Guia da Semana

Mais uma vez eles levam aos cinemas um tema humanista, falando sobre bondade e generosidade; mais uma saem de Cannes com um troféu (o Grande Prêmio do Júri); e mais uma vez mostram que são capazes de comover o espectador com uma história simples e verdadeira. Assim é O Garoto da Bicicleta, a nova película dos irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne - que já conquistaram a Palma de Ouro pelos filmes Rosetta (1999) e A Criança (2005), e não lançavam uma nova produção desde O Silêncio de Lorna (2008).

Cineastas aclamados em festivais e no meio cinematográfico, a dupla se destaca por manter a temática das relações humanas e o estilo de filmagem, sempre com êxito e sem se tornar repetitiva. Foi assim que O Garoto da Bicicleta despontou no último Festival Internacional de Cinema de São Paulo como um dos longas mais procurados pelo público.

Se destacando como protagonista, o estreante Thomas Doret interpreta Cyril, um menino que foi sufocado pela dor do abandono e da rejeição. Uma criança sem sorrisos, agressiva e que age por instinto, como um animal. Com a promessa de que seria por apenas um mês, ele foi deixado pelo pai num internato, de onde está sempre tentando fugir para encontrar o homem que o abandonou e a bicicleta que ficou em seu antigo apartamento.

Suas esperanças se renovam quando, em uma das fugas, esbarra com a cabeleireira Samantha (interpretada pela belga Cécile de France, de Além da Vida). Ela devolve a bicicleta e a liberdade ao garoto, sendo sua guardiã nos fins de semana. Uma pessoa altruísta e capaz de dar todo amor a Cyril, Samantha é a responsável pelos poucos sorrisos dispensados pelo garoto ao longo dos 80 minutos de filme.

Além da boa atuação do elenco principal, os Dardenne tiveram o cuidado de contar a história de forma que não houvesse nenhum pré-julgamento dos personagens; seja do garoto que se fechou para o amor, do pai que abandonou o filho ou da estranha que acolhe uma criança desconhecida e se mantém calma diante de agressões, sem desistir de tentar.

Assim, mesmo depois da aflição que sentimos durante o filme, é possível sair do cinema com o coração tranquilo, acreditando que o mundo é bom e que existem gestos de amor capazes de mudar o rumo de histórias que poderiam não ter um final feliz.

Por Mariana Viola

Atualizado em 10 Abr 2012.