Guia da Semana

Foto: Divulgação/ 3Plus


O nome dele corre solto pelo mundo todo. Representante da cena eletrônica no Brasil, Gui Boratto participa pela terceira vez do Skol Beats (saiba mais). Escolhido por votação popular, o DJ encerra o Palco Skol Beats às 7h de domingo (28), após apresentação de Armin Van Buuren e seu trance fino. O holandês também foi eleito pelo público para compor o line-up internacional.

A trajetória de Boratto começou em 1994, um ano depois de iniciar carreira na publicidade. Logo fundou o SECT, primeiro projeto de música eletrônica bem-sucedido do país, pelo qual produziu artistas como Pato Banton, Desirée, Steel Pulse e Gabrielle. Quatro anos depois, montou estúdios na extinta gravadora Paradoxx, onde produziu com outros grandes nomes da e-music no país, Ricardo Guedes e Ferris. Em 2001, quando se mudou para a Califórnia, criou o projeto Crossover com Alyssa Cavin. O resultado foi, entre outros, o hit Music Will Never Stop, que fez parte de sets de Boy George e Pete Tong.

Ficou evidente que produção era seu forte. Logo montou a gravadora Megamusic Brasil, em parceria com o neozelandês Kerry Phillips e seu irmão Tchorta, por onde lançou o projeto Kaleidoscópio. Na seqüência, surgiram remixes de Fernanda Porto e Chico Buarque. Precursor na utilização de tecnologias digitais de discotecagem ao vivo - laptops e pedais de distorção -, Gui Boratto lançou singles pela Plastic City e Circle Music, até que seu minimal techno caiu nos ouvidos de Michael Mayer, do celebrado selo alemão Kompakt. O single Arquipélago e o EP Sozinho foram seus trabalhos de destaque antes de Chromophobia (2007), um dos álbuns de música eletrônica mais elogiados pela crítica especializada mundial.

*** Guia da Semana Você já esperava ser escolhido na votação? O que achou dessa iniciativa do festival de deixar parte do line-up na mão do público?
Não esperava não. Fiquei muito feliz quando soube da notícia. Foi sensacional a organização do festival ter feito esse esquema de votação direta do público. A participação e opinião do público é sempre a mais importante, afinal de contas o evento é feito para ele.

GDS Qual sua avaliação sobre o festival nesses anos que participou dele? O que teve de mais memorável? Faça um relato.
Gostei muito do show do Prodigy, no primeiro ano em que toquei. Aquele empurra-empurra deu medo, mas foi demais. Em 2007 deu pra curtir um pouco do Nathan Fake, que apesar de estar meio vazio ainda, adorei. No dia seguinte eu não fui, pois estava tocando em outro festival em Buenos Aires.

GDS Você chegou a votar em alguma atração?
Infelizmente eu estava viajando muito na época da votação. Mas eu torcia para alguns nomes como Justice e Digitalism. Nunca vi o show de nenhum deles e estou bem curioso.

GDS O que você acha do som de Armin Van Buuren e como você pretende fechar o palco, depois da apresentação dele?
Eu já toquei com o Armin uma vez na Rússia, em St. Petersburgo. Mas tocamos no mesmo horário e acabei não assistindo à sua apresentação. Nunca escutei um set dele. Desta vez vou poder escutar. Esse ano, a maior novidade da minha apresentação é o formato, já que toco com três outros músicos: são dois tecladistas, Guilherme Costa e Dada Attack, e também o Cuca Teixeira, um dos melhores bateras do país. Ele já tocou com Maria Rita, Marina Lima, entre outros. Vai ser um lance mais rock mesmo.

GDS O que preparou para o seu set?
Sempre toco novidades. Desta vez, além de musicas mais antigas e algumas do meu álbum Chromophobia (2007), vou tocar também um pouco do material novo do meu próximo álbum, que sai pela Kompakt, entre janeiro e fevereiro de 2009.

GDS O que tem feito em estúdio?
Tenho feito alguns remixes, para Bomb The Bass e Pet Shop Boys, por exemplo. Ambos saem entre outubro e novembro. Estou também no meio do processo do meu álbum novo. Ainda não sei como soará como um todo, pois só tenho umas sete ou oito músicas finalizadas. Gosto de fazer 20 para selecionar umas 13 ou 15 e montar meu disco. Acredito que até final de outubro, início de novembro, ele estará pronto.

GDS Quais tecnologias você usa para tocar? E para produzir?
Uso muita programação em MAX/MSP, juntamente com meu Monome, que é uma interface USB feita à mão por uma galera da Philadelphia (monome.org). Uso também o controlador Lemur, feito por uma empresa francesa chamada Jazz Mutant (www.jazzmutant.com/artists_lemurized.php). Além disso, uso um outro controlador que é uma espécie de mixer. Tudo isso acoplado ao Ableton Live. Já para produzir, utilizo o Logic há mais de 12 anos. Para ambas as situações, acho que vai de cada um. Conheço todo tipo de produtor, desde aqueles super old school, que fazem musica com teclado de verdade e seqüenciadores analógicos, até os da nova geração, que usam apenas um laptop. Acho isso muito pessoal, não dá para dizer qual é melhor.

Atualizado em 6 Set 2011.