Guia da Semana

Os cabeludos brasileiros já podem começar a bater cabeça. E não estamos falando de (mais uma) visita do Iron Maiden. A partir de maio, as duas maiores forças do metal nacional dividirão o mesmo palco: Angra e Sepultura, em uma turnê que passará por mais de 20 cidades.

Se você nunca imaginou que o trash e o melódico pudessem coexistir, pode aguardar mais surpresas. Do lado do Sepultura, a performance ao vivo de A-Lex, novo álbum do grupo, o primeiro sem a participação de nenhum Cavalera. Do lado do Angra, a volta aos palcos, após uma pausa de dois anos.

Confira abaixo o que as duas vozes dos grupos têm a dizer sobre o momento das bandas e a nova apresentação que cai na estrada.

Derrick Green - Vocalista do Sepultura


Derrick: "Muitas pessoas ouvem apenas as fofocas"

Irmãos Cavalera
As coisas nunca foram fáceis para o Sepultura. A banda está mais forte do que nunca, evoluindo de muitas maneiras diferentes, com pessoas que realmente querem estar ali. Muitas pessoas ouvem apenas as fofocas, em vez da música. Elas deveriam conferir os projetos do Max e do Igor, que também devem estar bastante felizes.

Nova fase
O importante é estar sempre estar criando e crescendo. Por isso nossos álbuns são sempre diferentes do anterior. É um processo natural, que é reforçado com a chegada de novas pessoas. Odiaria soar sempre igual, repetir algo que já fiz.

A-Lex
A idéia inicial era criar uma trilha sonora para o livro do Anthony Burgees (Laranja Mecânica), fazer música em cima dessa história. Fizemos isso conversando no estúdio, descrevendo o que lemos, como nos sentimos sobre eventos atuais. O Burgess fala da juventude caótica, descontrolada, crimes... Essas coisas acontecem o tempo todo. É só assistir ao jornal.

Edu Falaschi - Vocalista do Angra


Edu Falaschi: "O Brasil nunca vai ser o país do rock"

Volta do Angra
Tivemos uma parada forçada. Todos estavam cansados, da correria da turnê, projetos paralelos, problemas com empresário. Decidimos parar antes que as coisas ficassem piores e arrumar a casa, para voltar com força.

Novo álbum
Ainda é muito cedo. Estamos muito envolvidos com essa turnê. Claro que pensamos no futuro da banda, em novos trabalhos. Mas não posso afirmar com certeza quando isso vai acontecer.

Metal no Brasil
Acho que o Brasil nunca vai ser o país do rock. Os caras lá fora ouvem desde pequenos. O Brasil ainda é o país do samba. A gente nunca vai querer ter a popularidade de um grupo de axé. Mas temos um nível bacana para o rock melódico. Não acho que seja fechado.

A turnê


O Sepultura apresentará músicas de A-Lex, seu primeiro trabalho sem a presença do baterista Igor Cavalera

Estilos diferentes
Edu - Se oferecessem essa turnê há 20 anos, acho que seria muito perigoso. A coisa era muito mais xiita. Hoje em dia, com a Internet, os gostos musicais aumentaram. Claro que haverá uma pequena parcela que não irá gostar. Mas o fã, em geral, está muito mais eclético.

Derrick - É bom trazer variedade, em vez de ficar tocando a mesma coisa durante horas. Gosto das pessoas com mente aberta para ver coisas novas. Quem imaginaria que o Sepultura poderia tocar com o Deep Purple, por exemplo? Música boa é música boa.

Aproximação
Derrick - Não conhecia tanto o som do Angra. Na verdade, nossa produtora trabalha com as duas bandas e teve essa ideia. Mas existe um respeito mútuo dos dois lados. Estou bastante empolgado, não vejo a hora de começar.

Edu - Após dois anos parados, todos os integrantes fizeram trabalhos paralelos, mas os fãs queriam muito que a banda voltasse. Não tínhamos tempo de gravar um álbum, mas queríamos uma coisa nova para esse momento. Por que não unir forças das duas maiores bandas de heavy metal do Brasil?


Após um recesso de dois anos, o Angra traz ao palco velhos clássicos do grupo

Setlist
Edu - Não vai rolar nada inédito. Vamos reviver os clássicos da banda. Os arranjos tiveram algumas mudanças, mas nada que mude a essência. A gente pretende retomar a história do Angra com as energias renovadas.

Derrick - O show é de divulgação do novo álbum, que assim como o livro, é dividido em três partes. A primeira é caótica, com toda aquela raiva e destruição. A segunda, mais psicodélica, na qual o personagem está na cadeia, tomando drogas. A terceira se torna um pouco mais agressiva novamente, falando sobre livre arbítrio.


Atualizado em 6 Set 2011.