Guia da Semana

Foto: Brasilio Wille

O elenco do musical Baby reunido mostra o bom entrosamento do grupo

Fraldas, mamadeiras, canções de ninar, roupinhas de bebê são alguns itens presentes na vida de um casal que está esperando um filho. Mas, ao mesmo tempo, sentimentos como incerteza, ansiedade, medo e dúvida são mesclados, em doses individualizadas, com a alegria e a grande expectativa da chegada do neném.

É permeando este universo que o espetáculo Baby, O Musical promete emocionar o público no Brasil. A peça conta a história de três casais que estão 'grávidos', mas, cada um com suas peculiaridades. Um deles é composto por dois jovens universitários, Elisa (Sabrina Korgut) e Dani (Olavo Cavalheiro), que são surpreendidos pelo anúncio de uma gravidez inesperada.

O outro casal está na faixa etária dos 35 anos é composto por Pamela (Amanda Acosta) e Nico (André Dias). Eles querem muito ter um filho, mas não conseguem. Já a dupla mais madura, Arlene (Sylvia Massari) e Alan (Tadeu Aguiar), tem três filhas adolescentes e se deparam com reações diferentes após a notícia da chegada de um novo herdeiro: ele vibra com a notícia, enquanto ela pensa em até abortar.

Baby foi um dos grandes sucessos da Broadway, entre 1983 e 1984 e já teve versões produzidas em mais de 20 países diferentes. A peça conta a assinatura de Sybelle Pearson no roteiro, David Shire nas músicas e Richard Maltby Jr nas letras. A versão nacional foi encabeçada por Tadeu Aguiar, que atua na peça e divide a produção com Eduardo Bakr, com quem já fez parceria no musical Esta é a nossa canção, em 2009. A direção ficou a cargo do experiente Fred Hanson, responsável pelo sucesso dos musicais Miss Saigon e O Médico e o Monstro, apresentados em São Paulo.

Baby, O Musical estreia na sexta-feira, dia 13 de maio, no teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, onde fica até 28 de agosto. Para quem ficou curioso em saber mais sobre a peça, veja a entrevista exclusiva que o Guia da Semana fez com um dos casais: Tadeu Aguiar e Sylvia Massari. O ator e produtor e a veterana de musicais no Brasil - que já participou de grandes produções, como Estrela Dalva (1983), Evita (1984), Noviça Rebelde (1987/2000), Cauby!Cauby! (2006) e A Gaiola das Loucas (2010) - contaram tintim por tintim como foi a produção de Baby. Confira!

Guia da Semana: Como surgiu a ideia de fazer uma versão nacional do musical Baby?
Tadeu Aguiar: Depois de produzirmos Esta é a nossa canção, em 2009, eu e Eduardo Bakr ficamos com vontade de encabeçar um outro musical. Procuramos muito, ouvimos diversas trilhas na tentativa de encontrarmos canções que nos encantassem, até que Charles Randolph-Wright - nosso amigo e diretor de Esta é a nossa canção - sugeriu Baby. Ele mandou o texto, compramos o CD e nos apaixonamos. A partir daí, começou a corrida para comprar os direitos e começarmos a produção.

Guia da Semana: Como surgiu o convite para atuar em Baby, O Musical?
Sylvia Massari: Tadeu e eu somos amigos e parceiros desde 1981, quando atuamos na peça Aí Vem O Dilúvio. Posteriormente, fizemos um show chamado Finalmente juntos, produzido pelo Flávio Marinho e a Liliane Secco. Nossa amizade continuou e seguiu pela eternidade (risos). Quando ele comprou os direitos de Baby, telefonou-me de Nova Iorque apenas para comunicar que faríamos o musical juntos. Porque a gente é assim: não se convida, se comunica!

Foto: Brasilio Wille

Os amigos de longa data Tadeu Aguiar e Sylvia Massari dividem o palco mais uma vez

Guia da Semana: Por que Baby foi tão cativante assim?
Tadeu Aguiar: A peça fala de temas fundamentais: vida e amor. E era sobre isso que queríamos falar.

Guia da Semana: Você já é uma veterana dos musicais no Brasil. Em quais aspectos este espetáculo a conquistou?
Sylvia Massari: Com a magia de cada cena! Quando o ator canta, ele desnuda a alma, se entrega e os sentimentos ficam muito nítidos. Isso tudo somado à música cria uma atmosfera mágica, que é a que me refiro.

Guia da Semana: Mas o que distingue o musical Baby dos demais espetáculos em que atuou e cantou?
Sylvia Massari: Como tema, destaco o amor incondicional pelos filhos e pelo parceiro. Como qualidade, elejo a música, que é primorosa. Baby não é uma comédia, como a maioria dos espetáculos que faço, e não chega a ser um drama, como foram Evita ou A estrela Dalva. Ele apresenta momentos muito engraçados, como os que acontecem com o casal Pamela e Nico, e tem, ao mesmo tempo, uma dramaturgia que envolve decisões difíceis e até certo ponto pesadas, como as que acontecem entre o meu personagem, a Arlene e Alan.

Guia da Semana: Como foi a escolha do elenco? Já tinha algum ator ou atriz em mente para participar do espetáculo antes de fazer os testes?
Tadeu Aguiar: Nós acreditamos que teatro se faz com amigos. Fizemos muitos amigos em Esta é a nossa canção. E claro que eles estarão presentes sempre que houver possibilidade de papéis para eles. São amigos verdadeiros e torcem sempre para que tudo dê certo. Mas havia outros personagens que precisam ser preenchidos. Assim, Fred Hanson, nosso querido diretor, abriu os testes e conseguimos ter um elenco de primeira. Sylvia Massari, minha conterrânea e amiga há mais de 30 anos, encabeça o elenco. Minha primeira peça foi com ela e nos casávamos. Passados 30 anos, estamos juntos em uma outra peça, como um casal que comemora 30 anos de casados, não é incrível?

Crédito: Divulgação


Guia da Semana: A maioria das versões de musicais produzidas no Brasil costuma ser retratações traduzidas das histórias originais. A produção de Baby foi mais ousada e trouxe o espetáculo um pouco mais para o cotidiano dos brasileiros. Qual foi a intenção de vocês com isso?
Tadeu Aguiar: A gente não precisava fazer isso porque o musical fala do 'homem'. Mas, desta forma, tornou-se mais próxima do publico. A peça fala 'Brasileiro', pois os personagens moram no Brasil, possuem nomes nacionais e convivem com figuras dramáticas locais. Os personagens do espetáculo são universais. Até mesmo a música recebeu pitadas de Bossa Nova, pela diretora musical Liliane Secco.

Guia da Semana: As letras das músicas sofreram um pouco de alteração ou as traduções seguiram o significado da canção em inglês?
Tadeu Aguiar: O Flávio Marinho fez uma versão em português, mas mantendo as intenções do texto. As canções são uma continuidade da fala.

Guia da Semana: O cenário e o figurino dos personagens também vão ganhar uma releitura?
Tadeu Aguiar: Na versão original de Baby quase não havia cenários. Era uma época onde reinavam os grandes musicais na Broadway - como Les Misérables, O Fantasma da Ópera e Miss Saigon - e acho que os produtores queriam mostrar que se podia fazer musicais somente com lindas canções. E deu certo! Já aqui, nós caprichamos. São dezoito telões, sendo que sete deles são em trilhos, mais de cem figurinos, um som que só se vê no West End Londrino, enfim, botamos pra quebrar (risos).

Guia da Semana: No espetáculo, a dança corre no mesmo tom das músicas?
Sylvia Massari: Não. A dança não existe como prioridade em Baby, pois praticamente não há coreografias. Há raríssimas exceções, como na cena em que os meninos interpretam a canção Som do papai. Existe uma movimentação cênica muito bem feita.

Guia da Semana: Há a previsão de viajar pelo Brasil com o musical?
Tadeu Aguiar: A peça tornou-se uma superprodução e vamos precisar de patrocínio, pois, no total, são 50 pessoas na equipe. Queremos viajar sim. Primeiro, para São Paulo e, depois, se tudo der certo, iremos mambembar.


Atualizado em 1 Dez 2011.