Guia da Semana

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Trabalho de alguns atores do grupo Doutores da Alegria
Tudo começou em 1986, quando o palhaço americano Michael Christensen fazia apresentações em um hospital de Nova Iorque e percebeu que nem todas as crianças puderam participar da brincadeira. Decidiu então "invadir" os quartos dos mais adoentados e transformar coisas tristes como exames e radiografias em imagens coloridas e risos. Esse método inusitado de tratar enfermos não só com remédio, mas também com carinho e brincadeiras, fez adeptos como o médico americano Patch Adams, que afirma que o melhor tratamento é a amizade. Por seu método revolucionário viu a sua vida virar filme Patch Adams - O Amor é contagioso, no qual o papel principal ficou a cargo de Robin Willians, em 1998.

No Brasil, os seguidores desse tipo de tratamento são os Doutores da Alegria. A ONG foi fundada na capital paulista em 1991, por Wellington Nogueira, ator e palhaço, que fez parte durante três anos da trupe do americano Christensen. Depois de 17 anos de sua existência, os números são os resultados de uma idéia bem sucedida no país: os palhaços já visitaram mais de 550 mil crianças e adolescentes hospitalizados, atingindo também cerca de 600 mil familiares e envolvendo mais de 13 mil profissionais de saúde.

Hoje, a organização está presente em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Belo Horizonte e conta com uma equipe de mais de 20 funcionários e colaboradores nas áreas de pesquisa, formação, gestão, administração e mobilização, e cerca de 60 artistas que atuam em 18 hospitais. Desses artistas, 11 participam também da gestão da ONG. Eles visitam os hospitais duas vezes por semana durante seis horas por dia.

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Para trabalhar no Doutores da Alegria é necessário ser ator com formação em palhaço. "Muita gente quer fazer parte da ONG, porém não conhecem o universo do picadeiro. Queremos manter a tradição do palhaço, afinal tudo começou com ele", explica a coordenadora artística Soraya Saide. Pensando nisso, o grupo inaugurou a Escola de Palhaço, tanto para atores formados como para quem só deseja conhecer e se aprofundar mais na atividade. "Existem poucos lugares que fazem esse tipo de formação. Além disso, o espaço é onde os atores ensaiam e recebem o treinamento específico para iniciar o trabalho com as crianças nos hospitais", completa Soraya.

Para os interessados existem dois tipos de curso: para os graduados ou estudando artes cênicas com três meses de duração, duas aulas por semana de oito horas por dia. E para os curiosos que querem conhecer a linguagem do palhaço com uma carga horária de 28 horas, divididas em dois meses e que acontecem a partir de 8 de outubro. "A procura por esses cursos é muito grande. Todos os tipos de público e faixa etária se interessam, temos alunos de 19 até mais de 60 anos", comenta a coordenadora.

Além de alegrar a vida de muitas crianças nos hospitais, Soraya conta que Os Doutores da Alegria têm uma preocupação extra com a cultura. "Em muito dos casos a gente é o primeiro contato e talvez o único das crianças com arte, por isso somos tão exigentes com o elenco e o treinamento. Todos os anos fazemos uma imersão de dez dias onde o grupo fica estudando, ensaiando e formando novos espetáculos para apresentar em cada hospital".

Fora das instituições de saúde os Doutores da alegria ainda estão em cartaz com o espetáculo Senhor Dodói em São Paulo, até 30 de novembro. Os interessados em fazer parte do grupo devem ficar atentos ao site da ONG, mas a espera pode ser longa. "A quantidade de pessoas que querem participar do elenco do Doutores da Alegria é enorme, por essa razão ainda não temos perspectiva de quando vão abrir novas vagas, mas tudo é possível", finaliza.

Serviço:
Galpão Dos Doutores da Alegria

Atualizado em 6 Set 2011.