Guia da Semana

Foto: Getty Images

sAproveitando o grande movimento gastronômico do Restaurante Week neste início do mês de setembro, resolvi fazer uma pesquisa para saber se houve aumento no consumo de vinhos, uma vez que o preço da comida está mais acessível. Acreditava que obteria a clara resposta de que as pessoas consomem mais vinho, simplesmente porque estão gastando menos na refeição. Mas essa minha hipótese não é totalmente verdade, o que lamento! Conversei com vários donos de restaurantes participantes do evento, e a maioria não registrou aumento no consumo da bebida.

Bem, mas há exceções. Em um dos restaurantes mais disputados, houve um grande aumento na venda da bebida. Em oito dias, já tinham vendido em torno de 120 garrafas de vinho, tinto e branco. Atribuo esse aumento ao bom preço oferecido no festival. Em geral, esse sofisticado restaurante, especializado em cozinha portuguesa, serve a taça de vinho português a R$ 32,00. No período em que atenderam em torno de 300 pessoas por refeição, a taça oferecida era do chileno Uxmal, a R$ 10,00 a taça. Ora, essa conclusão é óbvia: uma casa que prima pela alta gastronomia, o que combina perfeitamente com vinho, vendendo um bom produto a preços convidativos, não tem outra: vende! Mas é fato que, quem escolhe ir a este restaurante, ao invés de ir a uma hamburgueria, é certamente alguém que possui o conhecimento da bela presença que o vinho faz em uma refeição de alta qualidade.

Outro restaurante, que também entrou na pesquisa, registrou um grande volume de venda da bebida. Mas isso não surpreendeu os donos, uma vez que os clientes desta casa sabem como o vinho é bem tratado. Durante o evento ofereceram uma taça a R$ 8,00. O vinho é muito agradável e, com os deliciosos pratos que o estabelecimento oferece, não poderia ser diferente. Quem escolhe estas casas numa lista de 200 restaurantes, já é alguém que, possivelmente, aprecia vinho. Por isso não vale como exemplo, pois não houve aumento de consumo de vinho, mas sim um fluxo maior de clientes e como muitos tomaram vinho, venderam muitas garrafas sem que, proporcionalmente, o volume aumentasse.


Foi-se a minha teoria. Entendo que, durante o almoço, não é o momento ideal para bebidas alcoólicas, mas a outra explicação que tenho para o fato de não aumentar o consumo de vinhos, numa situação tão ideal como essa, é o desconhecimento sobre o assunto. Conhecer a bebida é de fato complexo. Mas, com a quantidade de cursos, degustações e jantares harmonizados que são oferecidos pela cidade hoje, não há mais motivo para quem aprecia a boa comida, deixar de usufruir desta maravilhosa união de sabores.

Para quem ainda não sabe onde acontecem estas atividades, informo que a maioria das lojas especializadas e, principalmente, as importadoras, as oferecem. Sempre me deparo com pessoas que, por não terem o hábito de beber, afirmam que não vão saber a diferença entre um vinho realmente bom e o de menor qualidade. Para estas pessoas eu sempre respondo: "Vai sim, pois todos sabem quando estão tomando coisa boa". Em todas as apresentações que fiz com degustações às cegas, isto é, sem que a pessoa saiba o nome do vinho que está tomando, os degustadores, por mais leigos que sejam, sempre acham qual o vinho de mais qualidade pelo aroma e paladar. Então, se este é o seu caso, não hesite em participar destes eventos e vai descobrir um mundo de prazeres e sabores maravilhosos!

Quem é a colunista: Denise Cavalcante, jornalista.

O que faz: Trabalha com eventos de vinhos e gastronomia.

Pecado gastronômico: Abrir garrafas de vinho para tomar sozinha, mas não ter coragem de abrir os melhores só para mim!

Melhor lugar do Brasil: Minha casa, ao lado do meu filho.

Fale com ela: denise @denisecavalcante.com.br

Atualizado em 7 Ago 2012.