Guia da Semana

Segundo semestre no Brasil é cada vez mais sinônimo de festivas e megaconcertos repletos de atrações internacionais. É também sinônimo de ingressos a preços estratosféricos e eventos desorganizados, abarrotados e fora de horário. Por isso, marco nesta coluna algumas apresentações que podem passar batidas por transitarem fora do mainstream, mas que são dignas de serem vistas e ouvidas, principalmente por se exibirem em locais que fazem jus a sua música.

SHOUT OUT LOUDS
Setembro - São Paulo e Recife

Com um vocal que emula a melhor fase de Robert Smith, do The Cure, o Shout Out Louds é mais uma banda sueca que deve aportar no Brasil em setembro. O quinteto mostra o pop vigoroso de seus dois álbuns: Howl Howl Goff Goff (2003) e Our III Wills (2007), trabalhos bem encorpados e com faixas sustentadas por belas linhas de teclado, violinos e percussão.

Por que ir: Canções como Tonight I Have To Leave It e Impossible são hits incendiários ainda não descobertos.

BILL CALAHAN
Setembro - São Paulo



Mais conhecido pela alcunha de Smog, o cantor Bill Calaham completa duas décadas de carreira em 2008, e estrela a segunda edição do projeto Folk-Se, no Studio SP, em São Paulo. Com um trabalho sóbrio, mas longe do insensível, Callaham preserva o melhor da nova escola folk, cujos expoentes partem de nomes como Elliott Smith e chegam a Conor Oberst e Kings Of Convenience.

Por que ir: a voz ébria e pungente de Calaham, que remete a Kurt Wagner, líder do coletivo Lambchop, acentua o lirismo de Butterflies Drowned In Wine e Rock Bottom Riser, algumas de suas belas canções.

GOGOL BORDELLO
Outubro - São Paulo e Rio de Janeiro (TIM Festival)

Toda a tradição folk anárquica inaugurada pelos irlandeses do The Pogues nos anos 80 resplandece nas performances catárticas do Gogol Bordello, uma das apresentações mais disputadas do último Coachella Festival. Formado por integrantes dos rincões mais distantes do planeta - a começar pelo vocalista, o ucraniano Eugene Hütz -, o grupo usa e abusa de instrumentos típicos em composições embebidas em música folclórica do leste europeu, tarantela e punk.

Por que ir: Hütz, que vive atualmente no Rio de Janeiro, lidera uma celebração insana no palco, catalisando suas canções a níveis extremos de euforia.

THE JESUS AND MARY CHAIN
Novembro - São Paulo (Planeta Terra)



Remanescente do pós-punk oitentista, o The Jesus & Mary Chain ainda tem bala na agulha. Não espere, entretanto, que o grupo convide Scarlett Johansson ao palco para uma palhinha em Just Like Honey, como fizeram durante o Coachella Festival em 2007. Ainda assim, a trupe de Jim Reid sabe como matar a saudade dos fãs da geração shoegazer com um invejável repertório noisy.

Por que ir: Ao lado de bandas como My Blood Valentine e Yo La Tengo, o The Jesus & Mary Chain ajuda a manter a chama do melhor dos anos 80 acesa.

SONNY ROLLINS
Outubro - São Paulo e Rio de Janeiro

O TIM Festival costuma exibir furos memoráveis a cada ano, principalmente nos grandes concertos em São Paulo, mas de uma coisa o público não pode reclamar: a escalação jazzística impecável que marca o evento desde sua primeira edição. Em 2008, é a vez de Sonny Rollins verter lágrimas dos fãs mais ortodoxos. Seu sax tenor marcou a história do jazz acompanhando colossos do porte de Miles Davis e Thelonious Monk.

Por que ir: Aos 78 anos, Rollins faz jus ao rótulo de lenda viva do jazz, produzindo trabalhos competentes e acumulando prêmios e homenagens.


Quem é o colunista: Bruno Lofreta
O que faz: jornalista e desenhista amador
Pecado gastronômico: empanada de marisco acompanhada por um belo pint de Guinness
Melhor lugar do Brasil: Embarque do Aeroporto Internacional de Guarulhos (Cumbica)
Fale com ele: [email protected]



Atualizado em 6 Set 2011.