O encontro de duas gerações chega aos palcos com a peça Nem Um Dia se Passa sem Notícias Suas. Dirigido por Gilberto Gawronski, o espetáculo marca o retorno de Edson Celulari, 53, ao tablado e, dessa vez, ao lado do seu sobrinho, Pedro Garcia Netto, 32, que viveu o personagem Nando, em Insensato Coração.
Escrito justamente para ser interpretado pelos dois atores, o texto resgata as lembranças familiares e um fato ocorrido há cerca de vinte anos, que fazem os personagens repensarem a família, suas mutações e esperanças.
Adepto de esportes e um grande fã do tio, Pedro decidiu seguir a mesma carreira que Edson ainda criança, quando moraram juntos por cerca de cinco anos. No teatro, o ator construiu sua carreira com espetáculos de sucesso como Trindade, com Herson Capri, Trainspotting, pelo qual recebeu duas indicações ao Prêmio Shell e Um Certo Van Gogh, ao lado de Bruno Gagliasso.
Em meio a uma semana lotada de ensaios e na expectativa da estreia para a peça, Pedro Garcia bateu um papo exclusivo com o Guia da Semana, onde revela como é a experiência de dividir o palco com o tio e o sucesso crescente de seu primeiro papel em uma novela das nove. Confira!
Guia da Semana: Como surgiu a ideia de Nem Um Dia se Passa sem Notícias Suas?
Pedro Garcia Netto: Surgiu por um convite da Daniela Pereira de Carvalho (autora do texto). Nos conhecemos em uma escola de teatro no Rio e já havíamos trabalhado juntos. Em um desses projetos, o Edson (Celulari), meu tio, foi nos assistir e rolou uma brincadeira de um possível texto. Ela disse que tinha uma ideia e depois de um ano nos apresentou algumas páginas de um texto.
Guia da Semana: Então o texto foi escrito para vocês dois atuarem juntos?
Pedro: Sim. Houve encontros, mas ela escreveu sozinha, não houve construção em grupo. A peça fala de essência, sangue, origens e como estamos em família no palco e com um texto que fala disso, tem tudo a ver. O fato de ter sido escrito por ela pra gente ajudou muito.
Guia da Semana: Houve uma preparação especial para viver o Juliano, na peça?
Pedro: Busquei muita referência no Enzo, filho do Edson, que é jovem. O Juliano na peça tem 19 anos e eu pesquisei sobre bandas da atualidade, a atitude da galera de hoje em dia, costumes, manias. Foi bem estimulante, porque se trata de um universo rico. O garoto de 19 anos hoje é bem diferente do que eu era, por exemplo.
Guia da Semana: O texto fala de família e você está ao lado do seu tio, Edson Celulari. Como tem sido a experiência de dividir os palcos com ele?
Pedro: Temos uma relação muito próxima e ele sempre me deixou a vontade. Moramos juntos durante cinco anos, quando eu era criança, e sempre o admirei. Ele foi minha referência e é como um pai para mim. Acabei escolhendo o mesmo caminho, o que é superdifícil. Ele nunca me colocou na parede e sempre que pedi, ele esteve disponível, mas esperando que eu fosse consultá-lo.
Guia da Semana: Você já sentiu que houve comparação entre sua imagem e a de seu tio?
Pedro: Acredito que não. Nem todas as pessoas sabiam e agora com a peça é quem isso vem à tona. Temos carreiras independentes. Acho isso muito positivo. Somos parceiros, ele me ajuda bastante e as discussões são muito positivas. Somos objetivos. Em 40 dias de ensaio, a peça estava montada. É uma troca muito boa que temos no palco. Ele tem um olhar de professor, diretor e aponta isso com atenção e carinho, só tenho ganhado com isso.
Guia da Semana: Em 2011 você viveu o Nando, em Insensato Coração. Como surgiu o convite para a novela e a que credita o sucesso do seu papel?
Pedro: O Gilberto Braga me viu no teatro e me convidou para fazer o Nando. Ele iria sair no meio da novela, mas rendeu mais que isso e ficou até o fim. Era um personagem em uma trama onde o mal tinha um charme diferente e eu fazia o primo do bonzinho, com o Eriberto Leão. Foi meu primeiro papel em uma novela das oito e muito especial. As novelas são exercícios difíceis. É preciso se dedicar.
Guia da Semana: Que papel você gostaria de viver no teatro e na TV?
Pedro: São muitos. Na TV, tenho muita vontade de trabalhar em alguma novela do Silvio de Abreu. Sempre fui fã do trabalho dele. No teatro, há alguns projetos em vista. É uma profissão que a gente não sabe como será o amanhã. Rolam convites, nosso próprio desejo de fazer algo. Tenho em vista umas cinco peças para os próximos anos. Isso me alimenta muito.
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Por Marcus Oliveira
Atualizado em 25 Abr 2012.