Guia da Semana

Clarice Lispector nasceu na Ucrânia, no dia 10 de dezembro de 1920. Com menos de dois anos de idade veio, junto de sua família, para o Brasil – lugar que amava e afirmava ser seu país de origem.

Hoje, em 2014, a consagrada escritora completaria 94 anos de idade e, por isso, o Guia da Semana separou cinco livros que você precisa ler. Dá uma olhada:

1. Perto do coração selvagem

Este foi seu primeiro livro publicado. Clarice tinha 19 anos e a literatura brasileira da época era bem regionalista, com obras que contavam as dificuldades da realidade social do país. A autora surpreendeu a crítica, pois - completamente invadora - trouxe uma problemática de caráter existencial através da personagem Joana - protagonista que narra a história, por meio de uma fusão temporal entre presente e passado, em dois planos: a infância e a vida adulta.

A infância junto ao pai, a mudança para a casa da tia, a ida para o internato, a descoberta da puberdade, o professor ensinando-lhe a viver, o casamento com Otávio. Todos estes fatos passam pela narrativa, mas o que fica em primeiro plano é o interior de Joana. Ela parece estar sempre em busca de uma revelação. Inquieta, analisa instante por instante, entrega-se àquilo que não compreende, sem receio de romper com tudo o que aprendeu e inaugurar-se numa nova vida.

2. A maçã no escuro

A maçã no escuro

Neste livro, Clarice Lispector conta a história de Martin, um homem que foge da cena de um crime. Durante sua fuga lhe surgem vários pensamentos filosóficos sobre o existencialismo, fazendo com que despreze antigos valores e conquiste novos.

O fato remonta a criação do homem, de um novo ser surgindo do nada. E, ao invés de julgar os personagens como culpados ou inocentes, a autora os coloca como aprendizes do mundo.

O livro é dividido em três partes, sendo a primeira chamada “Como se faz um homem”, a segunda “Nascimento do herói” e a terceira “A maçã no Escuro”.

3. Água viva

Água Viva

Neste livro, a vida é aclamada, amaldiçoada, reprimida e expandida. Em forma de monólogo, a obra nos traz como personagem principal uma solitária pintora que se lança em reflexões sobre o tempo, a vida e a morte, os sonhos e visões, as flores, os estados da alma, a coragem e o medo e, principalmente, a arte da criação, do saber usar as palavras num jogo de sons e silêncios que se combinam.

4. A paixão segundo G.H


Paixão segundo G.H. fala sobre uma mulher chamada apenas pelas iniciais G.H., que despede a empregada doméstica e decide fazer uma limpeza geral no quarto de serviços que, segundo ela, está imundo e cheio de coisas inúteis.

Depois de encontrar um quarto limpo e organizado, G.H. relata a perda da individualidade após ter esmagado uma barata na porta de um guarda-roupa e, no dia seguinte, narra a própria impotência de escrever o ocorrido.

A história se organiza em capítulos de sequência sistemática - cada um começa com a mesma frase que serve de fechamento ao anterior. A interrupção, assim, é elemento de continuidade, numa representação simbólica do que é a experiência da personagem.

5. A hora da estrela


Este foi o último livro publicado de Clarice Lispector. Ele narra a história de Macabéa, uma sonhadora e inocente alagoana que vai para o Rio de Janeiro e tem uma vida pacata, sem grandes emoções.

Ela namora Olímpico, que abandona-a para ficar com Glória (sua colega de trabalho) por interesses financeiros. Sentindo fortes dores, Macabéa vai ao médico e descobre que tem tuberculose. A amiga percebe sua tristeza e a aconselha a buscar consolo numa cartomante. Madame Carlota, então, prevê um futuro feliz, que viria de um estrangeiro que ela conheceria assim que ela saísse daquela casa, com quem se casaria. De certa forma, é o que acontece: ao sair da casa da cartomante, Macabéa é atropelada por uma Mercedes amarela guiada por um homem loiro e cai no asfalto.

Neste livro, Clarice se oculta sob um narrador. A história de uma das personagens mais complexas e ricas desta autora é narrada pelo escritor fictício Rodrigo. Porém, o leitor não se deve deixar enganar. A personagem principal não é exatamente a nordestina, mas sim a própria literatura, o ato de narrar, o nascimento de uma obra.

Por Nathália Tourais

Atualizado em 27 Fev 2015.