![]() |
Dulpa do CD Remix em Pessoa Foto: Divulgação |
"Quanto fui, quanto não fui, tudo isso sou. Quanto quis, quanto não quis, tudo isso me forma". É com espírito do trecho do poema Sou Eu de Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa) que o humorista, pintor, entrevistador, diretor, ator e escritor Jô Soares embarca em mais um projeto. Com quase 50 anos de carreira, ele deixa de lado o microfone de seu programa e se apresenta em São Paulo com o espetáculo do recém-lançado CD Remix Em Pessoa. No trabalho, Jô declama poemas do escritor português embalados por trilhas, que vão da música clássica ao hip hop.
O trecho acima é apenas um dos 12 textos que compõem o novo projeto. Realizado em parceria com o tecladista Billy Forghieri, um dos fundadores da banda Blitz, o disco é fruto da idéia de Jô quando ele soube, durante entrevista com o grupo, que o músico já havia gravado poemas de Carlos Drummond de Andrade com uma levada street dance. "Gosto muito de Fernando Pessoa, podemos fazer algo parecido?", disse ele a Billy.
Tempos depois, "Gordo" escolheu dois trabalhos do próprio escritor de Portugal e outros dez que levam a assinatura de Álvaro de Campos. Essa diferença entre a quantidade de poemas de cada autor tem um forte motivo. Segundo ele, Álvaro de Campos tem características que mais se aproximam de sua personalidade "Ele é meu xodó. Tem humor ácido e ironias que quebram convenções", explica. Na lista do CD estão Autopsicografia, Poemas em Linha Reta e Ao Volante do Chevrolet.
Fernando Pessoa
Foi com 14 anos que o "Gordo" se deparou com os textos do português. "Estava em uma livraria francesa e os poemas me encantaram. Seus versos traduziam minhas molecagens de garoto. Pessoa conseguiu retratar várias questões humanas, por isso seus textos são tão eternos", garante o entrevistador.
![]() |
Famoso Beijo do Gordo Foto: Vanessa Sulina |
O espetáculo, com direção de Bete Coelho, inaugurou a programação adulta do Teatro Eva Herz, em São Paulo, e angariou aplausos do diretor artístico do teatro, o ator Dan Stubach. "Tenho uma admiração por Jô Soares e estou feliz de receber esse projeto corajoso", revelou. A apresentação, que fica em cartaz até fim de novembro, tem previsão de estrear também no Rio de Janeiro.
Carreira
O carioca, que começou nas telas, na década de 60, estrelando diversas comédias, conta que gostou tanto do CD que pretende lançar outro, e dessa vez vai reverenciar um poeta brasileiro. "Ainda não sei qual, mas será um moderno e não muito valorizado".
![]() |
Capitão Gay (Jô Soares) e seu ajudante Carlos Sueli (Eliezer Motta), Viva o Gordo Foto: TV Globo |
![]() |
Entrevista com o presidente Foto: TV Globo/Zé Paulo Cardeal |
O comediante, que está atualmente na direção da peça Favas Com Os Escrúpulos, em São Paulo, garante que o brasileiro sabe qual é o bom espetáculo. "Eu, por exemplo, já fiz apresentações para diversos públicos e todos tiveram reações semelhantes", finalizou.
Detalhes *Em 1974 participou, na TV Record, da versão musical de Os Três Porquinhos. Jô era um dos animais enquanto Roberto Carlos fazia o lobo mau. *Como pintor, já expôs na Bienal, MUBE e Casa França-Brasil *No ano passado, o comediante ultrapassou a marca de 10 mil entrevistas *Em 2006, dirigiu a peça Ricardo III, que tinha um elenco composto por Glória Menezes e Ari França. |
Leia a poesia completa Sou Eu, de Álvaro de Campos
Atualizado em 6 Set 2011.