Guia da Semana

Tem circulado pela internet uma campanha nem um pouco discreta pela vitória de Leonardo DiCaprio no Oscar deste ano (que acontece no próximo domingo, dia 2). Foi divulgada, inclusive, uma foto da placa dourada com o nome do ator, como aquela que fica pregada na base da estatueta – é claro que todos os indicados têm essa placa, mas a foto foi suficiente para causar furor.

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Por que tanta torcida pelo jovem Jack, que deu sua vida por Rose lá nos idos de 1997, só para ver a colega de elenco ser indicada ao prêmio enquanto ele assistia na plateia?

Hoje, 17 anos depois e prestes a completar 40, DiCaprio já soma quatro indicações, mas ainda não viu a cor da estatueta. Deu azar: concorreu com Tommy Lee Jones em 94, Jammie Foxx em 2005 e Forest Whitaker em 2007, todos em grandes momentos de suas carreiras. (Para quem não se lembra, Leonardo interpretou um deficiente mental em "Gilbert Grape: Aprendiz de Sonhador".

Leonardo DiCaprio em Gilbert Grape

O problema, portanto, não está nos papéis pelos quais ele foi indicado, mas sim nos que ele não foi: este é o ator que saltou de galã adolescente em Titanic para um verdadeiro artista em “Gangues de Nova York”, “Prenda-me se for Capaz”, “Os Infiltrados”, “A Origem” e, finalmente, “Django Livre”.

Há, sim, uma injustiça óbvia nessa estranha seleção de indicados – mas estamos falando do Oscar, e justiça talvez não seja seu nome do meio. Quem vota são profissionais do cinema, como ele, e entram em jogo relações pessoais e campanhas pesadas nos bastidores. Na corrida de 2014, não seria surpresa se o protagonista de “O Lobo de Wall Street” saísse novamente de mãos abanando.

Preconceito contra o passado de “rostinho bonito”? Se esse for o caso, então outro favorito do ano, Matthew McConaughey, também está fora da briga: ele abandonou o posto de “peitoral mais bem delineado de Hollywood” para assumir papéis desafiadores nos últimos anos, como o de um portador de HIV.

Matthew McConaughey em Clube de Compras Dallas

Sobram apenas Christian Bale, com sua excelente atuação em “Trapaça”, Chiwetel Ejiofor, que foi bem, mas não surpreendeu em “12 Anos de Escravidão”, e o veterano Bruce Dern, que vem sendo colocado no final da lista por “Nebraska”.

Se DiCaprio e McConaughey forem de fato considerados, o segundo tem a vantagem de ter emagrecido 20 kg para o papel (mais ou menos o que Bale ganhou para o seu), coisa que impressiona qualquer juiz. A atuação de Leonardo, porém, foi capaz de segurar um filme de três horas muito bem equilibrado com sarcasmo, humor e improviso – tudo por conta, quase exclusivamente, do ator, parceiro fiel de Martin Scorsese desde 2002.

Leonardo DiCaprio em O Lobo de Wall Street

Uma derrota do galã no Oscar de 2014 não seria exatamente injusta, afinal, mais uma vez, a competição está acirrada. O fato é que, se isso acontecer, ficará no ar aquela imperdoável sensação de que um ator como ele já deveria ter ganhado seu lugar no palco, há muito tempo. Vejam bem, Jennifer Lawrence não levou mais do que meia dúzia de filmes para ganhar o seu.

Por Juliana Varella

Atualizado em 1 Mar 2014.