Foto: Paulo Inácio |
![]() |
Illegal Dub mal começa, e o grito uníssono da plateia é quase ensurdecedor. Eis que surge a peculiaridade excêntrica de Matisyahu, às 20h50, na noite de domingo (11 de abril), na Via Funchal. O judeu ortodoxo fez um aquecimento no placo, andando de um lado para o outro e não pensou duas vezes: tomou distância e deu um mosh (quando se mergulha do palco para dentro do público) na galera, que o segurou inacreditada com o que estava acontecendo.
Pela segunda vez no Brasil, calado, porém sem ser discreto, Matis quase não falou nada, mas em compensação a agitação no palco, o contato e aproximação com o público não faltaram. Entre uma canção e outra, como antes de Youth, por exemplo, o cantor demonstrava habilidade no beat box - influência nova iorquina que fez muito bem a ele.
Com uma energia e qualidade diferentes das gravações, a banda formada pelo baterista Jonah David, o guitarrista Aaron Dugan e o baixista Josh Werner, mostrou competência e peso ao fazer bons arranjos, variando entre reggae, rap e hardcore. Em momentos mais calmos, também entre as canções, e influenciados pelo trip hop e mantras árabes, Matisyahu deu razão ao valor espiritual de suas músicas, entoando o que parecia ser uma meditação em pleno palco, contagiando a todos com uma vibração sem dimensões.
Outro ponto interessante foi a Via Funchal não oferecer o tão segregador espaço entre o palco e a pista, chamado "área VIP" ou "Premium", como algumas casas e festivais possuem. Isso torna a aproximação do artista com o público muito maior e proveitosa para quem está na pista. E novamente Matisyahu surpreende. Depois de subir nas caixas de som, pular na galera e pegar uma camiseta do São Paulo Futebol Clube, em One Day, ele puxou um fã da plateia, depois outro e outro. Arrepia até agora só de lembrar as mais de 50 pessoas no palco junto com a banda pulando e dançando em êxtase.
O incômodo do evento foi a repressão dos seguranças, que andavam entre as pessoas para flagrar fumantes. Também proibiram que subissem no ombro de um amigo para ver melhor e impediram que mais pessoas subissem ao palco. Mas satisfação não faltou nas duas horas de show, com direito a isqueiros acesos e mãos erguidas aos céus, fazendo uma iluminação natural única, algo que há tempos não via num show.
Voltando para o bis depois da inesquecível One Day, Matisyahu cantou Kodesh e coroou a noite, encerrando com King Without a Crown.
Confira o setlist do show:
Illegal dub
Time of your song
Exaltation
Smash Lies
Youth
We Will Walk
Jerusalem
Motivate
Temple
Chop'Em Down
One Day
Time of your song
Exaltation
Smash Lies
Youth
We Will Walk
Jerusalem
Motivate
Temple
Chop'Em Down
One Day

O que faz: Escrevo, leio e viajo.
Pecado Gastronômico: Pizza.
Melhor lugar do mundo: Casa da minha avó Fergie.
O que está ouvindo no rádio, mp3, carro: Troco direto, então vou dizer o que tem nesse exato momento: Tim Maia, Cassiano, Hot Chip, Nirvana, Deftones, Korn, Nine Inch Nails, Maquinado, Marechal, Quinto Andar, Cypress Hill e Placebo.
Fale com ele: yurikiddo @gmail.com
Atualizado em 6 Set 2011.