Guia da Semana

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No cenário de Cats há sucatas e embalagens velhas em tamanho maior, como visto pelos gatos

O musical que mudou a história da Broadway volta ao Brasil, dessa vez, com elenco 100% brazuca. Na versão, o musical vai contar com grandes nomes no elenco, como Saulo Vasconscelos (O Fantasma da Ópera, A Bela e a Fera , Les Misérables) e Sara Sarres (O Fantasma da Ópera, Les Misérables, West Side History), ambos com invejável currículo no gênero. A cantora Paula Lima estrela pela primeira vez um espetáculo da Broadway, como a gata Grazibella. A superprodução conta com músicas produzidas pelo cantor e compositor Toquinho, que fez uma adaptação da letra original, composta por Andrew Lloyd Webber, para o português, inclusive da célebre canção Memory.

A equipe de produção desse megaespetáculo chega a 110 pessoas envolvidas, entre brasileiros, americanos e ingleses. Só no elenco, são 38 artistas. De acordo com a produtora geral de Cats no Brasil, Amali Zraik, a pré-seleção dos atores começou há um ano, com a inscrição de mil candidatos para viver na tribo Jellicle.

História

O enredo de Cats é baseado em 14 poemas do livro infantil Old Possum´s Book of Pratical Cats, de T.S Eliot, publicado pela primeira vez em 1939. O autor americano escreveu a obra para seus filhos, depois de observar o comportamento dos seus próprios gatos por dias.

A peça se passa durante a madrugada, em um beco, onde se reúnem os gatos da tribo Jellicle Cats. É a data mais especial do ano para eles, pois é o momento em que se encontram para celebrarem sua felinilidade e quando o sábio e benevolente líder do grupo, Old Deuteronomy (Saulo Vasconcelos), anuncia qual deles irá para um lugar especial chamado "Heavyside Layer", onde poderá renascer para uma nova "vida Jellicle". Somente um dos gatos da tribo não compartilha da mesma euforia dos demais: Grazibella (Paula Lima), que abandonou os companheiros anteriormente para explorar o mundo fora do grupo e agora é desprezada por sua escolha.

Consagração

Esse espetáculo já foi apresentado em mais de 20 países, 300 cidades e traduzido para 10 línguas desde sua estreia no West-End, em Londres, em 1981. "Em torno de 9 milhões e 600 mil pessoas já assistiram Cats, em 18 anos de espetáculo na Broadway", elucida o presidente da produtora Time For Fun (T4F) Fernando Alterio. Ele ainda ressalta que Cats é um marco na história da Broadway porque foi o primeiro musical que transformou as apresentações em megaespetáculos.

Acompanhando essa ampla proporção de sucesso, a música Memory já teve mais de 150 versões gravadas por grandes nomes da música internacional, como Barbra Streisand, Sarah Brightman, Barry Manilow e José Carreras. Na versão nacional, quem dará voz a essa música é Paula Lima, sob a pele da gata Grazibella. "Estou muito feliz em cantar Memory, mas será inevitável a comparação com os outros intérpretes. Está sendo tudo muito prazeroso, estou dedicada e encantada com o espetáculo", fala a cantora.

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Paula Lima em cena como a gata Grazibella de Cats

Músicas

O compositor Toquinho também se mostrou muito lisonjeado em participar da produção musical de Cats, porém ele não escondeu que o trabalho foi árduo até chegar às versões finais das músicas. "Primeiro, me enviaram cinco canções que eu fiz com facilidade e achei que não seria tão complicado. Mas, quando chegou todo material, percebi quão difícil ia ser essa tarefa. Apesar disso, dediquei o mesmo empenho do começo ao fim do trabalho", relata.

Toquinho explica que para fazer traduzir as canções de Cats para o português, observou as rimas em inglês, adaptou a métrica e a letra para ficar sonoro na língua pátria, sem tirar a identidade original. Perguntado sobre o que mais mudou na versão brasileira, o compositor revela que mesclou a essência das músicas de Andrew Lloyd Webber com as características do País e um toque de irreverência, tipicamente nacional. "Falei até de Paulo Autran em uma das músicas de Cats", fala Toquinho, em primeira mão.

Diferencial

Quando o assunto é musical de alto nível, todos do elenco citam Cats como referência. A coreógrafa inglesa, Marina Stevenson, que participou da primeira montagem, conta que Cats é um espetáculo que se exige demais dos intérpretes. "Neste espetáculo há balé, jazz, acrobacias e sapateado. O elenco está bastante afiado, todos estão muito empenhados e com uma dedicação que poucas vezes vi", diz.

A consagrada atriz de musicais, Sara Sarres, também partilha da mesma opinião de Marina e confessa que se o convite para participar de Cats viesse anos antes, ela não poderia aceitar por não estar preparada. "Cats é diferente, pois não é divido em fases, ele é intenso o tempo todo. Como minha formação era mais em canto e teatro, só pude aceitar participar agora desse musical, pois estava fazendo aulas de balé desde que interpretei a Anita, em West Side History (2008)", relata a atriz que vive a gata Jellylorum, no musical.

O diretor e coreógrafo americano, Richard Stafford, que acompanha Cats desde 1985 e também foi o responsável pelas montagens no México e na Argentina explica que o musical é uma parábola da condição humana, contada pelos olhos de um gato. "Já montei o espetáculo em vários lugares e cada cultura traz sua contribuição. Acho que na América Latina há uma especificidade, que é a compreensão real do que o musical trata: diferenças e exclusões", fala.

Adaptação

Stafford, que acompanhou toda a produção desde o início, garante que o cenário é o mesmo da Broadway, mas com adaptações ao espaço de 150 metros quadrados do Teatro Abril. O design cênico continua grandioso e vai além dos limites do palco, com caixas, sucatas, placas de carro, grades de ferro e pneus multiplicados de tamanho para oferecer ao público a perspectiva da visão de um gato.

Sobre a apresentação de dança, o coreógrafo americano, responsável pelos ensaios do elenco brasileiro desde janeiro, explica que tudo é baseado na observação de como os gatos se movem. "A coreografia original, criada por Gillian Lynn, trouxe um vocabulário totalmente diferente para os musicais e tudo isso com muitos detalhes corporais. Por isso fazemos um trabalho intenso, para que os atores adquiram o ponto de vista de um gato", revela.

O veterano dos musicais nacionais, Saulo Vasconscelos, que interpreta o líder do grupo Jellicle, Old Deuteronomy, vem demonstrando uma preparação física impecável. Não é para menos, já que seu preparador é Nuno Cobra, o mesmo do piloto Ayrton Senna. Mas, desde que começaram os ensaios, a preparação do ator, assim como de todo o elenco, começa 30 minutos antes com alongamento, aquecimento e exercícios rápidos de improvisação, já que estão interpretando felinos.

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O benevolente líder dos Jellicle Cats é vivido pelo experiente ator em musicais, Saulo Vasconscelos

Caracterização

Os efeitos especiais foram pensados nos mínimos detalhes, como a maquiagem e o figurino, que são um espetáculo à parte. Os macacões usados pelo elenco são pintados à mão e apresentam um tecido de lycra especial, que permite a mobilidade total dos movimentos e foram importados da Inglaterra. As perucas também vieram do mesmo país da Europa e os ajustes foram personalizados para cada ator aqui no Brasil.

Para completar a caracterização, todos do elenco foram treinados para fazerem sua própria maquiagem, que também foi moldada de acordo com cada rosto. "Somos nós mesmos quem fazemos a maquiagem. Tivemos o auxílio de maquiador profissional no começo, mas agora é por nossa conta", comenta Saulo.

Outras capitais

Pela primeira vez um musical exibido no Teatro Abril, em São Paulo, tem a possibilidade de ser apresentado em outras cidades. Segundo Fernando Alterio, sempre houve dois empecilhos para levar um musical para fora da capital paulista: a viabilidade econômica e a disponibilidade de um teatro para comportar a condição técnica do espetáculo.
"A T4F está fechando os custos do espetáculo para ver se haverá a viabilidade de viajar o Brasil com Cats. Se confirmado, as cidades que provavelmente receberão esse musical serão: Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Brasília e Salvador, a partir do segundo semestre deste ano", explica Alterio.

Serviço
Local: Teatro Abril - Avenida Brigadeiro Luis Antonio, 411, Bela Vista
Preço: R$ 50,00 a R$ 240,00
Data: 04 de março a 30 de maio
Horários: Quintas e sextas, às 21h; Sábados às 17h e 21h; e Domingos às 16h e 20h
Telefone: (11) 4003-5588

Atualizado em 10 Abr 2012.