Guia da Semana

Estreia em janeiro um filme que tinha tudo para dar certo: um elenco estelar, o cenário da moda, um diretor indicado ao Oscar e um roteirista que trabalhou no último filme da Marvel. Por que, então, “Passageiros” está decepcionando tanta gente?

O novo longa de Morten Tyldum (“O Jogo da Imitação”), escrito por Jon Spaihts (“Doutor Estranho”), conta a história de um casal (Jennifer Lawrence e Chris Pratt) que é acordado acidentalmente durante uma viagem interestelar e se vê impossibilitado de voltar à hibernação, 90 anos antes de a nave chegar ao destino.

Elegemos três pontos fortes e três pontos fracos do filme, que chega aos cinemas no dia 5 de janeiro, para você tirar suas próprias conclusões e descobrir se esta estreia é para você. Confira:

Três pontos positivos:

1. Curiosidades de um cruzeiro espacial

No início do filme, o público tem algum tempo para se divertir com os detalhes desse “cruzeiro espacial”, onde mais de 5.000 pessoas viajam em hibernação rumo a um planeta-colônia. Além de se dirigir sozinha e ser programada para corrigir erros automaticamente, a nave é projetada para funcionar como uma colônia de férias durante quatro meses, entre o despertar dos passageiros e a chegada ao destino.

2. Dilemas éticos e pessoais que vão fazer você refletir

Se você soubesse que os próximos 90 anos de sua vida seriam passados dentro de uma máquina, você aceitaria a solidão ou tentaria arrastar alguém para o mesmo destino que você? No filme, ambos os protagonistas têm a chance de despertar outros passageiros (ou tripulantes), mas a decisão se mostra bastante difícil.

Há ainda um segundo dilema vivido pelos personagens antes mesmo da viagem começar: passar 120 anos em hibernação implica em abandonar sua família e amigos para sempre e retornar em outro planeta ou outro século, recomeçando sua vida do zero. Por que esses personagens fazem essa escolha?

3. Michael Sheen

Apesar de Pratt e Lawrence serem os protagonistas, quem rouba a cena é o garçom-androide interpretado por Michael Sheen (“Frost/Nixon”, “Anjos da Noite”). Programado para servir os passageiros enquanto ouve suas confissões no bar, ele distribui conselhos para seus dois únicos clientes como um horóscopo desregulado – ora acertando em cheio, ora passando bem longe da realidade.

Três pontos negativos:

1. Estrelas sem brilho

Chris Pratt e Jennifer Lawrence podem ser excelentes em outros papéis, mas nenhum dos dois está particularmente bem neste filme. Pratt parece travado, desconfortável dentro de um personagem que exige muito mais tensão e sensibilidade do que os personagens cômicos e viris com os quais está acostumado. Já Lawrence parece ter entrado no modo “automático”, alternando uma sensualidade genérica com momentos de histeria que o público já viu (muito melhor trabalhados) na franquia “Jogos Vorazes”.

O problema pode ter sido a falta de química entre os dois, o mal desenvolvimento dos personagens no roteiro ou a direção sem pulso firme, confiando demais no carisma da dupla. Seja qual for o motivo, algo saiu errado.

2. Contrastes apenas no papel

Como consequência do mal desenvolvimento dos personagens e da fraca atuação da dupla, um dos temas centrais do filme acabou se apagando. Em certo momento, a personagem de Lawrence diz que “essas duas pessoas jamais teriam se envolvido em situações normais”, acentuando as diferenças sociais já que ele é um mecânico cuja passagem é o equivalente à classe econômica; enquanto ela é uma escritora com direito a todos os luxos da viagem. Em cena, contudo, os dois parecem pertencer ao mesmo mundo e não têm dificuldade nenhuma para se relacionar.

3. Romance demais, ficção científica de menos

Para quem pretende ir ao cinema esperando uma ficção científica , fica aqui um aviso: “Passageiros” poderia se passar numa ilha deserta ou dentro de um apartamento, que não faria diferença. O foco não é a máquina, o espaço ou o futuro, mas sim o romance de circunstância entre dois personagens obrigados a viverem juntos por toda a sua vida (ou até que um milagre aconteça). Isso não seria um problema, em si, se o filme não tentasse forçar suas lições de vida de forma tão superficial – que é o que acaba acontecendo.

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Por Juliana Varella

Atualizado em 20 Dez 2016.