".

Mas, afinal, jovem gosta de arte? Apesar de não ser tema da Bienal, um projeto do Movimento Sem Terra - MST resume bem o assunto tratado no evento, que faz a analogia entre arte e política. Em setembro deste ano, o movimento inaugurou o centro cultural Bertolt Brecht, no Pará, após identificar nas comunidades que os adolescentes tinham uma ligação especial com a cultura e acabavam despertando para a arte de alguma forma.

Assim, esse tipo de trabalho colabora para a perspectiva de crescer socialmente, de acordo com o que disse uma das dirigentes do MST, Maria Raimunda, em entrevista ao próprio site do movimento.

As artes não só ajudam na inclusão social, como podem revelar talentos. No ano passado, por exemplo, o grafite deu uma nova perspectiva para garotos carentes do Rio de Janeiro, que transformaram a cidade num lugar bem mais colorido e revitalizado.


Atualizado em 6 Set 2011.