Guia da Semana

No banheiro: mulheres discutem o "tamanho" dos parceiros
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O que as mulheres tanto fazem quando vão ao banheiro? É a esta questão que a comédia Toalete, que está em cartaz no Teatro Gazeta após temporada carioca, pretende responder.

Escrita por Walcyr Carrasco, autor de novelas de sucesso como O Cravo e a Rosa e Chocolate com Pimenta e dirigida pela também global Cininha de Paula, a peça se propõe a radiografar os conflitos, alegrias e intimidades do universo feminino.

O elenco, que conta com nomes como Márcia Cabrita, Suzana Pires, Cynthia Falabella e Vera Mancini, desdobra-se em múltiplos personagens para contar, por meio de dez cenas, o dia-a-dia no banheiro feminino de um hotel de luxo, que recebe hóspedes, participantes de uma convenção, executivas e prostitutas.

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A trama é costurada por meio da personagem Dagmar, uma fervorosa protestante que passa o dia sentada junto à pia oferecendo comprimidos, absorventes íntimos, balas, lenços de papel e desodorante enquanto procura converter as demais personagens "ao caminho do bem".

Em cena durante praticamente todo o espetáculo, a personagem da experiente Vera Mancini, que interpretou a alcoólatra Sofia no filme Garotas do ABC, aposta na crítica as mulheres que circulam pelo banheiro por meio de uma visão calcada em valores moralistas e religiosos.

Para escrever o texto, Carrasco afirma ter se valido de sua experiência como repórter para entrevistar amigas e conhecidas sobre as histórias que acontecem nesse ambiente que desperta tanta curiosidade nos homens. "Garimpei histórias reais, informações e comportamentos. Só depois parti para a criação do texto, sempre com meu olhar crítico" , acredita.

Já para a diretora, a intenção era mostrar um lado forte das mulheres, que muitas vezes é negado. "As mulheres bancam de mocinha, com delicadeza e fragilidade, mas no banheiro fazem muitas revelações, mostram sua intimidade, não se contentam com uma posição passiva diante da vida e são capazes de discutir os homens com absoluta franqueza" , comenta.

Amigas se arrumam em busca de companhia "limpinha"
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É justamente aí que reside o problema. Ao acreditar que franqueza e delicadeza estão em lados opostos, o espetáculo resvala para um desfile de piadas prontas e muitas vezes grosseiras, que na média mais constrangem do que divertem.

Na tentativa de provocar o riso por aproximação com o cotidiano, a montagem apresenta uma vasta coleção de clichês: há os recém-casados que resolvem transar no banheiro durante a festa de casamento, as amigas que conversam sobre suas táticas para arranjar companhia na happy hour e, surpresa das surpresas, a rica herdeira que descobre que o marido é amante da secretária loira e siliconada.

Se o espetáculo procura realizar um retrato do universo feminino, a idéia que se tem dele certamente não é das melhores. As mulheres apresentadas são, na maioria das vezes, fúteis, interesseiras, falsas e pouco inteligentes. Duas delas trocam dicas para conseguir, como diz uma das personagens, "sexo com alguém que seja limpinho e pague um misto quente". Melhor acreditar que há quem use o banheiro só para sua finalidade principal.

Atualizado em 6 Set 2011.