Guia da Semana

Nesta semana acontece a terceira edição do Risadaria. O evento, que reúne grandes nomes do humor nacional, foi idealizado em 2010 por um time de curadores liderado pelo apresentador e humorista Paulo Bonfá.

A carreira artística de Bonfá começou em 1991, na rádio USP FM. Em 1995, fundou o programa Os Sobrinhos do Ataíde ao lado de Marco Bianchi e Felipe Xavier, na 89 FM. Não demorou a conquistar o público, e graças ao sucesso ele e Bianchi foram convidados para estrear na TV narrando as partidas do RockGol, na MTV. Os humoristas se destacaram e em 2003 ganharam um programa próprio na emissora. O RockGol de Domingo, que mais tarde passou a ser apresentado nas noites de segunda, foi ao ar durante sete anos e revolucionou o tradicional formato das mesas-redondas adicionando humor nos comentários.

Desde 2011 o apresentador segue como contratado do canal SporTV com o programa Diário do Bonfá. Hoje, se prepara para integrar o elenco do novo formato do Casseta & Planeta como narrador do humorístico.

Há alguns dias da estreia do evento, Bonfá reservou um tempo em sua agenda para conversar com o Guia da Semana sobre o Risadaria, sua carreira e as polêmicas do humor no Brasil. Veja como foi!


Guia da Semana: Como é feita a escolha das atrações do Risadaria?
Paulo Bonfá: Existe uma curadoria desde a primeira edição que define todos os conteúdos, as novidades, o homenageado, artistas internacionais e todo o material que será exposto, assim como todos os convites para os humoristas e comediantes que se apresentam ao vivo. Faço parte do conselho e junto comigo estão o Marcelo Tas, do CQC; o Marcelo Madureira, do Casseta & Planeta; o Caco Galhardo, desenhista da Folha de S. Paulo; o Diogo Portugal, ator de stand-up e também o Wellington Nogueira, palhaço e fundador dos Doutores da Alegria.

Quanto tempo demora para planejar tudo isso?
Em torno de seis meses. O evento é em março e nós estamos falando dele desde setembro de 2011. Se tudo der certo, no segundo semestre começamos a falar no evento de 2013.

Esse ano o homenageado do Risadaria é Renato Aragão. Qual a importância dele para a comédia?
O Renato Aragão influenciou gerações de brasileiros não só como ator, mas também como diretor e autor. Está em cartaz na principal emissora do país ininterruptamente há décadas e, até hoje, quatro das dez maiores bilheterias do cinema brasileiro são filmes dos Trapalhões. Temos ali uma trajetória riquíssima e uma influência muito grande, não só para os espectadores, mas também para todos os artistas que vieram depois dele.

Pela primeira vez o Risadaria vai contar com uma área para crianças. Qual a importância de levar os pequenos para o humor?
O Risadaria Kids é uma das novidades de 2012. Duas coisas colaboraram para viabilizar essa ideia. Uma delas é a importância que o humor tem como cultura, e um dos pilares do Risadaria é apresentar a atividade cômica no mesmo patamar que a música, a dança, as artes plásticas e o teatro dramatúrgico. A outra é o perfil de visita do evento, que contempla muito a família. Além de casais de namorados e grupos de amigos, pais trazem seus filhos e avós, seus netos. Assim surgiu a ideia da programação dos shows voltados para as crianças na parte da manhã, além de um espaço físico permanente.


"Eu sou terminantemente contra qualquer tipo de censura. Inclusive abomino a classificação indicativa que nós também, como um grande evento, somos obrigados a seguir"

Como foi a seleção dos finalistas do 2° Campeonato Brasileiro de Stand-up?
Em outubro abrimos as inscrições para o concurso. A procura foi 20% maior em relação ao ano passado. Em uma primeira etapa, selecionamos 325 inscritos do país inteiro. Depois, separamos os seis melhores de cada região. Então, promovemos etapas locais onde eles se apresentavam para os curadores, que avaliaram quem seriam os finalistas. Temos um representante de Salvador, de Brasília, de Curitiba, do Rio de Janeiro e de São Paulo. Além destes cinco selecionados, um sexto candidato foi escolhido através de uma votação online. São seis ótimos nomes, realmente engraçados e que não são muito conhecidos.

O Risadaria abre portas para esses novos humoristas?
Essa é uma função que a gente tem. Quando eu comecei a fazer comédia, há 20 anos, não existia um caminho. Você tinha que tentar conhecer alguém, apresentar seu material e dar sorte de alguma forma. Por isso resolvemos que no Risadaria íamos buscar e criar esses novos humoristas.

Ano passado, Rafinha Bastos causou muita polêmica com o comentário sobre Wanessa Camargo. Esse ano, a polêmica é com o Proibidão do Stand-Up. Para você, qual é o limite de uma piada? A comédia precisa de uma censura?
Não! Eu sou terminantemente contra qualquer tipo de censura. Inclusive abomino a classificação indicativa que nós também, como um grande evento, somos obrigados a seguir pela lei vigente hoje no país e no município. Mas quando você chega em situações limítrofes ou polêmicas, como o caso do Proibidão, basicamente o público que estava lá presente queria ver algo diferente. Ninguém caiu de para-quedas ali, então eu acho que o limite não é se tem graça ou se é ofensivo, mas basicamente que as pessoas sabem a que elas vão estar expostas.

E vocês pretendem levar o Risadiaria pra outras cidades?
É um sonho desde o início, que o Risadaria circule pelo Brasil, e que também alcance outras cidades. Mas a questão toda é recursos para viabilizá-lo. Nós só poderemos seguir para outras cidades se tivermos o apoio de outras empresas dispostas a encarar junto conosco esse desafio.

Saíram notícias que você vai participar do novo Casseta & Planeta. Pode adiantar algo sobre esse projeto?
Recebi esse convite para fazer a narração dos programas e aceitei. Eles estão retornando com uma nova temporada e tiveram algumas mudanças naquele que foi o formato tradicional durante alguns anos. Dentro dessas modificações eu entrei como o narrador que vai conduzindo as histórias. Então, de fato, estarei com eles a partir do dia 30. As pessoas não vão me ver no vídeo, mas vão ouvir a minha voz.

Por Carine Medeiros

Atualizado em 10 Abr 2012.