Guia da Semana

Estou lendo um livro que narra a história dos DJs desde a sua origem. Um dos fatos que mais tem me chamado atenção é a obsessão em buscar raridades, discos e faixas desconhecidas do público. Isso valia, desde os primórdios, para discos desconhecidos de décadas anteriores ou para produções frescas, recém-saídas das prensas de vinil.

Hoje, além da profissão de DJ, o acesso a músicas ficou mais fácil com o grande repositório chamado internet. Enquanto quem discoteca com discos de vinil paga altas taxas para importar as novidades, os dj´s que usam cd ou mp3 correm atrás de versões exclusivas na internet. O que eu chamo de versões exclusivas são os remixes ou mash-ups - junção de duas ou mais músicas distintas para criar um novo produto final. Em algumas festas que eu vou, o dj só toca remixes. É como se ele dissesse: "sabe aquela música que você gosta? Eu achei uma versão que ninguém tem". Isso me incomoda um pouco por dois motivos.

O primeiro deles é que muitas vezes eu quero dançar a música que eu conheço, sem que ela demore pra começar ou que o vocal desapareça, como acontece diversas vezes. O segundo motivo é o fato de que algumas músicas não precisam de remix. Duas semanas atrás eu estava numa balada quando tocou um remix de Planet Rock, do Afrika Bambaataa. Poxa, essa música não precisa de remix. Ela já é perfeita!

Até concordo que algumas músicas ficam melhores depois que são retrabalhadas pelos produtores, mas acho criminoso alterar algumas obras-primas. Imagine a cena: você na pista, com seus amigos, maior clima alto astral, começa a tocar os primeiros acordes/batidas daquela música que você gosta, pouco depois surgem umas batidas estranhas e não é bem aquela música que você esperava. Quer dizer, é, mas não é. Entende? Pra mim isso funciona como um balde de água fria. Fico com vontade de lançar a campanha: "Remix só pra música que precisa". Podemos fazer camisetas, um blog, comunidade no orkut, uma passeata na Paulista. Aliás, tive uma idéia melhor: toda vez que rolar um remix ruim na balada, a gente pára de dançar e cruza os braços. Bora?

Foto de capa: Sxc.hu Quem é o colunista: Eu? Eu sou o Luiz Pattoli.

O que faz: Jornalista, andarilho e editor do www.churrascogrego.com.br

Pecado gastronômico: Vindo com saúde, eu traço.

Melhor lugar do Brasil: O estádio da Rua Javari.

Fale com ele: [email protected]

Atualizado em 6 Set 2011.