Guia da Semana



Gostaria de começar dizendo o que não é um pensamento, e sim uma constatação: ir ao teatro hoje em dia e ver um conjunto de coisas boas está cada vez mais difícil. Ainda digo isso por ser muito otimista, pois muitos dizem que está mais fácil ganhar 56 milhões na mega.

No início de agosto estive no Sesc Consolação para assistir à estreia de Inveja dos Anjos, em São Paulo, com a Cia. Armazém, e pude presenciar, diria até contemplar, um coletivo de bons atores, vivenciando uma dramaturgia muito simples, porém poética-medida sobre uma encenação digna e competente, vestida de um cenário espetacular, uma iluminação maravilhosa, trilha e figurinos funcionais.

O espetáculo segue os trilhos. Um ritmo de não estreia pelo bom andamento e execução. Na gostosa dramaturgia, não temos como não se identificar com os conflitos ali presentes. Memórias que queremos destruir e não conseguimos ou não mais queremos; a situação limite entre Mãe e filha na inversão do que seria padrão social; a espera ou o partir; o retorno para novamente partir e o infinito.

Nada de espetacular, além do cenário, mas não me parece ter esta pretensão, por isso convence. Um não-lugar, ou chamaria de um lugar de encontro.

O passado presente, um futuro já passado (ressalto a excelente atuação de Patrícia Selonk), nesta construção de uma personagem símbolo do que poderia ser a felicidade, mas a vida preferiu outros rumos e não aquela antiga estação.

A Cia. Armazém retorna com Inveja dos Anjos as suas autorias ao texto, na bela parceria de Maurício Arruda Mendonça e Paulo de Moraes, como um espetáculo de grande nível no circuito nacional e sua grande autoria: uma das mais respeitadas Companhias de Teatro do Brasil.

Imperdível.

Quem é o colunista: Ed Moraes.

O que faz: Ator e produtor.

Pecado Gastronômico: Massa (qualquer uma estou dentro).

Melhor Lugar do Mundo: Caraíva.

Fale com ele: httpp ://ciadosinquietos.blogspot.com ou edproducao @gmail.com

Atualizado em 6 Set 2011.