Guia da Semana



Desde o lançamento de seu primeiro trabalho solo, a paulista Andréia Dias tem arrancado elogios não apenas da crítica brasileira, como de sites especializados fora do país. Após deixar o grupo Farofa Carioca, que tinha Seu Jorge como membro mais ilustre, a cantora engatou dois novos projetos: o primeiro, ao lado do grupo DonaZica, lançando dois álbuns, Composição (2003) e Filme Brasileiro (2005), e o segundo, à frente da Banda Glória, uma espécie de coletivo com quase duas dezenas de músicos, e cuja sonoridade envolve ritmos brasileiros como chorinho, xote e baião.

Em um rápido bate-papo com o Guia da Semana, Andreia, que foi um dos destaques da Virada Cultural, quando se apresentou no Palco das Meninas, fala sobre a recepção positiva do álbum Vol.I e diz que a MPB sofre de conflito de egos. Com apresentações agendadas em clubes da capital paulista e do interior, a cantora se prepara para subir ao palco do Auditório Ibirapuera, onde se apresenta no dia 22 de junho..

Guia da Semana: Para um trabalho de estréia, o disco tem recebido muitos elogios. Você esperava uma repercussão tão positiva da crítica?

Andréia Dias: Há muito tempo deixei de ter expectativa com as coisas, no caso do disco não foi diferente, nem pensei no assunto, daí uma surpresa com a repercussão. Fiquei feliz claro!

Como foi contar com a colaboração de músicos como Oswaldinho da Cuíca e Fernando Catatau?

Foi maravilhoso, como também foi com todos os outros músicos envolvidos no projeto.



No exterior, suas canções costumam ser encaixadas como world music. Rótulos como esse, ou até mesmo o corriqueiro "nova MPB", lhe incomodam?

Não vejo nenhum problema nisso.

O disco Vol. I realmente faz parte de uma trilogia? Há previsão de lançamentos dos próximos álbuns?

Um dia minha mãe, que é muito simples, me perguntou: filha você faz essas músicas da sua própria cabeça? Achei engraçado, e como tenho músicas pra muitos discos, resolvi fazer um trilogia dessa fase inicial do meu trabalho. Denominei de "trilogia da minha cabeça". Espero nos próximos três anos, com a ajuda de Deus, acabar esse projeto.

Você costuma destacar a latinidade de suas canções. Como isso pode ser percebido em seu trabalho?

No calor e na sensualidade de algumas canções.

A biografia encontrada em seu site oficial afirma que você chegou a se desiludir com o cenário musical brasileiro. O que lhe causou esse desapontamento?

Penso que é muita estrela pra pouca constelação. Muita vaidade e egoísmo.

É complicado conciliar o projeto solo com a agenda da Banda Gloria e da DonaZica?

Nem um pouco. Por enquanto, está tudo tranqüilo.

Você tem apresentações marcadas para lugares tão diferentes como clubes de jazz e casas mais underground. Como é lidar com públicos tão diferentes?

É divertido. Procuro sentir a vibração de cada público e dar o melhor de mim.

Musicalmente, o que mais tem chamado sua atenção dentro e fora do país?

No Brasil, o que me impressiona é a originalidade de bandas como Cidadão Instigado, Los Goiales, Krisium, B-Negão. Fora do país, o tango uruguaio, João Coração, de Portugal, Diamanda Galas e Demolition Doll Rods, dos Estados Unidos, Los Caparos, de Israel, Los Piojos, da Argentina e por aí vai.

Atualizado em 6 Set 2011.