Guia da Semana

Dandy Ace é um jogo de ação roguelite produzido pela Mad Mimic e publicado pela NEOWIZ. Feito no Brasil, o título conta a história de um mago que se vê preso dentro de um espelho que muda constantemente, dificultando sua fuga. Intrigante.

Então preste bastante atenção agora, leitor. Pois irei tirar uma análise antecipada de Dandy Ace da minha cartola! Magnífico!

O magnífico Dandy Ace

Sou um homem de vários talentos, leitor. Além da minha humildade acima da norma, eu também tenho a grande capacidade de observar. Inclusive, mais de uma coisa em simultâneo! Admirando? Uma tendência que observei com minha mente afiada é que o gênero de rogue-like/lite está em grande alta ultimamente. Representado recentemente pelo totalmente excelente Hades, o estilo de morrer e repetir ao infinito realmente chegou para ficar.

Entra em cena, então, o fabuloso Dandy Ace. A trama do jogo é simples, porém funciona. Você controla o charmoso e talentoso mago Matheus Dandy, que se vê preso com suas duas assistentes em um espelho mágico por um vilão conhecido como Lele. Eu já vi muitos malfeitores em jogos com diversos nomes. Sephiroth, Ultimecia, Lou-Fu, Kirby. Mas de todos eles, Lele foi o que mais me gelou o coração até hoje.

Dandy Ace
Os cenários e modelos são coloridos e vibrantes. (Imagem: Divulgação)

Piadas a parte, os personagens são coloridos e divertidos de ver. Dandy tem uma personalidade convencida divertida, as interações e comentários do vilão ao longo das salas e quando você morre são legais de ouvir e não costumam se repetir. Há uma opção para silenciar esses comentários, mas acabei nem usando.

Mago-lite

Dandy precisa desbravar as vários cenários que existem no espelho, conhecido como Palácio que Sempre Muda. É a ideia geral usada em rogue-lites, composto por salas que se rearranjam a cada tentativa com inimigos, itens e layouts randomizados. Além disso, cada versão do palácio conta com portas trancadas por chaves obtidas de tesouros que o jogador pode encontrar. Não notei uma diferença gritante na composição de cada mapa, mas é o suficiente para notar que não são repetidos.

Explicando mais sobre as chaves, vale notar que, ao começar uma nova rodada, elas podem ser utilizadas para abrir caminhos na área inicial que levam a fases diferentes. Por exemplo, o caminho padrão leva ao salão de festas, enquanto aquele liberado com uma chave previamente indisponível o manda para o pátio.

Além disso, nosso Dandy Ace conta com um arsenal de 4 cartas, que podem ser amarelas, azuis e roxas. Cada variante tem uma temática, como mobilidade, dano constante ou em área. E, além disso, as cartas podem ser equipadas como aprimoramentos das outras. Por exemplo, uma que ao ser equipada como primária dispara uma saraiva de projéteis, enquanto ao ser usada como aprimoramento faz que um determinado ataque exploda em várias cartinhas ao acertar o alvo.

Dandy Ace
Confira a pose. (Imagem: Divulgação)

Ainda, o jogo conta com diversos efeitos que podem ser aplicados nos inimigos, como diminuição de armadura, veneno ou impedimentos no movimento. Isso somado ao uso de cartas primárias e secundárias dá uma dinâmica muito boa ao combate, e ajuda para que não seja sempre repetitivo.

Cada mapa contém uma quantidade interessante de inimigos, e eles geralmente são suficientemente variados tanto em estratégias quanto em modelos visuais. Claro, há alguns como torres que existem em praticamente em todas as arenas, mas até os projéteis que usam tendem a diferir baseado no tema da área em que se encontram. O mesmo ocorre com as armadilhas e enfeites de cada lugar.

O tamanho dos estágios em Dandy Ace também é bem legal. Em certos pontos, os combates se dão em “arenas” com portões fechados, mas boa parte dos mapas são abertos, tornando possível uma movimentação maior. Além disso, abre a oportunidade para táticas como atrair um número de inimigos menor ou utilizar ataques com uma distância alta para limpar a oposição de maneira rápida e segura.

Dandy Ace
O mago é implacável. (Fonte: Divulgação)

A mobilidade e combate são divertidos, e o jogo flui muito bem. Como já dito, as combinações de cartas criam uma dinâmica interessante e ajudam as coisas a não serem repetitivas demais. Além disso, as melhorias que podem ser compradas durante cada rodada influenciam de maneira interessante, liberando novas cartas ou permitindo a venda daquelas que não interessam mais.

Cada uma possui um nível diferente, que progride conforme novas são encontradas ou dropadas por chefes. O combate contra eles é interessante, e são criativos em sua maioria. A dificuldade de Dandy Ace pode ser customizada no começo e é adequada. Sempre que morria soube que era algum vacilo meu, e não o jogo sendo injusto ou dando algum pau.

Além disso, a possibilidade de usar poções de cura e bolinhos que recuperam a vida ajudam a dar uma força para chegar até o espelho que separa um mapa do outro, que o envia para uma área onde pode aprimorar suas habilidades com diamantes ganhos ao abater inimigos e encher toda a vida e usos da poção.

Dandy Ace
Até os chefes são fofinhos. (Imagem: Divulgação)

Sons e visuais em Dandy Ace

O jogo tem um estilo visual bem único, com paletas de cores vivas e coloridas. As comparações com seu primo grego sempre serão feitas, mas acredito honestamente que a identidade visual de Dandy Ace é forte o suficiente para que ele se diferencie e tenha seu lugar ao sol. Tanto o estilo dos protagonistas quanto dos inimigos dão um olhar muito mais fofo para o jogo como um todo.

As animações são bem feitas, e dão uma fluidez boa para o game na totalidade. Por exemplo, toda vez que Ace usa um avanço ele segura a cartola para que não caia. São detalhes mínimos, mas perceptíveis o suficiente para agradar quem vê.

Eu achei alguns elementos da interface levemente grandes demais, o que ajuda na confusão visual que acontece quando o combate fica muito quente na tela e projéteis começam a voar para todo o lado. Talvez um tom mais minimalista ajudasse nesse ponto. Mas, também, é complicado quando o pau quebra com muitos inimigos ao mesmo tempo.

Dandy Ace
Por vezes o combate em Dandy Ace fica explosivo e confuso (Imagem: Divulgação)

A trilha sonora também me agradou, e casa bem com a temática geral de Dandy Ace. São trilhas tranquilas e relaxantes, que ajudam a criar um clima agradável de jogo. Até aquelas usadas em combates e chefes não perdem esse ar de tranquilidade. Isso pode ser um pouco negativo para a adrenalina nos momentos mais pesados, mas no geral funciona.

Um ponto muito divulgado foi a versão com dublagens em português, feitos por membros da cena de criação de conteúdo no Brasil. Ela ficou bem feita, com uma qualidade muito boa. Levando em conta que boa parte do trabalho foi feito no contexto pandêmico, é ainda mais louvável. A entrega de algumas linhas de texto é estranha, e as vozes nem sempre casam bem com o que o personagem fala ou seu estilo geral. Mas, ao fim e ao cabo, são vozes brasileiras e isso me agrada demais.

Dandy Ace
O grand finale. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar Dandy Ace?

É tempo do grand finale, leitor. Dandy Ace é um jogo que me divertiu, me fez ter vontade de jogar novamente e, no geral, considerei um bom investimento do meu limitado tempo nessa existência que chamo de minha vida. Ele tem os elementos de roguelite tal qual qualquer jogo do gênero, e não traz nada surpreendentemente diferente para a mesa.

A ideia das cartas e suas combinações, no entanto, é um diferencial interessante que ajuda a destacar o jogo do mar de outros que existem por aí. Além disso, grande parte da rejogabilidade vem das diferentes dificuldades e da possibilidade de speedruns. Não é um pacote cheio como Yakuza: Like a Dragon, mas é suficiente.

Ele me agradou aos olhos, e a trilha sonora, ainda que super chill, é boa de ouvir e complementa bem o tempo de jogo. A dublagem em português também é boa, ainda que certas linhas sejam um pouco estranhas de ouvir e a qualidade de atuação seja muito variada entre os personagens.

Tudo em tudo considerado, considerei Dandy Ace super divertido, tanto para quem já gosta do gênero quando quem não conhece ainda. Dandy Ace chega nesta quinta, 25, para PC, via Steam, e tem versões programadas para PlayStation 4, Xbox One e Nintendo Switch. E agora, antes de fazer minha saída maravilhosa em uma cortina de fumaça, digo que recomendo fortemente! Poof.

*Review elaborada em um PC equipado com AMD RX, com código fornecido pela Mad Mimic.

Pizza Fria

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Por Matheus Jenevain, Pizza Fria

Atualizado em 24 Mar 2021.