Guia da Semana

O mundo esportivo é recheado das mais diversas modalidades e diferentes práticas ganham novos amantes a cada dia. Entretanto, é impossível negar que, no Brasil, o futebol destaca-se entre todas elas.

Existente desde os séculos III e II a.C, desperta as maiores paixões e rivalidades, evidenciando não apenas a disseminação da cultura, o amor pelo esporte e a disputa saudável entre clubes, como também as questões políticas, econômicas, sobre fanatismo e violência.

Assim, não foram poucos os escritores, jornalistas, técnicos, jogadores e muitos outros profissionais que escreveram sobre o esporte. Por isso, o Guia da Semana listou 10 livros para quem gosta de futebol. Confira:

O BERRO IMPRESSO NAS CHUTEIRAS

O homem que imortalizou o Fla x Flu escreveu também sobre outras modalidades esportivas - remo, boxe, alpinismo... Nelson Rodrigues cuidou das modalidades mais diferentes e conseguiu, de igual maneira, retratar o quadro épico nas glórias e derrotas de cada uma. Mais do que a aridez dos resultados, o que interessava ao cronista eram a atmosfera, os incidentes e os episódios que envolvem os atletas dentro e fora do palco de competição. Um gol de placa da crônica esportiva nacional.



JOGO SUJO: O MUNDO SECRETO DA FIFA

Neste livro, o autor pretende revelar as histórias consideradas 'secretas' sobre a FIFA. Jennings pesquisou nas Américas, África, Ásia e Europa, descobrindo possíveis provas condenatórias e práticas comerciais consideradas questionáveis.

PÁGINAS SEM GLÓRIA

Este livro de Sérgio Sant’Anna traz três textos bem diferentes entre si, tanto na forma como na temática. Abientado no Rio de Janeiro do início dos anos 1950, narra a história de José Augusto do Prado Almeida Fonseca, um boa-vida pinçado do futebol de areia e levado ao Fluminense pelo olheiro Luiz Andrade. Desde os primeiros parágrafos, Zé Augusto é pintado como um adorável sem-vergonha, um anárquico poeta da bola. Antes de 'Páginas sem glória', abrindo o volume, há 'Entre as linhas', um conto que se inicia com o autor, Fernando, expondo que pediu a uma amiga para ler o que acabara de escrever. Ela então anota seus comentários nas entrelinhas do texto. No segundo conto, 'O milagre de Jesus', a voz em primeiro plano é a de um indigente chamado Jesus que relata a um amigo certo milagre por ele realizado.

HISTÓRIAS DO FUTEBOL

João Saldanha, além de técnico do Botafogo, foi considerado um dos maiores cronistas esportivos do Brasil. Assim, com anos de experiência dentro e fora dos campos, escreveu o livro Histórias do Futebol, onde conta causos e segredos do esporte nacional.

VENENO REMÉDIO

Os estudos de grande abrangência sobre o futebol, ao abordar as questões políticas, sociais, econômicas e comportamentais em torno do esporte, costumam deixar de lado o essencial: o jogo em si, aquilo que faz dele uma atividade capaz de apaixonar bilhões de pessoas dos mais remotos cantos do mundo. O futebol, tal como foi incorporado e praticamente reinventado no Brasil, tem muito a dizer, com sua linguagem não-verbal, sobre algumas de nossas forças e fraquezas mais profundas, ajudando a ver sob outra luz questões centrais da nossa formação e identidade. Lançando mão de um sofisticado instrumental crítico que bebe na filosofia, na sociologia, na psicanálise e na crítica estética, José Miguel Wisnik desce às minúcias do jogo da bola e de sua evolução ao longo das décadas.

A DANÇA DOS DEUSES

No Brasil, o futebol é bastante jogado, mas insuficientemente estudado. Esta constatação estimulou o medievalista Hilário Franco Júnior a empreender uma abrangente viagem em torno do tema. 'A dança dos deuses' está dividido em duas partes, uma histórica e outra de viés analítico.



COMO O FUTEBOL EXPLICA O MUNDO

O futebol é mais do que um esporte, ou mesmo um modo de vida. Ele abrange questões complexas que ultrapassam a arte do jogo. Envolve interesses reais, capazes de arruinar regimes políticos e deflagrar movimentos de libertação. Os clubes espelham classes sociais e ideologias políticas, e freqüentemente inspiram uma devoção mais intensa que as religiões. Para realizar esse amplo e perspicaz trabalho de reportagem, Franklin Foer viajou o mundo - da Itália ao Irã, do Brasil à Bósnia - analisando o intercâmbio entre o futebol e a nova economia global. E acabou por derrubar mitos, ao verificar que em vez de destruir as culturas locais, como preconizava a esquerda, a globalização deu nova vida ao tribalismo, e que, longe de promover o triunfo do capitalismo apregoado pela direita, fortaleceu a corrupção.



ENTRE VANDALOS

Quem é a multidão que destrói estádios, cidades e vidas humanas? Por que em certos dias baixa um espírito arruaceiro e bárbaro em uma parcela da juventude inglesa, que conduz a comportamentos racistas, antissociais e sanguinários? Para responder a essas perguntas, Bill Buford conviveu com os hooligans ingleses durante quase quatro anos. Fartou-se de fish'n'chips embrulhados em papel jornal e oceanos de cerveja barata; de odores de milhares de corpos em fricção pouco amigável e de gás lacrimogêneo; de sentimentos que mesclam o medo à excitação quase sexual. Mais do que fazer um exercício de sociologia do comportamento grupal patológico, Buford, neste relato, mostra ao leitor como a experiência da violência de massa, partilhada sob o manto do suposto anonimato, exerce um apelo insidioso, por vezes irresistível, até às mentes mais esclarecidas.



FEBRE DE BOLA

Aos onze anos, Nick Hornby foi levado pelo pai para ver um jogo do Arsenal pela primeira vez. O jovem, então entristecido pela separação recente dos pais e assolado pelas incertezas com relação ao futuro da família, ficou fascinado. Descobriu um lugar e uma comunidade que, como ele, não estava muito preocupada em se divertir, mas compartilhava algo bastante diverso - 'O sofrimento como entretenimento era uma ideia completamente nova pra mim, e parecia ser alguma coisa pela qual eu estava esperando'. Dali em diante, Hornby nunca mais deixou de assistir, no estádio ou na tevê, a uma partida do Arsenal e atrelar aos sucessos e fracassos do time as respostas que buscava para a própria vida.



FUTEBOL E GUERRA

O livro desvenda a verdade por trás do histórico embate entre a Luftwaffe, a força aérea alemã, e o F.C. Start, time formado pelo que restou do glorioso Dínamo de Kiev. Fascinante e comovente, mostra como a equipe do Dínamo - considerado o melhor time de futebol da Europa pré-guerra - foi reformulada como F.C. Start, vencendo de forma brilhante todas as partidas que jogou e levantando o ânimo do povo na Kiev ocupada pelos nazistas. Em 1942, nessa partida de futebol contra a Luftwaffe, a equipe defendeu a honra da cidade e ousou enfrentar, em todos os sentidos da palavra, os alemães. O jogo tornou-se uma alegoria da resistência, e suas conseqüências foram brutais. Ao separar os fatos da ficção e reconstituir no centro da Segunda Guerra Mundial um momento de extraordinária bravura, Andy Dougan comprova que o futebol também pode ser uma questão de vida ou morte - e muito mais que isso.

Por Nathália Tourais

Atualizado em 24 Jun 2015.