Guia da Semana

Para quem ainda não conhece, "Mary Shelley" é um filme recém-adicionado na Netflix que tem agradado os fãs de histórias baseadas em fatos reais e amantes de tramas que envolvem romance e suspense. O drama, estrelado por Elle Fanning, Douglas Booth, Bel Powley e Stephen Dillane, se passa no século XIX e gira em torno da trágica vida, do primeiro amor e da inspiração que levou a escritora Mary Shelley a escrever sua primeira obra, ainda sem saber que se tornaria um dos maiores nomes da literatura fantástica.

O Guia da Semana lista abaixo os motivos pelos quais você deveria assistir ao filme. Confira:

TRAMA E MONTAGEM

Foto: Divulgação

O filme é baseado em fatos reais e percorre a vida de horrores e delicadezas de Mary Godwin - posteriormente conhecida como Mary Shelley. Da adolescência até tornar-se adulta, a trama conta sobre seus conflitos familiares, o primeiro amor com o poeta Percy Bysshe Shelley, as dificuldades que enfrentou nos relacionamentos e tudo o que passou sendo mulher no século XIX, junto das inspirações que teve para escrever o genial, clássico e atemporal livro "Frankenstein".

Para criar uma narrativa coesa e atrativa não foi preciso esmiuçar os acontecimentos, explicando detalhes em cena - aspecto que tornou o filme sensorial, atrativo e muito fácil de assistir. Assim, muito não precisa ser dito para que seja compreendido e, com uma sutileza incrível, a transformação dos personagens acontece de forma orgânica, sem a virada bruta que muitas vezes é comum no cinema.

FEMINISMO E REPRESENTATIVIDADE

A fantástica história de Mary Godwin, um dos nomes mais importantes da literatura, é contada por duas mulheres: a diretora Haifaa Al Mansour e a roteirista Emma Jensen. Dessa forma, a representatividade do feminino, tão presente no filme, também acontece atrás das câmeras. Como resultado, o longa entrega uma narrativa ímpar, que é sutil e bruta ao mesmo tempo.

Elle Fanning encaixa-se perfeitamente no papel da escritora e, com maestria, nos passa a raiva e também a doçura de Godwin que, não por acaso, foi uma das pouquíssimas escritoras femininas de sucesso de sua época.

Filha do filósofo William Godwin e da feminista Mary Wollstonecraft, Shelley tinha pensamentos considerados inapropriados para uma jovem do século XIX e pagou um preço caro por isso; como não poder assinar como autora de seu próprio livro. Assim, a primeira edição foi publicada de forma anônima e recebeu muitos elogios da crítica, principalmente ao que se refere ao embasamento filosófico. Porém, quando sua identidade como autora da obra foi revelada, contraditoriamente, passou a receber duras críticas. O motivo? Era inimaginável para a sociedade da época uma mulher ter escrito um romance de terror que criticava os avanços da ciência.

MARY WOLLSTONECRAFT E MARY SHELLEY

Foto: Divulgação


Se Mary Shelley foi considerada uma feminista importante para a história, isso também se deve ao fato de ser filha de Mary Wollstonecraft, uma das primeiras mulheres a levantar a bandeira feminista e autora do belíssimo livro "Reivindication of the Rights of Women".

Ainda que a escritora não tenha conhecido sua mãe, suas ideias, militância, pensamentos, teorias e posicionamentos lhe foram ensinados, junto aos pensamentos do pai filósofo. Assim, Shelley teve uma educação bastante rara para as mulheres naquela época e, como resultado, tornou-se uma mulher crítica, com opiniões fortes e um exemplo de como é possível ter sempre outro olhar sobre o mundo.


FRANKENSTEIN

Para quem não conhece a fundo, "Frankenstein" foi escrito há pouco mais de 200 anos e narra à história de Victor Frankenstein, um jovem estudante das ciências naturais que, ao deparar-se com os avanços da ciência e medicina, acredita ser capaz de criar uma vida.

A história nasceu durante uma brincadeira na casa de Lord Byron, onde junto de Percy Shelley começam a discutir sobre fantasmas e filosofia. Eles, então, decidem escrever uma história cada um e, depois, decidir qual é a melhor. Com o passar do tempo, Byron e Percy desistem e não terminam seus escritos, mas Mary continua e dá vida ao seu primeiro livro, aos 21 anos.

Atualizado em 13 Mar 2019.