Guia da Semana

A partir do dia 7 de novembro, a Casa das Rosas recebe a mostra Um Corpo Estranho, que homenageia o escritor Franz Kafka e seu livro A Metamorfose, um dos mais influentes da literatura do século XX.

Pensando nisso, e também na grande importância que esse autor tem, o Guia da Semana lista 10 títulos de sua autoria que você deveria ler. Confira:

A METAMORFOSE

O texto pretende colocar o leitor diante de um caixeiro-viajante - Gregor Samsa - transformado em inseto monstruoso. A partir daí, a história busca ser narrada com um realismo inesperado que procura associar o inverossímil e o senso de humor ao que é tido como trágico, grotesco e cruel na condição humana.

O PROCESSO

O livro apresenta ao leitor o drama de Josef K., funcionário respeitado de um banco que, na manhã do seu trigésimo aniversário, é acusado e detido, apesar de não precisar ir para a prisão. A partir desse momento ele passa a ser um suspeito aos olhos de todos e começam a tratá-lo com desconfiança - inclusive no banco, onde seu trabalho é posto à prova. K. inicia então uma peregrinação burocrática na tentativa de descobrir por que o acusam. Ele se embrenha em salas de difícil acesso, cartórios, tribunais com longos corredores, mas sua busca é em vão, pois o tempo passa, e K. entra em contato com pessoas - mais ou menos influentes - que nada podem fazer para ajudá-lo. Assim, continua sua busca, sem nunca chegar a saber onde está o juiz que ele jamais vê, qual é o alto tribunal ao qual ele nunca é chamado e, principalmente, sob qual acusação é julgado.

CARTA AO PAI

Carta ao Pai é uma peça da obra de Franz Kafka. Na carta que o filho escreve ao pai, o escritor realiza o ajuste de contas com o tirano familiar Herman Kafka. O móvel do confronto é uma tentativa de casamento do filho que o pai desaprova, mas o texto abrange, num ritmo trepidante, toda a relação entre ambos. A capacidade de análise e argumentação do escritor transforma uma carta em documento perene da literatura universal.

O CASTELO

O agrimensor K. chega a uma aldeia coberta de neve e procura abrigo num albergue perto da ponte. O ambiente sombrio e a recepção ambígua dão o tom do que será o romance. No dia seguinte o herói vê, no pico da colina gelada, o castelo - como um aviso sinistro, bandos de gralhas circulam em torno da torre. O personagem nunca conseguirá chegar até o alto, nem os donos do poder permitirão que o faça. Em vez disso, o suposto agrimensor - porque nem mesmo sobre sua ocupação se pode ter certeza - busca reivindicar seus direitos a um verdadeiro cortejo de burocratas, que o atiram de um lado para outro com argumentos que desenham o labirinto intransponível em que se entrincheira a dominação.


UM ARTISTA DA FOME

As narrativas reunidas nesta obra - quatro contos e uma novela - estão entre as mais fortes e originais escritas por Kafka no fim da vida. Carregadas de experiência, humor e mistério, elas chegam até nós com o brilho da meditação poética que encontrou a forma artística plena. Assim é que clássicos como 'O artista da fome' e 'Josefina, a cantora', bem como 'Primeira dor' e 'Uma mulher pequena', há mais de meio século participam do repertório universal do conto contemporâneo com o crédito devido às obras-primas. Complementa o volume a novela 'A construção, densa e sombria'.

UM MÉDICO RURAL

Unico livro que Franz Kafka dedicou a seu pai, esta coletânea traz catorze narrativas, duas delas escritas em 1914 e as outras entre novembro de 1916 e abril de 1917. No posfácio, o tradutor Modesto Carone fornece algumas chaves de leitura importantes. Identifica, por exemplo, uma 'rede temática' que é 'sustentada pelo uso diferenciado dos gêneros - que podem passar com facilidade da narração sibilina à paródia do ensaio pedagógico - mas depende também dos recursos mais maleáveis da linguagem'.


DIÁRIOS

Analisar Franz Kafka, como nós agora o entendemos, à luz de seu diário íntimo, seria prelibar um prazer que os leitores encontrarão à sua leitura. Convém, entretanto, fixar alguns pontos que ficaram apenas expressos em suas páginas, porém que ao leitor de nossos dias não serão familiares. O primeiro deles é o conflito psicológico que destrói a existência de Kafka, subvertendo-a completamente em seus mínimos valores, até ao ponto de que este grande criador acredite ser necessário recriar todas as coisas, nem que para isso tenha de olhar os sonhos pelo lado de dentro deles, e abandonar todas as coisas humanas ao seu trágico destino.

Por Nathália Tourais

Atualizado em 12 Nov 2015.