Guia da Semana

Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça é o novo título ambientado no universo da consagrada saga Batman Arkham. Entretanto, diferente dos games do homem morcego que destacaram a Rocksteady como um dos melhores estúdios quando o assunto é jogos de super-herói, desta vez a desenvolvedora resolveu apostar em um gênero inédito com novos personagens sendo os destaques da história.

Assim sendo, diferente dos games de ação e aventura focados no single player, temos um jogo como serviço focado em modos coops de até quatro jogadores. Nesta nova campanha, os jogadores controlam membros do Esquadrão Suicida tendo o principal objetivo de matar membros da Liga da Justiça que foram corrompidos pelo vilão Brainiac.

Além disso, com este novo modelo de negócios, a desenvolvedora promete atualizações por meio de temporadas que continuarão a narrativa e também adicionará ao título novos cenários, fases e personagens jogáveis. Portanto, será que esta nova aposta dos criadores de Batman Arkham realmente entrega algo único e marcante ou temos aqui um game que poderia ser melhor? Confira agora em mais uma análise do Pizza Fria!

O Esquadrão Suicida

Em Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça os jogadores podem assumir o controle de Arlequina, Pistoleiro, Capitão Bumerangue e Tubarão Rei. Assim, quando uma invasão alienígena se inicia em Metrópolis, a cidade do amanhã e protegida pelo Superman, a Liga da Justiça quase por completa sofre uma lavagem cerebral pelo vilão Brainiac e se tornam seus lacaios do mal. Batman, Lanterna Verde, Flash e até mesmo o Superman se tornam grandes ameaças a serem enfrentadas. A única heroína que não foi corrompida é a Mulher Maravilha, que possui uma forte presença na campanha e sempre fornece um espetáculo visual de cenas de ação quando está em tela.

Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça
Os membros da Liga da Justiça são os grandes antagonistas do jogo. Embora a premissa seja boa, ela não foi bem aproveitada na campanha. (Imagem: Divulgação)

Portanto, com os maiores protetores da terra se tornando vilões, resta ao Esquadrão Suicida lidar com esta ameaça matando um por um até chegar no vilão principal, Brainiac. Bom, eu não preciso explicar o quão cômico é a simples sugestão de um bando de vilão qualquer querendo matar a Liga da Justiça. Entretanto, este é um dos fatores que faz a narrativa de Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça ser tão interessante de se acompanhar.

Temos a perspectiva de vilões que receberam a tarefa de bater de frente com heróis com super poderes que são quase que divindades. A dinâmica dos personagens é muito bem trabalhada, com cada membro do esquadrão tendo uma personalidade única que funciona muito bem em expressar o caos que é a missão que os personagens precisam lidar.

Por exemplo, o Capitão Bumerangue é um personagem com uma personalidade babaca e lida com está missão suicida de maneira bem humorada, sempre fazendo piadas com as situações que a equipe se encontra. O Tubarão Rei já serve de alívio cômico ao não saber muito bem como lidar com coisas mundanas ou não entender frases básicas. Por outro lado, o Pistoleiro é mais focado nas missões e costuma servir como o alicerce que mantém todos com o objetivo em mente. E por fim, temos a Arlequina, sempre se divertindo e buscando o caos. Embora exisat um trecho do game que ela se mostra extremamente inteligente quando necessário, e eu curti esta abordagem em relação à personagem.

Mate a Liga da Justiça

Desde o anúncio de Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça sempre houve uma certa polêmica sobre o rumo que a narrativa do jogo seguiria. Pois, estamos falando de um universo que está sendo construído desde 2009 com a saga Batman Arkham. E fato é… os fãs não gostam de ver seus heróis favoritos sendo mortos, ainda mais pelo Esquadrão Suicida.

Para quem tinha dúvidas, é exatamente isto que acontece no jogo, temos personagens que acompanhamos por anos enfrentando de frente os membros da Força Tarefa X e bom, se eles morrem ou não, cabe aos jogadores descobrirem quando jogarem. Entretanto, outro aspecto que acabou se tornando polêmico em relação ao game é o suposto desrespeito com estes heróis tão queridos. E isto, é um argumento besta de fãs que não sabem controlar as suas emoções. Claro, todos têm o direito de gostar ou não das coisas que acontecem neste jogo, mas resumir o argumento ao básico “matou meu herói favorito, jogo lixo” é algo que não faz sentido.

Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça
Amanda Waller comanda o Esquadrão Suicida em sua missão de matar a Liga da Justiça e impedir os avanços de Brainiac. (Imagem: Divulgação)

Isto dito, a narrativa de Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça é inconstante. Temos batalhas que funcionam muito bem, com várias camadas de criatividade em que a desenvolvedora soube trabalhar com os poderes de cada membro da Liga da Justiça para criar confrontos únicos. Entretanto, o game falha em entregar um peso para estas batalhas, sendo que quando elas acabam, temos um grande sentimento de que poderia ter sido muito mais. Isto acontece em todas as boss fights e infelizmente grande parte desse problema é causado pela forma que as missões são projetadas. Porém, falarei disso mais a frente.

Outro aspecto que funciona é a dinâmica dos personagens do Esquadrão. Entretanto, este aspecto falha quando o assunto é a interação destes personagens com a Liga da Justiça. Com exceção da Mulher Maravilha e do Flash, não existe um desenvolvimento desta versão maligna dos membros da Liga, tornando os confrontos contra eles ainda mais sem significado.

O Batman, por exemplo, é um personagem que é mais frequente na história por meio de ligações no rádio, supostamente estudando os membros do Esquadrão Suicida para elaborar um plano contra eles. Entretanto, quando chega o momento da luta, não é isto que acontece e temos uma batalha que segue um mesmo padrão determinado de só atirarmos até a luta acabar. Outro herói que decepciona na campanha é o Superman, que aparece quase no final apenas para lembrarmos que ele esta no game. Assim sendo, embora seja interessante acompanharmos os vilões tendo que lidar com a Liga da Justiça, faltou desenvolvimento.

A jogabilidade é repetitiva

Eu não sou o maior fã do modelo de negócio escolhido para Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça. Pois, a ideia de um game ser desenvolvido como um serviço, apresenta várias limitações em como uma narrativa pode ser apresentada e a forma que as missões funcionam no jogo. E bom, todas as minhas preocupações se mostraram acertadas.

No jogo, que funciona sempre online e sem modo offline, os jogadores podem controlar até quatro membros do Esquadrão Suicida, sendo que cada personagem tem acesso a armas únicas e uma árvore de skills. Além disso, cada personagem do grupo é especializado em um conjunto de equipamentos. Arlequina domina pistolas e submetralhadoras, Pistoleiro, rifles, Tubarão- Rei fica a cargo das armas pesadas e por fim, o Bumerangue usa shotguns e armas de curta distância. Todos os vilões também possuem ataques únicos baseados em seus equipamentos que foram adquiridos no Museu da Liga da Justiça.

Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça
O gameplay é extremamente repetitivo. Logo, existe pouca variedade de missões, inimigos e até mesmo os confrontos contra chefes decepcionam. (Imagem: Divulgação)

É evidente que cada personagem foi projetado tendo em mente a experiência cooperativa de quatro jogadores, sendo que cada player um foco diferente em combate. Por falar em cooperativo, vale mencionar que até o momento, os servidores apresentam grande instabilidade, impossibilitando uma experiência satisfatória jogando com amigos. Embora a ideia de cada jogador ter funções únicas na equipe seja boa, na prática, apesar de algumas skills diferentes, a jogabilidade se resume em apenas atirarmos nos inimigos até a vida deles esvaziar e é isso.

Não existem aspectos muitos únicos que incentivam testarmos outros personagens. Isto quando falamos de combate é claro, já no fator movimentação pelo mapa aberto, cada membro faz isso de maneira diferente. O Pistoleiro, por exemplo, tem uma jetpack que permite que ele voe pela cidade, de forma limitada é claro, pois só podemos voar por um determinado tempo até ser preciso recarregar.

Outro aspecto que não ajuda também é que ao decorrer de toda campanha e endgame, estaremos cumprindo as mesmas missões. Elas se resumem em irmos até determinado lugar, matar inimigos, escoltar uma carga matando inimigos, atirar em torretas e simplesmente… é isto. O game se torna cansativo muito rápido e não existe nenhum incentivo para que o jogador continue após finalizar a campanha. Pois, apesar de existirem novas armas e excursões, estaremos repetindo as mesmas missões que já foram feitas durante a campanha.

Logo, qual é o sentido de liberarmos novos equipamentos simplesmente para realizarmos as mesmas coisas que já fizemos por várias horas? Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça apresenta graves problemas em sua estrutura e se a desenvolvedora não trazer urgentemente mais variedade nas próximas atualizações, dificilmente os jogadores terão motivo para retornar ao jogo. A Temporada 1 do game chegará em março, trazendo o Coringa como novo personagem jogável. A grande questão é: teremos conteúdo inédito o suficiente para que os jogadores voltem? Só o tempo dirá.

Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça
Embora a Rocksteady já tenha sido anunciado várias novidades para as Temporadas futuras, é difícil imaginar os jogadores voltando ao game se o título não receber conteúdo variado em relação as missões e progressão. (Imagem: Divulgação)

A exploração em Metrópolis poderia ser melhor

A exploração em Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça é um aspecto que, as vezes, funciona. Quando estamos nos locomovendo por cima de prédios e tendo uma visão de cima na cidade, a movimentação é fluida e existe um flow a se dominar durante a locomoção que a torna interessante. Entretanto, é só irmos para as ruas da cidade que todo esse encanto inicial cai por terra.

Pois, o game deixa bem claro no começo da história que todo mundo na cidade morreu ou foi convertido em inimigos. Logo, não existe vida na cidade, apenas um cenário cheio de vilões para atirarmos, alguns coletáveis, como os famosos troféus do Charada e as missões que realizamos durante a campanha. O jogo até tenta dar uma suavidade neste fator com a Jornalista Lois Lane aparecendo de tempos em tempos nos telões da cidade atualizando sobre a situação atual da invasão em Metrópolis. Entretanto, isto acaba não sendo o suficiente e o sentimento que prevalece é que estamos navegando por um mundo aberto pouco cativante.

Por outro lado, um fator que preciso elogiar é o visual geral de Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça. Desde modelagem dos personagens, cenários abertos e fechados e até mesmo no design das skins do jogo e a forma que elas interagem durante as cinemáticas, tudo flui muito bem. Os protagonistas são muito expressivos, o que ajuda a transmitir o sentimento e personalidade de cada um deles. Além disso, dou um destaque aqui para o visual da Mulher Maravilha, que é simplesmente o melhor que eu já vi fora dos quadrinhos.

Além disso, Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça acerta em tornar cada local da cidade visualmente único com locais característicos como o Hall da Justiça e até mesmo com cartazes que fazem referências a vários personagens da DC.

A trilha sonora é boa, mas poderia ser mais marcante

As trilhas de Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça no geral são boas e combinam bastante com o tom do game. Temos faixas mais voltadas para o rock e trilhas mais agitadas para os segmentos de combate. Entretanto, as músicas para os segmentos com os membros da Liga da Justiça em ação deixaram a desejar. Com exceção da Mulher Maravilha (prometo que é a última vez que elogio essa personagem na análise) as outras acabam falhando em entregar o tom épico que os heróis precisavam. E sim, infelizmente isto se aplica ao Batman, que na minha opinião, escolheram as faixas mais mornas da saga Arkham para usar.

Entretanto, um aspecto sonoro que não funciona bem no jogo é o som das armas. A maioria caba soando muito repetitivo e falha em transmitir um aspecto único que diferencie uma das outras.

Desempenho

Minha experiência foi no PlayStation 5. O game apresenta uma excelente qualidade de imagem e foca em entregar 60 FPS constantes. Entretanto, durante confrontos existem muitas quedas que chegam até mesmo a atrapalhar um pouco a gameplay. Além disso, temos a situação do online, que embora tenha crossplay entre plataformas, apresenta muita instabilidade e quedas.

Além disso, o título possui uma grande quantidade de bugs, que incluem NPCs ficando invisíveis, personagens entrando dentro de objetos e até mesmo os controles parando de responder. Vale mencionar também que Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça faz uso das tecnologias do DualSense e elas funcionam muito bem, principalmente ao atirarmos usando armas diferentes, com cada uma delas tendo uma pressão diferente no gatilho.

Vale a pena comprar Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça?

Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça apresenta um grande potencial em sua narrativa e personagens. Entretanto, tudo é limitado pelos aspectos de jogo como serviço apresentados aqui. Logo, é decepcionante que a Rocksteady, uma desenvolvedora que sempre era lembrada com carinho pelos fãs por ter criado vários dos melhores jogos do gênero super-heróis, acabou entregando um produto que passa longe de atingir todo o seu potencial. Claro, sempre existe a possibilidade de termos algo significativamente bom nas próximas temporadas, mas considerando as escolhas narrativas e de design de gameplay de Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça, fica difícil ter esperança para um futuro promissor.

Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça foi desenvolvido pela Rocksteady Studios e lançado no dia 2 de fevereiro, para PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC, via Steam.

*Review elaborada no PlayStation 5, com código fornecido pela WB Games.

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Por Leandro Paiva, Pizza Fria

Atualizado em 19 Fev 2024.