Guia da Semana

Unicorn Overlord é um JRPG tático, com um mundo expansivo cheio de lugares para se explorar e salvar, desenvolvido pela Vanillaware e publicado pela Atlus. O jogo nos coloca nas botas metálicas de Alain, o príncipe perdido do reino de Cornia que, após dez anos, retorna com um bando de heróis desajustados para liberar sua terra natal da opressão do império de Zenoira.

E aí, será que vale a pena se meter nessa revolução? É o que veremos agora, em mais uma análise açucarada do Pizza Fria!

Viva La Resistencia

Tirem meus action points e me deixem sem movimentos nessa rodada, leitores e leitoras, se não tiver mais um JRPG promissor na praça. Após se aventurar pelos turnos de meus queridos Persona 3 Reload e o novo Like A Dragon, eu bem que estava precisando de uma sacudida na rotina. Quando menos esperava, apareceu em minha frente um título com um nome curioso: Unicorn Overlord.

Mais interessado fiquei depois de ver o nome de sua desenvolvedora, Vannilaware. Para os que não conhece, eles foram os idealizadores de alguns títulos bem maneiros lançados nesses últimos (muitos) anos. Dentre eles, podemos lembrar de Dragon’s Crown, 13 Sentinels: Aegis Rim, Muramasa Rebirth, GrimGrimoire, e muitos outros. Um bom lineup, se querem saber minha opinião.

Fora o fator diversão presente na maioria desses títulos, um dos grandes fatores de destaque na produtora são os gráficos e os visuais de seus títulos. De fato, eles são algo que deixam bem claro para qualquer um a origem desses jogos. Foi por conta disso, mais minhas impressões da demo, que fiquei tão interessado em ver qual era a de Unicorn Overlord. Interessados em saber o que achei? Pois venham comigo.

Unicorn Overlord
É agora que a vida muda, Alain meu menino. (Imagem: Divulgação)

História

A trama de Unicorn Overlord começa com a traição sofrida pela mãe de nosso protagonista, a rainha Ilenia. Após perceber que as chances de frear a rebelião iniciada por seu general mais forte, Valmore, haviam se esgotado, nossa monarca decide ir para uma última batalha contra o vilão enquanto Josef, um de seus mais fiéis cavaleiros, foge com o jovem príncipe Alain.

Dez anos depois, uma série de eventos levam nosso chegado de volta para sua terra natal, Cornia. O que antes era um reino de tranquilidade e paz, agora, não passa de um lugar de dor, sofrimento e altas taxações. Cabe ao nosso herói, seus amigos e o exército de liberação que constroem ao longo do jogo salvar tanto o reino do qual Alain é príncipe quanto todos os outros das garras de Valmore e seu império de Zenoria.

Conceitualmente, Unicorn Overlord conta aquela velha história de oprimidos se unindo e derrubando seus opressores. Isso não é novo, e devemos notar que pode ser visto até em títulos com pegadas mais modernas como em Far Cry, por exemplo. Contudo, o roteiro expande isso através de um elenco bem diverso e interessante de personagens, todos com suas motivações e relações, que ajudam a dar vida própria para eventos que, de outro modo, não seriam nada mais que algo mundano e pedestre.

Além disso, Unicorn Overlord também aborda temas relacionados aos problemas que as diversas nações subjugadas por Zenoria enfrentam para trabalhar em conjunto. Seja por diferenças de espécies (entre humanos, anjos, elfos e feras), ou por ideologias, por muitas vezes as lanças e balistas inimigas nem sempre serão os únicos problemas que precisaremos enfrentar.

Unicorn Overlord
A união faz a força. (Imagem: Divulgação)

Jogabilidade

A jogabilidade de Unicorn Overlord se divide em dois grandes momentos, a exploração do mapa e os combates. No primeiro, andamos pelos reinos que tentamos liberar em busca de recursos, inimigos e novos aliados. Além disso, podemos iniciar missões para liberar as diversas cidades e fortalezas que encontramos, o que nos dá novos lugares para comprar itens, recrutar e melhorar unidades, liberar novos bonecos, e por aí vai.

Toda cidade que retomamos está em situação de risco, necessitando de um bom tapa para voltar aos eixos. Para isso, fazemos uso do sistema de deliveries. Elas nada mais são que pedidos de itens, que encontramos em pontos de coleta, que podem ser entregues para reconstruir. Após isso, o lugar em questão pode receber um guarda, que gera recursos, e faz o entorno ficar mais cheio de vida.

Isso é um jeito bem sagaz de mostrar como a jornada do jogador traz nova vida ao universo do jogo. Além de remover inimigos, trocando por aldeões, ver as cidades reconstruídas realmente nos dá a ideia de que nossa luta tem efeito, e não é apenas algo feito para chegar no próximo capítulo da história. Além do mais, há de se dizer que sair correndo pelo continente de Fevrith, onde o título é ambientado, é estranhamente viciante e divertido.

Somamos isso com missões secundárias aos montes, com diversas recompensas, e podemos notar que Unicorn Overlord entrega no quesito exploração e recompensa. Inclusive, mais do que geralmente vemos dentro de jogos desse estilo. Mas, e as tretas que rolam para liberar geral das mãos do imperador. Como são? É o que veremos agora.

Unicorn Overlord
Umas vezes passeando, outras tretando. (Imagem: Divulgação)

A parte de combate remete muito ao que vimos em clássicos como Ogre Battle: The March of the Black Queen e Ogre Battle 64: Person of Lordly Caliber. Eu sei, eu sei, são jogos antigos. Mas são clássicos por um bom motivo, afinal. Enfim, a ideia geral é de que montamos esquadrões, de até cinco bonecos cada, e colocamos para se deslocar pelo mapa. Selecionamos a unidade, marcamos onde queremos ir e pronto. Partindo disto, podemos iniciar combates ao colidir com unidades, dominar fortalezas e cidades para garantir pontos de deploy de unidades, e por aí vai. Se movimentar de maneira inteligente, bem como manter pressão através do controle de estruturas, é essencial para vitória.

Os combates ocorrem de maneira automática, com cada unidade tomando ações de acordo com sua classe e dentro da quantidade de AP e PP que possuem. Os primeiros ditam quantas ações, e os segundos quantas passivas. Tudo isso pode ser configurado de maneira bem interessante dentro das habilidades de cada personagem, garantindo que possamos controlar o que fazer e quando fazer até certo momento. Por exemplo, se atacar com tal magia quando temos inimigos perto, curar quando leva dano, e daí em diante.

Unicorn Overlord também possui uma boa quantidade de classes, dentre terrestres e voadoras, que se anulam e complementam de maneira bem satisfatória. Isso tudo se agrupa para criar um sistema tão complexo quanto amigável, dependendo apenas da nossa vontade. Podemos deixar cada unidade redondinha, sendo counter de outras e com todas as habilidades no sapatinho. Ou podemos só botar as mais fortes e ir pra cima. Essa liberdade é demais.

Os únicos negativos que vejo aqui, após ponderar fortemente, é que os esquadrões possuem um limite pequeno para o tanto de bonecos que liberamos. Cinco parece muito, mas quando temos um monte fica sempre aquela vontade de colocar um sexto para fechar. Por fim, certas melhorias da quantidade de esquadrões/personagens é vinculado ao renome do exército, que sobe um pouco devagar demais.

Unicorn Overlord
Isso vai doer um bocado. (Imagem: Divulgação)

Sons e Visuais

Seguindo o padrão Vannilaware que citei acima, os gráficos de Unicorn Overlord são um deleite aos olhos. Cores vivas, cenários construídos com carinho, uma boa variedade em modelos dos personagens (genéricos ou dos cerca de sessenta únicos), magias, ataques, enfim. Tudo foi feito daquele jeito que gostamos, e definitivamente serve como um bom diferencial ao título.

A parte sonora não fica atrás, com trilhas pontuando bem os diversos altos e baixos da jornada e uma dublagem bem legal, com vozes que se casam bem com seus falantes. Um negativo, infelizmente, é que o título veio sem aquela tradução marota para nossa língua. Isso, infelizmente, dá uma quebrada para a compreensão de muitas coisas.

Unicorn Overlord
Que fome. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar Unicorn Overlord?

E lá venho eu, leitores e leitoras, voando em minha pizza imaginária com o pergaminho da verdade em minhas mãos. Será que Unicorn Overlord entregou o que promete? Ou será que, como o animal que compartilha o nome, apenas apareceu para nos deixar maravilhados e sumiu galopando e relinchando na noite? Bom, vamos resumir a opera e descobrir.

Logo de início, eu já me senti interessado pela apresentação visual do título. Suas cores vivas e modelos realmente saltam aos olhos, e se complementam bem ao notarmos o tipo de trama que representam. Que, devemos lembrar, não reinventa a roda, mas conta uma aventura bem pessoal e com personagens instigantes. O sistema de exploração é maneiro, viciante e mostra bem o efeito de nossas ações, e o esquema de combate -com suas diversas classes e particularidades- é uma belezura. Como negativo, queria só uma legenda em PT-BR, seis unidades em meu esquadrão e um aumento de renome mais rápido. E, sendo sincero, apenas o primeiro é realmente problemático.

Sendo assim, belos leitores e leitoras de meu coração, só me resta dizer que meu tempo com Unicorn Overlord foi uma belezura. Me diverti bastante vendo os acontecimentos se desenrolarem, perdi horas montando o time ideal, e logo após terminar já comecei uma segunda rodada para tentar algumas coisas de maneira diferente. Fãs do gênero vão amar, tenho fé, e curiosos também terão muito com o que se entreter. Por isso, só falta recomendar fortemente.

Unicorn Overlord estará disponível em 8 de março de 2024, para Nintendo Switch, Xbox Series X|S, PlayStation 5 e PlayStation 4.

*Review elaborada no Nintendo Switch, com código fornecido pela ATLUS.

Pizza Fria

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Por Matheus Jenevain, Pizza Fria

Atualizado em 7 Mar 2024.