Guia da Semana

Foto: divulgação


A atriz estava pensando em tirar férias no começo de 2008, mas uma proposta tentadora a fez mudar de idéia e mais uma vez encarar o palco. Não que para ela isso seja um sacrifício, ao contrário, apaixonada pelo teatro não encontrou nenhuma maneira de recusar o convite. Para Cleyde Yáconis, apesar de já ter vivido tantas figuras clássicas da dramaturgia mundial sempre vale a pena incorporar mais uma. Mesmo porque é no teatro que ela encontra força para seguir a diante tanto na vida profissional quanto na pessoal. "Ao invés de ir ao psicanalista, faço teatro", brinca.

A estréia da peça O Caminho Para Meca acontece em momento privilegiado. O espetáculo inaugura o Teatro Cosipa Cultura no dia 5 de abril, sábado, às 21h. O novo estabelecimento está localizado no bairro do Jabaquara, em São Paulo, e pretende atrair principalmente quem trabalha ou mora nesta região. Escrito por Athol Fugard, o texto leva a direção de Yara de Novaes e Cleyde ganha a companhia de Lúcia Romano e Cacá Amaral no elenco.

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A história é baseada na personalidade real de Helen Martins, uma sul africana que encontra sua forma de expressão por meio da escultura. A peça retrata um momento em que Helen, interpretada pela própria Cleyde, recebe a visita da amiga Elsa, admiradora de suas obras, e também do pastor local, que se preocupa com sua ausência na igreja e na pequena vila. Por meio desses encontros, discute-se a vida, a solidão, o talento, as dificuldades da idade, a amizade e a confiança das personagens.

Uma hora e meia de palco toda sexta, sábado e domingo e mais os ensaios extras exigem um bom preparo físico. A atriz diz que às vezes se sente muito cansada, mas que o grande segredo para manter a forma está em querer. "Tudo na cabeça. Preciso resistir ao cansaço, num desses ensaios, por exemplo, eu não estava conseguindo, estava exausta, mas quando quero luto muito. Além disso, não fumo mais. Faço ginástica quando possível na minha casa. Como pouco. Acho que comer pouco só faz bem para as pessoas. Estou tentando eliminar o animal da minha alimentação."

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Em sua carreira houve um fato curioso. Apesar de fazer teatro desde 1948, ela conta que nunca havia sido dirigida por uma mulher. "Nossa, eu tinha muito medo de uma diretora. Mas felizmente a Yara não é melosa. Ela consegue resgatar fantasia de maneira real. E me indica o caminho que eu devo seguir como atriz. Aparentemente me deixa com rédeas soltas para interpretar", conta a atriz bastante satisfeita com a nova experiência.

Quanto a sua personagem, Cleyde revela que elas têm algo em comum: a paixão por trabalhar. "A Helen no momento em que não trabalha morre, assim como eu." Ela diz ainda que sempre foi uma operária do trabalho e que não costuma sofrer em conflito com seu papel e nem termina a peça incorporada por uma outra pessoa. "Finjo que sou um outro alguém, me concentro e engano o público. Isso é muito bom. O faz de conta do teatro. É assim que eu o encaro. Sem frescura."

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Cleyde diz também que se diverte ao fazer televisão, mas que impõem algumas condições para atuar em novelas. "Faço TV com muita seriedade e dou risada, mas lá gosto de papéis curtos e interessantes que apareçam bem pouquinho."

Naturalmente, com a chegada da idade, a morte que sempre foi um tabu na sociedade ocidental vira um assunto mais polêmico, mas não para a artista. Com uma visão invejável sobre a vida e a morte, ela afirma que não a teme e que essa pode estar próxima de qualquer um. "A morte desaparece como medo quando você começa a encará-la como sendo parte da vida. Procuro não pensar nisso e viver. Rezo todos os dias antes de dormir. Agradeço e converso com uma força energética. E tenho a sensação que sou uma força dentro de um fluxo no universo que precisa viver e respirar." É assim que, todos os dias, Cleyde Yáconis faz a manutenção da mente e da alma.

Conheça uma breve biografia da atriz:
- Cleyde Becker Yáconis nasceu em Pirassununga-SP em 1923.
- Foi irmã de Cacilda Becker.
- Atuou em duas grandes companhias brasileiras: TBC- Teatro Brasileiro de Comédia e o Teatro Cacilda Becker.

Entre algumas peças, Cleyde encenou:
- O Anjo de Pedra, de Tennessee Williams.
- Pega Fogo, de Jules Renard.
- Seis Personagens à Procura de um Autor, de Luigi Pirandello.
- Convite ao Baile, de Jean Anouilh.
- O Grilo na Lareira, de Charles Dickens.
- Ralé, de Máximo Gorki.
- Diálogo de Surdos, de Clô Prado.
- Para Onde a Terra Cresce, de Edgard da Rocha Miranda.
- Vá Com Deus, de Murray-Allen Boretz e Relações Internacionais, de Noel Coward.
- Assim É...(Se Lhe Parece), de Luigi Pirandello.
- Mortos Sem Sepultura, de Jean-Paul Sartre.
- Um Pedido de Casamento, de Anton Tchekhov.
- Leonor de Mendonça, de Gonçalves Dias.
- Santa Marta Fabril S. A., de Abílio Pereira de Almeida.
- Volpone, de Ben Jonson.
- Elizabeth, de Maria Stuart, de Schiller.
- Eurydice, de Jean Anouilh.
- Manouche, de André Birabeau.
- A Rainha e os Rebeldes, de Ugo Betti.

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Encenou as seguintes novelas na TV:
- O Amor Tem Cara de Mulher
- Beto Rockfeller
- Simplesmente Maria
- O Machão
- A Viagem
- O Profeta
- Cara a Cara
- Rainha da Sucata
- Vamp
- Olho no Olho
- Sex Appeal
- As Filhas da Mãe
- Entre outras.

No cinema atuou em:
- Ravina
- Doramundo
- Supermanso
- Geração em Fuga

Atualizado em 6 Set 2011.