Guia da Semana

Skank reescreve sua história com Estandarte


O "casamento" entre Samuel Rosa, Lelo Zaneti, Haroldo Júlio Ferreti de Souza e Henrique Portugal já dura 17 anos e rendeu dez álbuns lançados. Depois de tanto tempo no mercado, uma banda experiente sabe como fazer para manter uma trajetória de sucesso.

No último disco, Estandarte, o grupo de Samuel Rosa reafirmou a parceria que deu muito certo no passado com o produtor Dudu Marote, responsável pelo sucesso dos primeiros álbuns: Calango (1994) e Samba Poconé (1996), os dois discos de maior alcance da banda, ambos alcançaram a marca de mais de um milhão de cópias vendidas. Mas isso não significa que o Skank vá provar mais do mesmo, de acordo com o grupo, cada trabalho novo tem a sua história, sua cara e uma impulsão particular.

Mesclando um modo de trabalho já conhecido com novas fórmulas, o Skank apresenta Estandarte. O lançamento chega cheio de beats eletrônicos, metais, funk e influências black, incluindo a participação de Negra Li na faixa Ainda gosto dela e de Nando Reis em Pára Raio, não é de hoje que estilos diferentes convivem em harmonia nos álbuns da banda. Em entrevista, o baterista Haroldo falou ao Guia da Semana sobre essa mistura que aproxima a banda de suas origens pops e ao mesmo tempo sacia os fãs que esperam sempre por novidades. Confira!

Haroldo garante que os fãs que esperam o novo não ficarão na vontade! "


Como tem sido a turnê Estandarte e a receptividade do público?

Haroldo
: Estamos apenas no início da turnê. A estréia aconteceu em Belo Horizonte, dia 12 de outubro, e foi um sucesso. Casa lotada, repertório novo... Começamos com pé direito.

Iniciar a turnê em Belo Horizonte é melhor por mostrar a novidade num "porto seguro?"
Haroldo:
Não necessariamente. Nosso público aqui espera sempre algo que impressione. Fora a nossa ansiedade, que é muito maior por estarmos tocando em casa.

Como uma banda que durante sua carreira transitou por estilos tão diferentes conseguiu manter uma trajetória de sucesso?
Haroldo
: Acredito que nossas guinadas foram entendidas pelo nosso público. Para nós, essas mudanças foram fundamentais para a nossa existência e o sucesso é uma conseqüência de tudo isso.

Como uma banda com tanto tempo de estrada faz para lidar com as oscilações. O que significa, nesse sentido, voltar às raízes?
Haroldo
: Em 17 anos de estrada, muita coisa mudou. Hoje em dia, só se fala em MP3. Quando lançamos o nosso primeiro CD, de forma independente, nós sequer tínhamos aparelhos para ler esse formato. Todos nós, banda, público, gravadora, imprensa, estamos sempre tendo que aprender a lidar com mudanças.

Vocês acham que o púbico do Skank muda, de acordo com as mudanças adotadas pela banda? Ou é um público que se mantém fiel diante dos novos caminhos da banda?
Haroldo
: Nosso público, sem dúvida, muda. Sinto-o hoje mais jovem, sedento por novidades, e creio que Skank é uma banda que proporciona isso ao seu público.

A queda de venda de CDs não se pode explicar pela baixa audiência da banda, mas sim, do mercado fonográfico, uma queda sentida por conseqüência das facilidades que as novas tecnologias oferecem. Os que vocês esperam com a volta do produtor Dudu Marote, vocês pretendem alcançar um público diferente? Vender mais CDs?
Haroldo
: Se o Dudu propuser uma solução tecnológica para que o CD volte a vender pode ser uma boa.

Vocês pretendem resgatar uma fórmula de sucesso ou simplesmente uma antiga parceria que dá certo para trilhar algo novo?
Haroldo
: Se da certo ou não, só o tempo dirá. Como falei, o Skank sempre está em busca de renovações.

Estandarte foi o primeiro CD em que as composições não chegaram prontas ao estúdio. Essa idéia de fazer praticamente uma Jam Session e ver as músicas surgirem dela é uma boa maneira de produzir? Flui melhor? A espontaneidade faz surgir coisas novas?
Haroldo
: Sem dúvida, essa experiência foi fantástica. Acho que esse espírito de uma banda tocando ao vivo foi preservado no Estandarte. Várias canções surgiram dessas jams.

Essa foi a estratégia, de um grupo já há tanto tempo junto, para resgatar um jeito leve, solto de produzir? Uma maneira de reviver os velhos companheiros de música "fazendo um som"?
Haroldo
:Não foi exatamente uma estratégia. O Skank é uma banda que sabe tocar junta e, sempre que estamos em estúdio, no palco em um show, ou mesmo em uma passagem de som, começamos a fazer barulho e sempre sai alguma idéia. Dessa vez, por sugestão de Renato Cipriano, que é nosso engenheiro de som, montamos um set no estúdio e saímos tocando.

O novo álbum traduz o momento da banda? De maturidade, o que significaria ousar, mas retomando a exploração de terrenos conhecidos?
Haroldo
: Não acho que seja um terreno conhecido. Posso garantir que cada álbum é um novo desafio. Não entramos em estúdio pra fazer um álbum no mesmo estilo de 12 anos atrás e quem conhece o Skank sabe que o Estandarte, apesar de pertencer a mesma banda de 96, guarda as suas diferenças.

Atualizado em 6 Set 2011.