Guia da Semana

O humorista Chico Anysio morreu nesta sexta feira, 23, aos 80 anos de idade, após 112 dias internado no hospital. Recentemente foi submetido a uma sessão de hemodiálise, estava sob dose alta de medicamentos e respirava com ajuda de aparelhos. O ator deixa deixa oito filhos entre eles o ator Bruno Mazzeo e Nizo Neto.

• Confira entrevista com Marcelo Bonfá, organizador do Risadaria
• Relembre grandes músicas de Jorge Ben Jor
• Veja quais são as estreias do teatro da semana

Criou mais de 200 personagens em seus 65 anos de carreira. Fez mais de 10 mil shows de humor, além de ter gravado discos e lançado livros. Chico também era escritor, poeta, compositor, ator, radialista, diretor, comentarista esportivo e artista plástico, mas ganhou o coração do público brasileiro com seu humor.

Do rádio para a televisão

Antes de ser humorista, foi nadador, jogador de futebol, comentarista de esportes e ator de rádio novelas na Rádio Guanabara, no Rio de Janeiro. Mas foi no humor que ele encontrou seu talento único para criar as mais diversas e engraçadas figuras. Afinal, são nada menos que 209 memoráveis personagens na TV e no cinema.

De uma forma ou de outra, a trajetória do cearense, nascido em Maranguape, confunde-se com a da televisão brasileira. Durante a década de 50, escreveu e atuou nas chanchadas e foi roteirista da extinta Atlântida Cinematográfica. No final dos anos 60, foi contratado pela Rede Globo, onde construiu sua carreira e interpretou cerca de 70 papéis cômicos nos programas Chico City, Chico Anysio Show, Escolinha do Professor Raimundo, Estados Anysios de Chico City, Chico Total, Zorra Total, além de participações especiais em Os Trapalhões.

Camaleão da risada



Com um currículo imenso de personagens, fica difícil selecionar qualquer lista com "os melhores", "os mais conhecidos" ou ainda "os mais engraçados". Talvez o Professor Raimundo seja um dos mais lembrado, até mesmo pelo longo tempo em que foi exibido: 38 anos. A Escolinha do Professor Raimundo nasceu, na verdade, no rádio, em 1952. Com o tremendo sucesso, não demorou para ganhar versão para a televisão, já na primeira década de sua chegada no Brasil, em 1957. O último episódio foi exibido em 2001, entrando para a lista de programas que fizeram história na telinha.

Caracterizado como o pai-de-santo baiano, Painho, o humorista também ganhou o coração de milhões de brasileiros com o breve diálogo entre ele uma bela moça negra: "Cunhã?" "Que que foi painho?". Com uma redinha preto no cabelo, incorporou o pretensioso símbolo sexual Alberto Roberto, um entrevistador de talk show que ficou famoso por sempre retrucar os convidados com um inconfundível "por que?".

O típico malandro carioca, ex-jogador de futebol e ex-sambista, dava vida a Azambuja. Depois de participar de um quadro do Fantástico durante um ano, o personagem ganhou uma série própria, a Azambuja e Cia. Já Justo Veríssimo, um político corrupto que tinha como bordões as frases "Tenho horror a pobre" e "Quero que pobre se exploda", representa um dos muitos papéis que elucidaram uma crítica à sociedade.

Mas seu trabalho não se restringe aos programas humorísticos da TV, participou de Sítio do Picapau Amarelo, minisséries como Engraçadinha e A Diarista, e novelas como Terra Nostra, Sinhá Moça, Pé na Jaca e Caminho das Índias. E na trajetória de Chico, até o cinema ganhou seu ar da graça ao integrando o elenco do clássico Tieta do Agreste e fazer uma ponta n comédia Se Eu Fosse Você 2.

Por Marjorie Ribeiro

Atualizado em 10 Abr 2012.