Guia da Semana

Por Humberto Baraldi


Fotos de divulgação

Nome: Marcelo Maldonado Gomes Peixoto. Idade: 39 anos. Profissão: músico. Ao bater os olhos nestes dados, vem à cabeça uma pessoa comum, um artista que possivelmente interpreta sucessos da MPB ou então batalha por reconhecimento tocando instrumentos musicais em uma banda "X". Mas, quando se descobre que o Peixoto acima é o polêmico Marcelo D2, as suposições vão por água abaixo. Maconheiro assumido, defensor da legalização de todas as drogas e um dos maiores artistas do hip hop nacional, D2 divulga o quarto trabalho solo, Meu Samba É Assim, investindo na fórmula samba, rap e balanço. Com um currículo que inclui furtos de toca-fitas e roupas na adolescência, além de uma passagem pela prisão em Brasília (1997), o artista carioca solta o verbo e fala sobre: carreira, filhos, mulheres, Lula, briga com Caetano Veloso e maconha.



Criado no Morro do Andaraí, periferia do Rio de Janeiro, Marcelo lançou recentemente o seu novo produto: o CD Meu Samba É Assim. Com 15 faixas inéditas, o álbum conta com participações especiais de grandes nomes do samba, como Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz e Alcione. "A única que ainda não tinha muito contato era a Marrom, mas hoje ela é minha amigona. E os outros? Putz, são camaradas do peito", conta D2. Além do ritmo brasileiro, o rap também é forte no material. Sem dúvida, um dos mais polêmicos é o engajado Carta ao Presidente, faixa dirigida a Luiz Inácio da Silva e cheia de contestações sociais. "É um absurdo toda essa robalheira. Quis representar o sentimento do povo nessa letra". Apesar de parecer um discurso político, o artista não pretende seguir uma carreira em Brasília. "Acho que morreria do coração", diz.



Depois de momentos "reflexivos" sobre política, o morador do nobre bairro carioca Cosme Velho vem com um assunto que o interessa demais: a maconha. Usuário desde os 13 anos, D2 não se intimida em escancarar que chega a fumar de dois a três baseados por dia. "Durante os shows, chego a consumir de seis a sete" (risos), revela. Além dos béques, ele conta que já experimentou de tudo. "LSD, cocaína, heroína, brizola, ópio... Só não usei crack". Mesmo levantando a bandeira pró-maconha, D2 não acredita que incentiva seus fãs a consumirem. "Cada um faz seu juízo. A minha função é passar música, diversão, e não as minhas ideologias".

O músico que já foi office-boy, porteiro de prédio, faxineiro, pintor, pedreiro e entregador de pizza, afirma que mesmo sendo usuário nunca entrou para o tráfico. "Desde guri sempre tive medo de armas. Nunca me envolvi com essas paradas". Apesar do temor, quando mais jovem D2 chegou a furtar alguns toca-fitas e roupas em supermercados. Em 1997, foi preso por apologia às drogas e formação de quadrilha. O processo rola até hoje.



Outra polêmica que envolve o rapper é o desentendimento com Caetano Veloso. A confusão começou quando D2 deixou de ir à gravação do filme Orfeu, no qual iria fazer uma participação na trilha sonora junto com o baiano. Para agravar ainda mais a situação, Marcelo declarou à Folha de S. Paulo que não gostava do som de Veloso. Tempos depois, em um Video Music Brasil, o próprio Caetano veio tirar satisfação. "Começou uma conversa legal. Ele falou: ´Pô, Marcelo, você não devia ter falado assim de mim no jornal. Por que não fala cara a cara?´. Aí eu disse: ´Mas nunca te encontrei´. Ele respondeu: ´O show de vocês foi legal, foi a melhor coisa que aconteceu aqui´. A gente só estava conversando. De repente, chegou a mulher dele (Paula Lavigne) dando uns gritos: ´Dá um tapa na cara dele!´. Eu pensei: ´Que porra é essa?´. Depois a gente é que é favelado, maconheiro e mal-educado! Fui embora", detalha D2 em entrevista à revista Playboy.



Apesar da fama de brigão, Marcelo D2 se considera um pai carinhoso. Casado há oito anos com Camila Aguiar, o artista confessa estar sempre do lado dos quatro filhos (Stephan, Lourdes, Luca e Maria Joana). "Eles são tudo pra mim", declara o rapper que começou meio por acaso no mundo musical.

Skatista de carteirinha, sempre gostou de escrever versos, até que, em 1991, encontrou Skunk. Os dois montaram uma banda de rap e fizeram shows em alguns bares. De lá para cá, nunca mais parou. Foi vocalista da banda Planet Hemp e atualmente faz carreira solo. "Ao longo dessa estrada fui muitas vezes inconseqüente. No início, quando comecei a ficar famoso, saia com várias mulheres depois dos shows. Elas se diziam fãs do nosso som. Era uma loucura! Mas, não faço mais isso hoje. Tô casado e sossegado", conta.

Dedicado na divulgação do novo álbum, D2 garante viajar pelo Brasil para mostrar o trabalho. "Junho do ano que vem, começo uma turnê pela Europa", completa. Marcelo pensa ainda em morar um tempo fora: "Acho que vou para Califórnia (EUA). Estou vendo ainda quando irei". Enquanto isso não acontece, vale aproveitar para curtir o som do cara. Polêmicas a parte, é claro!

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Biografia
Conheça mais sobre Marcelo e descubra de onde vem o D2 que integra o seu nome.

Atualizado em 6 Set 2011.