
A Coleira de Boris foi indicada ao júri paulista e concorrerá ao prêmio Shell de Teatro do primeiro semestre nas categorias de melhor autor e melhor iluminação. O autor do texto encenado é Sérgio Roveri e o diretor que concebeu a montagem da peça foi Marco Antonio Rodrigues, um dos fundadores do grupo paulista Folias D´Arte.
A matéria-prima do espetáculo é o encontro violento entre dois corpos, duas coisas, duas idéias e feito de argumentos entre os personagens A e B, que estão confinados numa prisão. Um deles é mais velho e mais desesperançoso, talvez por possuir uma idade mais avançada, a sensatez e o espírito crítico se desenvolveram e não combinam mesmo com a esperança. O outro é mais jovem e cheio de vida e de ilusões, mas nem por isso consegue escapar de um destino trágico que, desde sempre, parece ter sido reservado para ele.
O encontro desses dois prisioneiros promete extrair faíscas no desempenho físico e no embate de idéias de cada um. Mesmo sendo um texto sem referências do mundo concreto e cotidiano, os diálogos travados entre os personagens, são construídos na imprecisão e permitem múltiplas interpretações acerca do espaço da peça.
O trabalho de cenografia contribui para uma leitura em aberto do espectador acerca do local que se passa a história da peça, podendo ser uma prisão convencional, um hospital psiquiátrico ou até mesmo a mente deles. A partir deste sistema aberto proposto no espetáculo, diferentes desenvolvimentos do tema podem ser extraídos; por um lado, a complexidade de um único ser humano com seus desejos e contradições, configurando um ser paradoxal, por outro lado, uma leitura que realça a relação antagônica de vontades e desejos dos personagens A e B.
O prisioneiro A está a mais tempo confinado e o prisioneiro B acaba de chegar. A história se passa em um dia de conversa entre os dois personagens que possuem visões de mundo muito contraditórias. O personagem A é interpretado por Nicolas Trevijano de forma engenhosa, com sarcásticas réplicas ao personagem B (Rafael Losso), revelando um personagem limitado nas perspectivas do mundo real e para fora de sua cela. Talvez por uma cegueira voluntária acaba sendo contaminado por uma fadiga, ao pensar numa outra forma de vida que não aquela encarcerada entre quatro paredes.

O que faz: Publicidade e Propaganda, oficinas de criação e dança.
Pecado gastronômico: Pasta & vinho, café e pão de queijo
Melhor lugar do Brasil: Jericoacoara (CE)
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Atualizado em 6 Set 2011.