Guia da Semana

Há tempos não se viam tantas estreias interessantes para o público infantil nos cinemas. Neste mês, animações de diferentes estilos dividem espaço com aventuras fantásticas, como “O Inventor de Jogos” – longa argentino com co-produção canadense e italiana que estreia no dia 9.

O filme é inspirado no livro de mesmo nome de Pablo de Santis e conta a mirabolante história de Ivan Drago (David Mazouz), um garoto de dez anos apaixonado por jogos de tabuleiro. Enquanto seu pai tenta convencê-lo a gostar de esportes e de brinquedos ao ar livre, Ivan ganha uma revista em quadrinhos antiga, na qual encontra o anúncio de um concurso de invenção de jogos e descobre, aí, sua vocação.

Durante vários meses, Ivan desenvolve jogos inspirados em suas experiências de vida (como um programa de televisão ou uma volta de bicicleta) e acaba vencendo o concurso. Ao invés de ser premiado como esperava, porém, ele vê sua vida virar do avesso com o desaparecimento de seus pais e a descoberta de um avô (Edward Asner), que também é inventor e vive numa cidade de brinquedos chamada Zyl.

A aventura de Ivan é cheia de truques e surpresas, como se esperaria de um filme sobre jogos: ele encara um labirinto, inventa uma caça ao tesouro para fugir de uma escola e conhece uma menina especialista em invisibilidade (Megan Charpentier). O mais curioso, entretanto, não são as peripécias do protagonista, mas sim a forma como sua vida vai se revelando um grande jogo nas mãos de outro inventor – Morodian (Joseph Fiennes), rival de seu avô e autor do concurso vencido pelo garoto.

Ivan percebe essa situação aos poucos, quando vê os jogos que inventou sendo disputados por outros estudantes e quando conhece um ator cuja função é representá-lo. A ideia é fascinante e perturbadora, e o faz pensar que o desaparecimento de seus pais também tenha sido manipulado.

A trajetória do herói é empolgante e seus conflitos são explorados de forma sofisticada para um filme infantil, fazendo relações entre a brincadeira e a vida real e arriscando críticas à indústria do entretenimento. Por outro lado, algumas escolhas frágeis de roteiro (como o sequestro, fácil demais, da amiga invisível) e uma série de clichês empregados nas cenas finais ajudam a quebrar o encanto. No final das contas, um filme com uma história tão boa correrá o risco de ser esquecido, como tantos outros, por medo de ousar no final. Faltou, enfim, a peça-chave do quebra-cabeças.

Assista se você:

  • Está procurando um filme infantil inteligente
  • Gosta de filmes com jogos, truques e manipulações
  • Quer ver um filme de aventura produzido fora de Hollywood

Não assista se você:

  • Não quer ver um filme infantil
  • Quer fugir de clichês
  • Prefere ler o livro a ver o filme

Por Juliana Varella

Atualizado em 7 Out 2014.