Guia da Semana

Fotos: Gabriel Oliveira
Mário Martini, vice-presidente da APTI
Criada em meados de 2007, sob o comando do presidente Odilon Wagner, a APTI (Associação de Produtores Independentes de Teatro) nasceu com o objetivo de unificar e fortalecer o setor teatral em suas várias áreas de atuação. Após pouco mais de um ano, a entidade já conta com a participação de diversos artistas ilustres, como Beatriz Segall, Paulo Goulart, Nicete Bruno, Irene Ravache e Regina Duarte, que aderiram à bandeira da luta pelas leis de incentivo - sua grande arma para popularizar uma forma de entretenimento cultural, que ainda continua sendo um programa para a elite do país.

O Guia da Semana entrevistou Mário Martini, vice-presidente do grupo, que comentou sobre as idéias do projeto, como ele funciona e os principais desafios para a cultura no país. Confira!

Guia da Semana: Como funciona a Associação de Produtores de Teatro Independentes?
Mário Martini:A APTI foi criada recentemente, na metade do ano passado, mas o grupo que constitui a diretoria já vinha trabalhando há um ano e meio. É um trabalho árduo, diário, sem nenhuma remuneração e totalmente altruísta. A associação foi criada com o objetivo de representar, junto ao poder público, uma categoria profissional que acaba sem muita representação: os produtores independentes. Em São Paulo já existe um grande movimento de Teatro de Grupo, que está de certa forma representado pela cooperativa. Nosso profissonal contava apenas com a APETESP (Associação dos Produtores Teatrais do Estado de São Paulo). Nós tínhamos uma necessidade de uma representação mais específica

Guia da Semana: Como é dividida a APTI?
Mário: A associação é dividida em duas instâncias. Uma delas é o conselho superior. A outra é a diretoria. O conselho superior é formado por notáveis do teatro brasileiro. São pessoas que já têm uma contribuição enorme no teatro, como Beatriz Segall, Paulo Goulart, Nicete Bruno, Irene Ravache, Regina Duarte.

Guia da Semana: Quem são os produtores independentes?
Mário:São produtores que têm a sua própria empresa e que montam espetáculos. É diferente de um grupo, que são pessoas que fazem um tipo de trabalho diferente, de pesquisa teatral. O produtor independente é uma pessoa jurídica com preocupação artística.

Guia da Semana: Qual a vantagem que a associação traz?
Mário: Representar esses produtores independentes. É uma associação de classe, que pode junto ao poder público e a comunidade artística, representar uma voz unificada, mais fortalecida. Esclarece melhor a opinião desse segmento.

Guia da Semana: Dentro desse contexto, como vocês lutam para conseguir os incentivos do governo, como a Lei Rouanet?
Mário: Não lutamos para conseguir os incentivos, no sentido real da palavra. Nós discutimos políticas. O trabalho da associação é político, buscando as peculiaridades nas leis de incentivo, que podem nos atrapalhar de alguma forma. Então, como uma categoria, discutimos com o poder público municipal, estadual ou federal, sobre questões que podem ser modificadas.

Guia da Semana: Esse resultado se transfere para o público de alguma forma?
Mário:Sim, sem dúvida. O grande objetivo, tanto de um produtor independente, quanto de um grupo, ao montar um espetáculo é fazer o público assisti-lo. Isso está acima de qualquer coisa. Esse desejo é profissional. Tudo que a gente deseja é fazer melhor aquilo a que estamos nos propondo. Se estabelecemos uma discussão política, isso resolve determinados problemas e gera um benefício para categoria, o que acaba chegando ao público.

Guia da Semana: Qual é o valor para se associar?
Mário: Há uma anuidade de R$ 800,00 que pode ser paga de diversas formas.

Guia da Semana: E por quê só agora a associação foi fundada?
Mário: Na verdade ela nasceu das necessidades que foram surgindo. Nós nos propusemos a discutir uma série de problemas que precisavam ser resolvidos. Um deles são as questões das leis de incentivo, que são uma ferramenta indiscutivelmente importante para a produção, de maneira geral. Outro aspecto importante é discutir outros temas como a formação de platéia e o papel da imprensa ligado à produção cultural. Não só no sentido da questão editorial, mas também da publicidade. Um dos grandes veículos de divulgação é a imprensa escrita. O teatro não sobrevive sem ela. Mas o que toma mais tempo nas nossas pautas são as questões ligadas aos incentivos federais, como a Lei Rouanet e programas de ação cultural.

Guia da Semana: Você acha que o teatro no Brasil é muito elitizado?
Mário: Não sei. Acho que seria um pouco falso dizer que é elitizado. Mas também acho que não é verdade que ele seja uma coisa popular. Eu acho que está elitizado só no sentido econômico. No aspecto intelectual eu diria que 99,9% das pessoas gostam de teatro.

Atualizado em 6 Set 2011.