Project Warlock é um jogo de FPS retrô, no bom e velho estilo dos DOOMs clássicos (e ainda usarei muito esse termo, esperem para ver), desenvolvido pela Buckshot Software e publicado pela Crunching Koalas. O título está disponível desde 2018 para computadores, mas chegou na plataforma da Sony recentemente. Finalmente. Será que é uma experiência de qualidade, ou apenas uma tentativa de capturar o trovão dos joguinhos de tiro de outrora? É o que veremos agora, em mais uma análise do Pizza Fria!
Projetando o Sucesso
O mundo dos videojogos é uma coisa curiosa, caros leitores. Podemos ver tendências claras ao longo do tempo, algumas que começam e perduram (como jogos de mundo aberto) e outras que fazem um sucesso estrondoso, e depois saem um pouco de cena (como os milhares de clones de Minecraft, por exemplo). Uma que se manteve firme e forte desde sempre, no entanto, foi a dos FPS.
Ou, como conhecemos por essas bandas, os bons e velhos jogos de tirinho. Pelo que me lembro, e baseado descaradamente em uma rápida pesquisa que fiz no grande pai Google, Wolfenstein 3D foi um dos primeiros FPS da história. Lançado na década de 90, ele deu origem a uma franquia que existe até hoje. Mas, em meu conceito, um dos maiores responsáveis pelo sucesso estrondoso do estilo foi o glorioso Doom.
E foi inspirado nele e em uma outra belezinha chamada Hexen, chutaria eu, que criaram nosso jogo de hoje: Project Warlock. Admito que fiquei intrigado quando um pequeno gárgula voador deixou o código do título em minha porta pela manhã. Primeiro, porque ver isso me faz questionar se estou tendo as velhas visões novamente. Segundo, que jeitão retrô de tiroteio frenético me lembrou dessas gracinhas que falei acima.
Como de praxe, comecemos falando sobre a trama da obra. Project Warlock conta a história de um personagem que viaja no tempo lutando contra demônios e outras aberrações. E é isso, basicamente. Não temos uma grande caracterização ou coisa do tipo, e a história serve mais como um pano de fundo para termos uma leve ideia do que estamos fazendo do que tudo.
Isso não é mal por si só, ao menos em jogos desse estilo. Como falei, os FPS das antigas não teciam um enredo homérico sobre como o triste Doom Slayer encontrava felicidade atirando contra demônios infernais. Não senhor, o que valia era a ação e nada mais. Por isso, não torci tanto o nariz com a forma que Project Warlock executou, perdoem a piada, com essa parte.
Agora vem a parte importante, a jogabilidade. Para começar, gostaria de trazer para a mesa outro jogo para servir de referência: Severed Steel. Mas oras pois, ele é um jogo atual. De fato! Mas o estilo frenético de tiroteio e a multidão de coisas acontecendo e partículas voando pela tela é totalmente envolvente, eletrizante e excelente. Project Warlock é chique!
Tamanha quebradeira não pode ser feita sem as ferramentas corretas. Nosso querido Warlock tem acesso a um arsenal considerável de armas, magias e habilidades. Pistolas, escopetas, bestas, cajados mágicos, enfim. Tudo o que precisamos para ser felizes. Além disso, devo dizer que a escopeta é uma maravilha de usar, com um coice e efeito sonoro que não deixa nada a desejar. Apreciadores dos clássicos da velha guarda sabem qual o valor do bom e velho boomstick.
Além disso, em Project Warlock coletamos experiência ao longo dos níveis que nos permite evoluir alguns atributos básicos de nosso herói como força, vida, escudo e coisas do tipo. Achei uma adição bem interessante, pois o uso conjunto de armas com certas builds de personagem dão uma camada adicional de complexidade e fator de rejogabilidade ao título. Por exemplo, podemos jogar nos focando, apenas, no uso de armas corpo a corpo, como o machado, e um alto nível de força. Isso nos permitir resolver todos os seus problemas com uma boa e velha pancada na cabeça. E, ainda, com vida o suficiente para aguentar o tranco que receberemos de volta. Excelente!
Também podemos, por fim, melhorar nossas habilidades com alguma arma e aprender magias. As melhorias são filé, adicionando efeitos como dano aumentando o aumento de calibre da munição utilizada. Ponha seus pontos nelas, valem muito a pena. Pontos estes, aliás, que são encontrados nas salas secretas de cada fase. As magias também são legais, mas não achei que fossem tão práticas de utilizar. Mas, de todo modo, são um adicional interessante e apreciado.
Sons e Visuais
Project Warlock não decepciona no departamento gráfico. É perceptível que tiveram muito carinho ao construir os cenários e efeitos. Como apreciador fiquei muito satisfeito, e acho que pegaram a essência perfeitamente. Contudo, também replicaram bem os cenários confusos e escuros. Ainda que tenhamos um mini-mapa é fácil se perder, e a magia de iluminar é quase obrigatória se quiser enxergar a própria mão na frente do rosto em algumas fases.
A sonoplastia acerta no ponto, com sons fortes e impactantes para as diferentes armas, para os monstros e para as magias. O que mais curti foram os sons da escopeta, que parece um canhão de navio, e as músicas. Cada cenário tem a sua, e todas ajudam a dar um gás no jogador e aumentar a empolgação junto ao caos que vemos na tela. Ponto para Project Warlock!
Vale a pena jogar Project Warlock?
Project Warlock, meu caro… Chegamos ao momento mais derradeiro, mais delicado, mais totalmente excelente de nossa conversa. Será que vale a pena gastar nosso tempo nessa bola azul com este jogo? Vamos recapitular. Ele foi, claramente, feito para fãs do estilo FPS antigo, de correr e atirar. Gritaria e doideira, o tempo todo.
Vemos mudanças na fórmula, no entanto. O uso de atributos e magias ajuda a chacoalhar a velha estrutura, e garantir que sempre tenhamos uma experiência diferente. Os mapas serem parecidos, escuros e confusos também é uma herança, bem mais indigesta, dos shooters noventistas. Mas, ao fim e ao cabo, nada que quebre a roda da carroça.
Por isso, posso falar com tranquilidade que Project Warlock é bom. Bom demais até, eu diria. Não me senti entediado por nenhum momento, reiniciei algumas vezes para testar novas combinações de atributos e armas, e realmente gostei do que vi. Talvez alguns jogadores estranhem alguns aspectos mais antiquados do título, mas é inegável que irão encontrar muito com o que se divertir, de todo o modo. Recomendo fortemente.
*Review elaborada em um PlayStation 4, com código fornecido pela Crunching Koalas.
Pizza Fria
Reviews, notícias e tudo sobre o mundo dos gamesPor Matheus Jenevain, Pizza Fria
Atualizado em 30 Jun 2022.