A paulista Tita Lima: mistura de bossa nova, jazz e dub na Europa |
A sina de artistas que tateiam em vão o reconhecimento em sua terra natal antes de zarpar rumo ao desconhecido tolhe o país da oportunidade de conhecer melhor seus próprios talentos, que continuam aflorando longe dos palcos nacionais. Há décadas a música brasileira é saudada lá fora, enquanto o tratamento recebido dentro de casa parece um tanto quanto distante. Mas se a questão parece batida e não merece ser repisada outra vez, vale a pena destacar alguns nomes que há tempos tem arrancado elogios no cenário internacional.
Longe de casa
Criada em uma família de músicos, a paulistana Tita Lima aventurou-se em produções caseiras antes de embarcar para o exterior, onde lançou seu primeiro trabalho, 11:11. Bem recebido na Europa, principalmente no Reino Unido, onde Tita costuma se apresentar ao lado de outros "exilados" brasileiros, o álbum permitiu à cantora transitar entre o Velho Continente e os Estados Unidos, sem deixar, entretanto, de passar eventualmente pelo eixo Rio-São Paulo.
Contando com a generosa colaboração do trombonista Bocato e dos produtores Apollo 9 e Kassin, Tita deu luz a um disco leve, descompromissado com as tendências que engendram a nova MPB. Em A Conta do Samba, a cantora brinca com uma melodia adocicada, marcada por espertas incursões de metal e por uma percussão um tanto quanto suingada. Já na faixa Maremorso, o clima é mais saudosista, revelando retalhos de bossa nova. Essa mescla de cool jazz, dub, samba e soul confere ao som de Tita Lima um balanço engenhoso, bem aproveitado pelo tarimbado DJ Gilles Peterson, que remixou algumas de suas canções.
Tio Sam de braços abertos
Até o Japão reverenciou Ithamara |
Ithamara mantém a tradição de artistas brasileiros consagrados no exterior sob a pecha de representantes do chamado brazilian jazz, um híbrido de bossa nova, MPB e cool jazz. Apadrinhada por Elizeth Cardoso, a cantora lançou cerca de uma dúzia de álbuns - nem todos encontrados no Brasil -, gravando ao lado de gente como Tom Jobim e John McLaughlin.
Embora americana de berço, Bebel Gilberto leva no sangue o ritmo que consagrou os pais - Míucha e João Gilberto. Após alguns anos tentando firmar-se no Brasil, Bebel retornou aos Estados Unidos, onde travou parcerias com os produtores mais badalados da indústria musical. Em Nova York, cidade que abriga uma grande diversidade de clubes de jazz, a cantora retomou clássicos da tropicália e da bossa nova, acrescentando porções generosas de música contemporânea, especialmente de batidas eletrônicas soft. Assim, arrancou elogios estrondosos de crítica e público, alcançando vendagens expressivas ao redor do planeta.
A experiente pianista Eliane Elias |
Uma boa amostra do virtuosismo da pianista - que também arrisca-se como cantora em algumas faixas - pode ser apreciado no álbum Dreamer, em que Eliane Elias interpreta com desenvoltura ímpar clássicos como Doralice, de João Gilberto, e Baubles, Bangles & Beagles, de Robert Wright e George Forrest.
Atualizado em 6 Set 2011.