Guia da Semana

Foto: divulgação



No repertório, a releitura dos sambistas clássicos do século passado junto com canções autorais, descartando o preconceito para mostrar que não são só os afrodescendentes que têm lugar nas rodas de samba. Foi através da efervescente Lapa carioca que Daniel Montes (violão), Gabriel Azevedo (voz e percussão), João Cavalcanti (voz e percussão), João Fernando (bandolim e vocais) e Rafael Freire (cavaquinho e vocais) começaram a apresentar uma mistura ousada de samba e chor e hoje aparecem como uma das grandes revelações da nova geração, figurando, inclusive, na lista de candidatos do VMB 2009 e participando da Festa da Saideira do Boteco Bohemia, em 8 de dezembro, São Paulo.

Origem

Foi através de um informal reencontro com os amigos na universidade que a banda surgiu, há oito anos. Os ensaios logo começaram a acontecer na rua Casuarina (nome provisório que virou definitivo para o grupo), no bairro do Humaitá, Rio de Janeiro. Nessa época, a banda começou a se apresentar nas poucas casas voltadas para o samba que existiam na Lapa, uma região até então abandonada. "Ela é um caldeirão de cultura, mas permanece com estacionamentos deficientes, sem vias de chegada e saída. As coisas foram se desenrolando muito caoticamente, e talvez essa seja a grande virtude democrática e o grande defeito estrutural dela", aponta João Cavalcanti, um dos integrantes e filho do cantor Lenini.

Foto: divulgação/ Boteco Bohemia


Com o tempo, os artistas foram aderindo, empresários abriram mais casas e o público percebeu os atrativos do espaço. Logo, a Lapa se transformou em uma meca democrática para todas as tribos e gêneros musicais. Cavalcanti revela que a banda acompanhou o ressurgimento do bairro, que culminou em pelo menos 40 casas tocando música ao vivo, todos os dias da semana, sempre com muito público.

Como a proposta é resgatar o samba clássico, o Casuarina trabalha com diversas referências que fizeram sucesso décadas atrás, como Nelson Cavaquinho, Cartola, Zé Ketti, Noel Rosa. Suas criações acompanham esse nível, apresentando um cuidado especial com as letras, o que tornou um diferencial em relação a outros grupos. "Estamos fazendo uma ponte entre a grande tradição e o grande público que passava ao lado dela, principalmente fora do Rio. O nosso orgulho é de tentar ajudar a aproximar a geração de samba que vem depois da gente com a que veio antes, para preencher essa lacuna que ficou nos anos 90", enfatiza João.

Pé na estrada

Foto: divulgação/ Boteco Bohemia

Apresentação no segundo dia de shows da Festa da Saideira, Boteco Bohemia, 8 de novembro, São Paulo


Com um som tipicamente brasileiro, o grupo lançou em setembro o seu terceiro CD e o primeiro DVD - Casuarina: MTV Apresenta - um registro ao vivo que aconteceu na casa Fundição Progresso, Rio de Janeiro. Nesse mesmo espaço, a banda se apresentou durante três anos, em formato de roda de samba e com convidados de peso, como Monarco, Alcione, Arlindo Cruz, Beth Carvalho, Pedro Luis, entre outros. "No repertório, tentamos criar uma personalidade que diz respeito ao que a gente já ouviu: rock, funk, soul, músicas latino-americanas como um todo. Temos sido bem sucedido com isso, mas sempre respeitando a instrumentação e a tradição do samba", afirma João Cavalcanti.

Seguindo essa linha, o mais recente trabalho revira o baú de sambas de João Nogueira e Wilson Moreira, traz o roqueiro Frejat para interpretar a música Já Fui Uma Brasa, de Adoniran Barbosa, e rememora com o grupo Moinho a canção Rosa Morena, de João Gilberto, além de composições de Chico Buarque, Vinicius de Moraes, Paulinho da Viola. Seguindo a rota contrária da convencional, a banda que fez sucesso com os shows, conquistou o público e posteriormente o mercado fonográfico. Agora sai em turnê para apresentar seu trabalho pelo Brasil.

Atualizado em 6 Set 2011.