Guia da Semana

Foto: Tv Globo/ João Miguel Júnior

O grupo reunido ao redor de Ivete Sangalo

Dos shows regionais até as paradas de sucesso. Após 13 anos de carreira, 20 CDs e três DVDs gravados, a banda de forró eletrônico Calcinha Preta chega ao auge de sua carreira com o sucesso Você não vale nada, tema da personagem de Dira Paes, em Caminhos da Índia, firmando parcerias com nomes como Falamansa, Ivete Sangalo, Leonardo e Zezé di Camargo e Luciano.

Com várias mudanças em sua formação ao longo do tempo, a banda conta atualmente com cinco vocalistas: Silvânia Aquino, Paulinha Abelha, Marlus Viana, Bell Oliver e Michelle Menezes. Batemos um papo com Paulinha, uma das mais antigas integrantes do grupo, que dividiu com o Guia da Semana os bastidores da estrada até a fama. Confira!

Guia da Semana: Como é emplacar uma música na novela das nove?
Paulinha Abelha: Muito gratificante. É um presente de Deus. Foi a primeira banda de forró a colocar uma trilha sonora no horário nobre. É o ponto alto da nossa carreira.

Guia da Semana: Como surgiu a letra da música Você não vale nada?
Paulinha: Essa música veio do Dorgival Dantas, que é o compositor da banda. A história é mais ou menos essa: um rapaz apaixonado que é muito maltratado pela mulher amada. É a história da Norminha (Dira Paes) mesmo. A música se encaixou perfeitamente com a personagem. O marido sabe de tudo, mas não consegue deixá-la.

Guia da Semana: De onde vem a inspiração para as músicas?
Paulinha: Do cotidiano. A gente faz muita letra que tem a ver com o dia-a-dia das pessoas, como Pensão Alimentícia, inspirada em pais caloteiros e Leite Ninho, uma resposta das mães para eles. Já Paulinha surgiu através de um fã. Quando casei, esse fã mandou uma carta e o empresário da banda me homenageou com a letra. A gente pega a música de acordo com o momento.

Guia da Semana: Como surgiu o nome da banda?
Paulinha: Através de uma pesquisa de nosso colecionador de calcinhas, o Gilton Andrade, empresário do grupo. Ele colecionava calcinhas de cor preta e achou o nome bem sugestivo. Quando a "macharada" ouve o nome Calcinha Preta, pensa logo que só tem mulher de calcinha preta. E realmente tem, inclusive gente joga até joga umas para o público durante o show.

Guia da Semana: E você usa calcinha preta?
Paulinha: Sim.

Foto: Divulgação

A vocalista Paulinha, cheia de sensualidade

Guia da Semana: O show de vocês tem um viés bastante sensual. Como isso é administrado em relação às mulheres e crianças?
Paulinha: É sensualidade, não vulgaridade. Isso sempre foi muito claro na nossa cabeça. Além disso, tem muito romantismo e também um pouco de Vanerão, que é o ritmo do momento. Graças a essas coisas temos fãs de todas as idades.

Guia da Semana: Vocês considera que o preço popular dos CDs e DVDs (em média R$ 10) ajudou no sucesso?
Paulinha: O sucesso não vem só do preço popular. Acho que vem mais da nossa interação com o povão, de todas as formas. Nós hoje temos fãs que já viraram amigos. Levamos multidões para os shows por sermos uma banda diferente. A gente conseguiu se diferenciar porque procuramos agradar a todas as idades e estilos. O ponto principal é esse.

Guia da Semana: Sofrem com a pirataria nesse modelo?
Paulinha: Não muito. Até porque, na maioria das vezes, não vendemos mais discos. Damos o CD promocional de graça, justamente para evitar coisas como essas. Claro que a pirataria afeta qualquer artista, mas não fomos muito afetados por isso. Graças a Deus.

Guia da Semana: Quais foram os momentos mais difíceis da banda?
Paulinha: Os três primeiros anos foram muito complicados. Um momento marcante foi quando fizemos um show em Salvador, em 2000, com apenas 50 pagantes. Três anos depois retornamos, no Parque de Exposições, com 100 mil pagantes para a gravação do nosso primeiro DVD.

Guia da Semana: Já sofreram algum preconceito da mídia por ser uma banda nordestina?
Paulinha: Já, há muitos anos. A gente ia aos programas e não era tão bem tratado como as outras bandas. O forró se expandiu no mundo inteiro. Hoje existem várias bandas indo para a Europa e Estados Unidos. Já tocamos nesses lugares e até no Suriname. A coisa mudou, mas cerca de sete anos atrás a gente ainda sofria muito preconceito. Essa música na trilha da novela das nove mudou muita coisa.

Atualizado em 6 Set 2011.