Guia da Semana

Like a Dragon: Infinite Wealth é o novo jogo da série anteriormente conhecida como Yakuza, desenvolvido pela Ryu Ga Gotoku Studio e distribuído pela SEGA. O titulo nos coloca no controle do azarado Kasuga Ichiban, protagonista da aventura anterior, enquanto procura por sua mãe desaparecida nas paradisíacas terras havaianas.

E aí, será que vale a pena acompanhar as novas desaventuras do dragon of rock bottom? É isso que iremos discutir agora, em mais uma análise açucarada do Pizza Fria!

Ichibão demais

Coragem, leitores e leitoras. Algo que muitos falam e escrevem sobre. Até cobram, inclusive, que seja uma qualidade essencial para os melhores de nós. Mas, o que seria essa coragem? Se erguer contra a opressão, seja ela qual for? Denunciar todo mal e injustiça? Comer aquele pedaço de bolo encontrado no fundo da geladeira, com pequenas manchinhas verdes por toda sua extensão? Colocar a cabeça na boca de uma onça? Perguntas, perguntas.

Puxando para o universo dos videojogos eletrônicos, eu diria que uma boa mostra de coragem é dar um 180 em toda estrutura de uma série já consagrada. Afinal, não costumavam dizer que em time que está vencendo não se mexe? Contudo, os absolutos loucohomens e mulheres responsáveis por Yakuza decidiram não só por mudar o nome da saga, como levar seu estilo para o RPG. E caramba, como funcionou.

Eu comentei coisas assim em minha análise de Yakuza: Like a Dragon, e me lembro de estar esperançoso pelo futuro da franquia. E agora, após jogar Like a Dragon: Infinite Wealth, posso afirmar que estou positivamente surpreso com tudo que vi. Quem diria que, um dia, iríamos penar que quarentões iam ser bons protagonistas de RPG ? É a nova era, galerinha de Persona e afins!

Like a Dragon: Infinite Wealth
Lá vem eles minha gente. (Imagem: Divulgação)

História

A trama de Like a Dragon: Infinite Wealth gira em torno de Ichiban, yakuza reformado e protagonista responsável por tocar essa nova fase da franquia. Após os acontecimentos do último jogo, Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name, nosso chegado tenta levar sua vida da maneira mais pacata e relaxada possível, tentando deixar de lado a vida de doideiras e pancadarias de rua com a qual estava acostumado.

Contudo, seu frágil mundinho está prestes a ser abalado. Nosso chegado descobre que sua mãe, até então desaparecida, ainda vive. E, de quebra, morando no Havaí! Nada mais justo, então, que o menino Ichi largue tudo para correr atrás de sua matriarca. E, quem sabe, aproveitar para tirar umas boas e merecidas férias, não é mesmo?

Infelizmente, pobre não pode ter um minuto de paz nessa vida. O que era pra ser um reencontro emocionado na praia acaba se tornando uma aventura, cheia de perigos e inimigos para se enfrentar ao lado de novos e antigos aliados. Além disso, Kiryu está de volta! Contudo, sofrendo de uma doença que colocou um limite em seus dias de vida. Que tenso.

Like a Dragon: Infinite Wealth conta muito bem sua história, lotada de momentos que transitam naturalmente entre o tenso e o cômico. Os dois protagonistas principais, Ichiban e Kiryu, são um deleite de se acompanhar. Somando tudo que tem em volta, como eventos com outros integrantes do time, substories e tudo mais, acabamos com um jogo que se apresenta em diversas camadas, todas elas muito interessantes.

Like a Dragon: Infinite Wealth
A nova turma. (Imagem: Divulgação)

Jogabilidade

Like a Dragon: Infinite Wealth constrói muito em cima das bases sólidas que foram lançadas nos títulos anteriores. Além de uma quantidade considerável de atividades principais e paralelas, temos um sistema de combate bem realizado, com uma quantidade legal de classes e mecânicas para serem exploradas, tanto dentro quanto fora de combate.

Do lado da treta, o jogo conseguiu casar ainda melhor o DNA de beat’em up de seus predecessores com as mecânicas de RPG. Por exemplo, agora podemos nos movimentar dentro de um pequeno círculo enquanto nos preparamos para atacar. Selecionar o comando de bater perto de uma arma do cenário, como as amadas bicicletas, faz com que o personagem as utilizem para bater. Além disso, podemos direcionar o golpe para lançar um alvo em cima do outro, causando mais dano ainda. É uma mecânica simples, mas que deixa as coisas bem mais dinâmicas.

Outro lance interessante foram as classes. Temos dois tipos, as gerais e exclusivas de personagem, e cada uma dela funciona de maneiras diferentes com funções bem definidas. Kiryu, por exemplo, possui a chamada Dragon of Dojima, que permite o uso dos três estilos de combate que utilizava em sua época de protagonista (beast, rush e brawler), cada um com opções ofensivas e utilidades diferentes.]

Isso tudo ajuda o combate de Like a Dragon: Infinite Wealth a ser sempre divertido, agitado e com muitas possibilidades diferentes. Realmente, percebe-se que os desenvolvedores pensaram no que estavam fazendo, criando um sistema bem singular que não fica devendo em nada para ninguém. Outro ponto interessante é que muitas das atividades paralelas conferem melhorias e habilidades para usarmos na hora da confusão, dando mais incentivos para explorarmos.

Like a Dragon: Infinite Wealth
O combate é divertido demais. (Imagem: Divulgação)

Outro acerto crítico de Like a Dragon: Infinite Wealth se encontra em suas atividades paralelas. Temos muito conteúdo para explorar, como nunca antes visto na série. Bom, ao menos pelo que me lembro de todos que joguei desde os tempos áureos de Yakuza 1 no PS2, em 2005. Ichiban pode utilizar aplicativos de encontros, fazer entregas de bicicleta, jogar em arcades, pescar, e muito mais.

Acreditem se quiserem, mas temos até uma espécie de pokemon na parada. Ichiban pode “capturar” alguns inimigos, chamados sujimons, para compor equipes e lutar contra outros “treinadores” em uma arena, tal qual o eterno menino Ash fazia. E não pensem que a parada é mal feita, pelo contrário. Todo o minigame é bem construído, possui sua própria storyline e é muito bem integrado com o jogo. Outra menção honrosa é a Dondoko Island, uma ilha que ajudamos a reconstruir e transformar em um resort de luxo.

Like a Dragon: Infinite Wealth ainda conta com muito mais conteúdo que prefiro deixar no ar para aguçar a curiosidade de vocês, queridos e queridas. Basta dizer que temos muito para fazer e explorar, e nada é por acaso. Todas as mecânicas se completam de uma forma ou de outra, e isso faz com que tenhamos sempre aquela sensação legal de estar progredindo.

Um ponto é que Like a Dragon: Infinite Wealth coloca muitas coisas boas atrás de seu plano de DLC. Classes novas, músicas, elementos para os minigames da ilha e dos mons, e até o modo New Game +. Ainda que o jogo possua muito conteúdo, acredito que essa prática não tenha sido muito feliz.

Like a Dragon: Infinite Wealth
Mas ele não devia estar procurando alguém? (Imagem: Divulgação)

Sons e Visuais

Like a Dragon: Infinite Wealth tem um visual bem legal, com animações bem feitas e cenários bem legais de se visitar. Honolulu, por sinal, é cheia de belezas e distritos bem construídos, mostrando bem a justaposição do paradisíaco de suas praias com o abandono dos locais menos abastados. Outros lugares, como a ilha Dondoko, mostram algumas belezas naturais do país.

A parte sonora ficou acertada como sempre, com honras especiais para os dubladores dos dois personagens centrais. Takaya Kuroda, em particular, confere uma voz cansada que realmente demonstra como Kiryu está só o pó da rabiola. Fora isso, temos músicas muito bem feitas e viciantes, além de canções novas e consagradas no karaokê.

Like a Dragon: Infinite Wealth
Olha o Danny Trejo ali! (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar Like a Dragon: Infinite Wealth?

Bem, leitores e leitoras, é chegado aquele momento em que o HP cai mas o healer não vê. Será que Like a Dragon: Infinite Wealth vale a pena? Bom, acredito que a resposta seja bem fácil de deduzir, não é mesmo? Mas, de toda forma, vamos recapitular tudo que conversamos até agora para entendermos melhor essa pergunta dos milhões.

Like a Dragon: Infinite Wealth é um jogo muito divertido e bem feito, com uma trama envolvente e personagens fáceis de gostar. Além disso, ele é um JRPG muito competente e recheado com conteúdo, seja em suas mecânicas principais ou nos diversos minigames e tramas secundárias. O único ponto negativo é que a política de DLCs aplicada limita o título significativamente, colocando coisas que deveriam ter sido parte da experiência como algo que devemos pagar para receber. Isso não é uma boa, já que o preço dos jogos por nossas bandas faz com que essas edições extras sejam consideravelmente mais caras.

Mas, olhando para o todo, eu diria que Like a Dragon: Infinite Wealth é ouro puro. O jogo diverte o tempo todo, emociona quando precisa, e sempre nos dá algo diferente para fazer e passar o tempo. Não é tarefa difícil se perder em Honolulu, principalmente na companhia de gente boa como nossos chegados Ichiban e Kiryu. Portanto, podem ir sem medo amigos e amigas. Não irão se arrepender.

Like a Dragon: Infinite Wealth será lançado em 26 de janeiro de 2024 para PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox Series X|S, Xbox One e PC, via Steam.

*Review elaborada em um PC equipado com uma GeForce RTX, com código fornecido pela SEGA of America.

Pizza Fria

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Por Matheus Jenevain, Pizza Fria

Atualizado em 22 Jan 2024.