Guia da Semana



A banda que eu escolhi para a coluna desse mês tem poucos meses de vida, uma troca de nome e gente bonita. Ficou curioso?

Bom, vamos "começar do começo". A banda em questão atendia pelo nome Motel e começou há algum tempo como um projeto pessoal do fotógrafo e músico Paulo Bega, que já era conhecido na cena musical paulistana por causa de sua outra banda, a Vague.

A idéia de chamar amigos para tocar no projeto surgiu justamente quando a Vague chegou ao fim. Bega então caprichou na escolha e escalou Geanine Marques, famosa modelo e principal musa do estilista Alexandre Herchcovitch. A moça canta há tempos e já trabalhou com alguns produtores e bandas bacanosos, como Mad Zoo e Pullovers. Junto com ela veio o baterista Ricardo Athayde, que além de músico é também um renomado designer, com várias publicações bem legais no currículo.

"Com os primeiros encontros sentimos q era muito fácil de fazer as coisas juntos, os ensaios foram ótimos", explica Ricardo. "O Motel foi tomando uma forma que deixaria de ser um projeto, para se tornar uma banda mesmo".

E a sintonia fina dos integrantes rapidamente os levou ao palco: "A gente estava super a fim de apresentar o que estávamos curtindo muito nos ensaios", conta o baterista. O primeiro show então não demorou a acontecer e confirmou o encontro acertado dos músicos, prendendo o público (formado, diga-se de passagem, por vários amigos ilustres) durante toda a apresentação. "Trabalharmos em campos diferentes, mas na mesma área (a moda), fez muitos amigos irem ver o primeiro show, pela curiosidade de ver os três se juntarem", diz Ricardo. "Conversando entre nós vimos a necessidade de fazer um outro show logo em seguida, para ver se confirmava essa resposta positiva".

Mais duas performances bem sucedidas vieram e pronto, o burburinho sobre a banda estava circulando nas esferas mais descoladas da cidade.

O nome trocado e o número três

Mas havia uma pedrinha no caminho: o nome da banda. "Com essa possibilidade de fazer mais shows, o Paulo começou a ver a parte burocrática de registro de nome, letras e tal. Aí descobrimos que existiam algumas bandas com o mesmo nome, com destaque para uma banda de rock no México, que até já teve alguma nomeação para o Grammy latino", conta Ricardo. "Vimos que era hora de começar com um nome novo... Foi o Paulo quem soltou, tinha uma sonoridade boa e era possível abreviar de várias maneiras bacanas... com vários significados, pode ser SPM ou SP Moon. Três nomes, três integrantes".



Três também são as faixas que podem ser ouvidas no myspace da banda. Ricardo já avisa que mais seis faixas estão a caminho: "Tudo até agora começa com umas idéias do Paulo, e cada um a sua maneira desenvolve essas idéias iniciais dele. A Ge entra com as letras e melodias de voz e eu com alguns arranjos novos, efeitos, beats. Tem uma musica que é uma melodia antiga minha feita na guitarra, que a Ge colocou a voz e letra... super linda".

As gravações estão inclusive recebendo uma mãozinha extra. "Temos uma pessoa que está ajudando muito na produção das músicas juntamente com nós três, que é o Emerson Martins da Bamba Music, um amigo meu de infância que está sendo essencial nesse momento do SP Moon", conta Ricardo.

Sobre a distribuição do trabalho, ele aposta no virtual: "Acho o virtual hoje mais importante do que lançar algo físico. Mas vamos fazer um lançamento de um CD com quatro ou cinco músicas em maio, para os super amigos presentes em shows e as primeiras pessoas que gostaram da nossa musica. Também estamos planejando uma mini temporada em algum lugar para poder lançá-lo".

E o Portishead?

Sofisticação e bom gosto musical são as palavras que melhor definem o Stop Play Moon para mim. Essas características marcantes talvez tenham levado alguns a usar o gra(aaaaa)nde Portishead como referência para a banda. Perguntei isso ao Ricardo e ele brinca: "Eu não acho nada semelhante, por que eles são mais sombrios, e nós muito mais alegres. Eles são ingleses e nós brasileiros... eles têm o cinza no sangue e nós a multi coloração... hahahaha".



Na verdade, eu acho que a referência mais próxima ao falar do SPM é o som da inglesa Allison Goldfrapp. O vocal macio da Geanine Marques me lembra muito o timbre da outra moça que, aliás, é lindíssimo. E apesar da veia eletrônica, o que eu gosto mesmo no SPM é do fato deles terem guitarrinhas simples, mas muito bem encaixadas em algumas músicas, além de claro ter melodias leves e gostosas.

A estética é um outro elemento sempre presente na banda. Tanto que segundo Ricardo isso será levado em consideração ao decidirem os próximos passos do SPM: "Uma pessoa que faça a luz e um técnico de som são nossa prioridade para um futuro próximo. Sentimos que em certos momentos do show, se tivesse a iluminação ´x´, daria mais sentido às nossas interpretações. É como no teatro".

E sobre o hype inicial que a banda causou, o baterista também tem uma reposta bem humorada: "Não fazemos as coisas pensando no hype, já nem temos mais idades para isso! Estamos fazendo as coisas, tocando, livres para quem quiser ouvir, consumir. Se alguém quiser fazer um clipe e colocar no youtube... sabe... somos de quem quiser...!!!".

Bom, na dúvida neo-shakespereana sobre o ´ser ou não ser hype´, super recomendo ir lá e conferir. Eu adooro!

Quem é o colunista: Miss Má é jornalista formada em 98 pela Metodista de SBC.
O que faz: É professora de educação infantil, e dj e produtora (e agora colunista) nas horas vagas. Comanda o projeto quinzenal "Rockload", as terças-feiras no Studio SP.
Pecado gastronômico: batata frita e pizza (não juntos necessariamente!)
Melhor lugar do Brasil: Sampa. Sempre Sampa.

Atualizado em 6 Set 2011.