Guia da Semana

Sting, Copeland e Summers superaram as diferenças e caíram na estrada


Em junho de 1986, o The Police se reunia pela segunda vez após a separação, sacramentada dois anos antes. Durante o concerto beneficente em favor da Anistia Internacional, conhecido como Conspiracy Of Hope, Sting chamou ao palco Bono, líder do U2, para um dueto no hit Invisible Sun. Naquele momento, os irlandeses herdaram, ainda que simbolicamente, o status de maior banda do planeta. Até então, poucos artistas lotavam estádios tão facilmente quanto o The Police, raríssimos emplacavam tantos sucessos nas paradas quanto os britânicos.

Em apenas sete anos, de 1977 a 1984, o grupo se tornou um dos maiores nomes do rock mundial com uma sucessão de hits impressionante. As rádios do planeta foram inundadas por canções como Spirits In The Material World, Roxane, Message In A Bottle e Every Breath You Take. Bebendo da new wave que tomou de assalto a década de 80, o trio injetou uma boa dose de reggae e ska em suas músicas, dando contornos a um estilo peculiar, que se não se diferenciava esteticamente de seus pares, era dono se uma sonoridade pessoalíssima.

O trio britânico na virada dos anos 70
Quando Sting anunciou o retorno do Police aos palcos, no final do ano passado, muitos críticos torceram o nariz, bradando que os interesses financeiros de seus componentes falaram mais alto do que as picuinhas que os mantinham distantes, mas que a música permanecia a mesma. Sim, a música é a mesma, mas isso não é pouca coisa. A bateria de Stewart Copeland e a guitarra de Andy Summers influenciam ainda hoje dezenas de bandas, e Sting, com seu baixo incisivo, admite ter amadurecido sua técnica ao longo dos anos. Mais experiente, confiante e regozijado por botar o pé na estrada novamente, o trio tem dado uma lição de rock aos mais novos, basta conferir quem tem aberto os concertos do grupo: Beck, Fratellis e Maroon 5 são alguns dos nomes que esquentam o público antes da atração principal - no Brasil, a função fica a cargo dos Paralamas do Sucesso.

Sting, Copeland e Summers só voltariam a se encontrar em 2003, quando a banda foi selecionada para o Rock & Roll Hall Of Fame. Até então, cada um seguia por caminhos paralelos, negando veementemente a possibilidade de uma nova reunião. A ruptura que deu fim à trajetória do trio londrino parecia definitiva, afinal a relação entre os membros era um verdadeiro arranca rabo. A implicância de Sting com os companheiros era tamanha, que por vezes chegavam às vias de fato. Um ligeiro passar de olhos pelas declarações e alfinetadas proferidas pelos integrantes do grupo dá a dimensão de relevância que a nova turnê do The Police tem atingido.

Para consolidar o retorno, que se estende até março de 2008, o baterista Copeland e o guitarrista Summers aceitaram conviver com a personalidade ranzinza de Sting - conhecido pelos arroubos tântricos e pela queda por ONGs que lutam pela preservação ambiental - e colocar a velha máquina de hits para funcionar. A resposta não tardou, e logo uma multidão de todas as gerações estava encarando horas de fila para comprar as entradas dos shows. Uma prova de que os anos não arrefeceram a devoção dos fãs a uma das bandas mais completas da história do rock.

Atualizado em 6 Set 2011.