Guia da Semana

Shiren the Wanderer: The Mystery Dungeon of Serpentcoil Island é um jogo roguelike raiz, daqueles sem dó nem piedade, desenvolvido e publicado pela Spike Chunsoft. Nele, colocamos o chapéu e seguimos os passos do andarilho Shiren que, ao lado de seu furão Koppa, vai até a ilha de Serpentcoil em busca de aventuras, tesouros e um pouco de ação. Mas, como de praxe, acaba encontrando bem mais do que isso.

E aí, será que vale a pena acompanhar a presepadas dessa dupla de dois dinâmica? É o que veremos agora, em mais uma análise deliciosa do Pizza Fria.

Ando devagar, porque já tive pressa (e isso me fez voltar ao nível 1 muitas vezes).

Que tempo para se estar vivo, leitores e leitoras. Novos consoles no horizonte, remakes e remasters até onde os olhos alcançam (mas nada de Godhand, provando que não posso ter um dia de alegria), localizações de jogos até então exclusivos para o Japão e, até, séries esquecidas renascendo das cinzas. De fato, ao menos nesse ponto não se há muito sobre o que lamentar. Provavelmente, de toda forma.

Outra coisa em alta que aquece meu gelado, gelado coração são os roguelikes. Afinal, nada melhor para descansar depois de um dia sofrido de trabalho e conduções intermináveis do que ser destroçado por inimigos e perder todo o progresso que adquirimos até então. E tentar de novo, e morrer, e tentar. Realmente, é um ciclo que, realmente, nos torna pessoas melhores e mais humildes. E há quem ainda diga que videojojos não ensinam nada de bom. Que absurdo!

Falando em roguelikes, antes que eu me esqueça, é hora de colocar nosso título da vez no ringue: Shiren the Wanderer: The Mystery Dungeon of Serpentcoil Island. Admito que não conhecia a franquia, e me surpreendi ao ver que ela está na praça faz quase 30 anos, aparentemente. Tendo seu primeiro título lançado em 1995, nosso camarada Shiren vem morrendo e retornando para uma revanche desde a época do saudoso Super Nintendo. Realmente, ele tem bala na agulha. Mas, será que o jogo ainda tem o necessário para capturar nossa atenção? Bom, vamos ver.

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Hora de uma reunião estratégica. (Imagem: Divulgação)

História

A trama de Shiren the Wanderer: The Mystery Dungeon of Serpentcoil Island começa de uma maneira bem simples e direta, com Shiren e Koppa se deslocando até a famosa ilha de Serpentcoil em busca de riquezas e maravilhas. Contudo, alguns refugiados que passavam pela estrada contam histórias diferentes do lugar, que dizem ser amaldiçoado e que, no lugar de tesouros, só tem monstros mesmo.

Pagando pra ver, Shiren vai em frente e acaba perdendo a memória após ser espancado por um monstrengo nas partes mais interiores da ilha. Voltando para as areais da vila que passou ao chegar no lugar, nosso colega percebe que não se lembra de nada do que aconteceu, nem de como fez para chegar até o tal chefão. E nem Koppa pode o ajudar, também. Que coisa!

Daí, Shiren the Wanderer: The Mystery Dungeon of Serpentcoil Island segue tranquilamente introduzindo novas tramas, centrais e paralelas, conforme vamos liberando novos lugares, morrendo e voltando ao início. Os personagens, salvo um ou outro, não são tão desenvolvidos, mas servem para manter as coisas em movimento e conferir um certo charme ao título. Contudo, tive a impressão de que ela serve mais como justificativa para sustentar a jogabilidade, no final das contas.

Shiren the Wanderer: The Mystery Dungeon of Serpentcoil Island
Alguns personagens são bem engraçados. (Imagem: Divulgação)

Jogabilidade

Como comentei lá em cima, Shiren the Wanderer: The Mystery Dungeon of Serpentcoil Island é um roguelike raiz, no qual perdemos praticamente tudo que obtemos ao longo das tentativas de chegar até o coração da ilha. Diferente de Dead Cells ou Hades, por exemplo, sempre começaremos do nível 1, sendo que as únicas coisas restantes são o conhecimento do jogo que obtivermos e as páginas da enciclopédia que formos completando.

Sendo assim, as aventuras de nosso chegado Shiren acabam por ser muito mais emocionantes, tanto quanto punitivas, do que muitos de nós estamos acostumados. Devo dizer, sem vergonha alguma, que passei uma boa dificuldade quando estava começando a pegar o jeito das coisas, sendo jogado de um lado para o outro por toda sorte de monstros e armadilhas. Mas, vamos entender melhor sobre o que estou falando.

Nosso objetivo central em Shiren the Wanderer: The Mystery Dungeon of Serpentcoil Island é sair da vila que fica na praia e chegar até a montanha no centro da ilha. Em nosso caminho, temos uma quantidade sem fim de inimigos para enfrentar, armadilhas para desviar e roncos no estômago que, se deixados de lado, acabam por matar nosso menino de fome. Fora isso, temos salas lotadas de monstros e alguns gigantões loucos para arrancar nosso couro fora. Que lugarzinho bom para tirar umas férias, não é mesmo?

Para se defender dessa doideira, Shiren conta com uma série de armas como espadas, escudos, projéteis (que podem ser facilmente colocados em atalhos no direcional do controle), pergaminhos mágicos, potes de barro e outras coisas mais. É vital descobrir o que cada um dos itens que encontramos faz, pois uma bomba de cegueira bem usada, ou um scroll de sono, é o diferencial entre a vida e a morte.

Shiren the Wanderer: The Mystery Dungeon of Serpentcoil Island
Olha a espadada! (Imagem: Divulgação)

A exploração em Shiren the Wanderer: The Mystery Dungeon of Serpentcoil Island é feito por turnos, no qual todos os inimigos da sala e o jogador realizam uma ação ao mesmo tempo. Andar, atacar, passar o turno, e por aí vai. É essencial entender esse esquema, porque andar recupera vida, mas pode nos levar pra cima de uma armadilha, aumentar a fome ou fazer trombar com um monstro. E aí, caros e caras, já era.

Os inimigos das dungeons batem com um braço pesado, por vezes tombando o jogador com dois ataques. Houve casos, inclusive, de eu começar uma tentativa e morrer ao andar, pois o jogo me fez o favor de colocar os inimigos bem ao lado. Somando ao fato de que tudo que encontramos é aleatório, se manter vivo pode acabar sendo uma tarefa árdua. Sem contar que, quanto mais avançamos, mais fácil morrer. Estudar o jogo, planejar e entender é essencial.

Contudo, essa dinâmica acaba por frustrar demais. Por vezes me vi andando andares após andares sem encontrar nada, só para morrer no primeiro tapa de um ninja. Por outros, fui super longe para achar um monstro que derreteu meus equipamentos com um golpe, ou um arqueiro que acerta de longe e eu não podia desviar por conta de armadilhas. Era morte ou morte, e a sensação de ter sido por azar é bem devastadora.

Ao menos podemos ajudar, ou ser ajudados, quando chega o fim do túnel. Shiren the Wanderer: The Mystery Dungeon of Serpentcoil Island implantou um sistema bem legal de resgate, no qual exploramos as dungeons até o andar que nós, ou outros players, morremos para dá-los uma nova chance de prosseguir. Além de ganhar, de sobra, umas moedinhas para comprar papéis de parede e cosméticos para nosso herói. Achei uma funcionalidade legal, bem implementada e que aumenta a vida útil do título.

Shiren the Wanderer: The Mystery Dungeon of Serpentcoil Island
Agora embalou o rolê. (Imagem: Divulgação)

Sons e Visuais

Os visuais de Shiren the Wanderer: The Mystery Dungeon of Serpentcoil Island ganham mais pelo charme, e algumas vistas específicas, do que por sua alta resolução ou alta fidelidade. Tanto no modo portátil quanto de mesa, o título apresenta gráficos com texturas simples e sem muita inovação, que cumprem seu papel sem fazer nenhum alarde.

O mesmo pode se dizer no departamento de som. Com poucas trilhas, sendo a maioria até que um tanta calma, o título foca no som dos monstros e do cenário como grande aposta para nos fazer entrar no universo de Shiren e Koppa.

Shiren the Wanderer: The Mystery Dungeon of Serpentcoil Island
Algumas paisagens são bem legais. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar Shiren the Wanderer: The Mystery Dungeon of Serpentcoil Island?

É a hora, andarilhos e andarilhas. Será que Shiren the Wanderer: The Mystery Dungeon of Serpentcoil Island vale a pena? Todos os passos, turnos, mortes e renascimentos? Todas as lamentações do Koppa e presepadas ninja? Bom, é o que tentaremos descobrir agora, através de um trabalho estrondoso de raciocínio e investigação.

Do lado bom, levanto que o título possui uma boa longevidade, tanto por seus elementos quando pelo sistema de rescue que comentei. Além disso, a presença de rotas para escolhermos e uma boa quantidade de itens e inimigos para encontrar e catalogar nos dá muito o que fazer. Se for um fã mais arretado, e gostar de um desafio mais forte, tenho certeza que há de se agradar.

Contudo, senti que boa parte da dificuldade, em meu caso, veio de um azar na geração das dungeons, seja na colocação de inimigos ou nos itens que achei. Sempre admito que não sou nenhum Deus dos jogos, longe disso. Mas, sinceramente, em algumas mortes e retornos ao nível um me peguei xingando um pouco no bom e velho rage. Fora isso, só achei o jogo um pouco visualmente desinteressante.

Em suma, povo bonito, seu aproveitamento de Shiren the Wanderer: The Mystery Dungeon of Serpentcoil Island vai depender do quanto você curte mecânicas mais difíceis e desafios mais elevados. O jogo é divertido, não me entendam errado. Contudo, alguns momentos frustrantes e uma onda de azar pode levar tudo a perder com certa frequência, e isso pode acabar sendo um pouco desanimador. Mas, de todo modo, vale a pena conferir para ver se faz seu estilo.

Shiren the Wanderer: The Mystery Dungeon of Serpentcoil Island chega no dia 27 de fevereiro, exclusivamente para Nintendo Switch.

*Review elaborada com código fornecido pela Spike Chunsoft.

Pizza Fria

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Por Matheus Jenevain, Pizza Fria

Atualizado em 23 Fev 2024.