Guia da Semana

Neide Boa Sorte


1) Quando e como você começou a carreira de ator?
Desde pequeno estou ligado nas artes. A primeira recordação que tenho é de uma professora que dava aula na escola alemã que eu estudava. Ela fazia roupas de papel crepom. Eu lembro o quanto eu era dedicado. Recortava tudo, colava. Aquela atividade me fascinava. Depois mudei para uma escola que a aula de português era declamar um poema na frente de todos. Nossa, eu adorava. E depois aos 15 anos entrei para o Tablado e lá fiz minha primeira peça de teatro. Daí, eu nunca mais parei. Acho que a gente nasce sendo artista. A responsabilidade, no entanto, é muito grande. É uma profissão que todos os dias você tem de começar do zero. O trabalho do ator não pode ser só um dia. Tem de ser todos os dias. A estréia acontece sempre.

2) Em qual momento você decidiu se voltar para a comédia?
Eu acho que foi quando fiz o outro monólogo Na Media Do Possível. Eu tive uma grande surpresa. Era algo muito patético e que eu me apaixonei por fazer. O teatro lotou. Era engraçada a comédia porque falava do dia-a-dia. É interessante extrair o bom astral de uma situação hilária que te aconteça. Eu adoro comédia. Hoje em dia, fica bem difícil assistir um drama. O ator tem de ter o público como foco.

3) Por que, na sua opinião, a personagem Neide Boa Sorte caiu na graça do público brasileiro?
Eu acho que ela caiu porque todo mundo quer ser um pouco como ela. De falar a verdade e as coisas na cara. A Hebe que ficava de espectadora dava muita risada porque a Neide não estava nem aí com quem ela estava falando, ela fala o que pensa e pronto. Eu tenho uma linha muito precisa de trabalhar com a Neide. As pessoas no fundo querem ouvir também a verdade, mas claro ela está disfarçada de Neide, não sou eu Eduardo falando. E o legal é que mesmo no espetáculo as pessoas entendem e assistem com uma cabeça aberta sabendo que a qualquer momento a Neide pode tirar um sarro delas.

Foto: divulgação


4) Qual é a diferença de interpretar a Neide na televisão e de fazê-la no palco?
Ah, é muito mais difícil fazê-la no palco. Na TV, eram seis, sete minutos. É uma esquete. No palco o tempo gira em torno de uma hora. É um monólogo. No teatro acontecem coisas que me deixam numa saia justa. No entanto, eu tiro numa boa. O público que vai me assistir é aberto. Eu procuro fazer não só o estereótipo do xingamento, eu dou um toque carinhoso mesmo se eu estou tirando alguém da platéia. É uma brincadeira, mas que as pessoas entendem também que é a verdade. Por exemplo, outro dia eu mexi com uma senhorinha que tinha cabelo branco. Nossa, todas que estavam juntas e tinha o cabelo branco ficaram emocionadas no final. Talvez por eu ter dado essa atenção para elas. É bom fazer os outros rirem e saírem da apatia do cotidiano. O teatro é muito gratificante. Nesse fim de semana uma senhora bem magrinha foi falar comigo no fim do espetáculo. Ela era bem humilde e disse que fazia dois meses que não saia do hospital porque sua irmã estava quase morrendo, mas que naquele dia ela se deu ao luxo de ir assistir a Neide para se distrair. E ela falou que se divertiu pelo ano inteiro e que eu era muito talentoso. Nossa, isso para mim vale mais do que qualquer coisa.

5) Como é feito o seu preparo físico para encarar a personagem? Ensaios, aulas, alimentação, etc...
Cuido da minha alimentação. Eu sou da teoria de que você é o que você come. Como de três em três horas. Faço aula de voz. Agora estou fazendo pilates. É genial. Estou adorando. Tomo um gatorade para repor as energias. Eu escolhi ser ator, então tenho de emprestar o meu corpo para o personagem por isso preciso estar sempre preparado.

6) Você ensaia tudo o que faz ou algumas piadas vem da improvisação?
Eu tenho uma coisa de improvisação muito grande. Adoro improvisar. Quando eu entrei no Grupo Tablado, eles davam um tema e em dois minutos você tinha que inventar tudo, o personagem, a história, enfim, acredito que essa tenha sido minha grande escola. Eu gosto de inventar. É um exercício muito bom.

Leia a resenha da peça I Love Neide

Atualizado em 10 Abr 2012.