Guia da Semana

Foto: Divulgação

A Bode Brown tem a Wee Heavy: caramelo e malte na medida certa

Quais são as suas dez cervejas favoritas para beber no inverno? Separei aqui algumas marcas para os dias frios. Falando um pouco do perfil, essas bebidas que encontramos têm aromas de madeira, café, tabaco e baunilha. Algumas possuem doçura residual, teor alcoólico mais elevado e longa persistência aromática. Atributos esses que ajudam a aquecer os ânimos, ainda mais se forem harmonizadas com pratos que tenham a mesma potência de sabor.


A minha sugestão é a seguinte:

1. Harviestoun Ola Dubh 40
A primeira vez que eu provei esta cerveja, realmente fiquei muito surpreso, a começar por sua apresentação que diz: cerveja maturada em barrica que, por 40 anos, ficou trabalhando com uísque. Já pode esperar o que está por vir: uma cerveja com fortes aromas de madeira, baunilha e o uísque. Tem paladar potente, longa e saborosa persistência residual.

2. Schneider Aventinus Weizen-Eisbock
Quem está acostumado com o universo do vinho, deve conhecer o estilo eiswein - que são os vinhos feitos a partir de uvas congeladas, produzindo vinhos mais licorosos e com alto teor alcoólico. Aqui na cerveja não é muito diferente. A Aventinus Weizen-Eisbock é uma cerveja produzida a partir da Aventinus Weizenbock, que é uma bock de trigo. Mas a Eisbock é congelada para auxiliar na retirada parcial da água, o que resulta em uma Weizenbock com 12% de teor alcoólico e potentes sabores licorosos.


3. Colorado Demoiselle
Quando se fala de cervejas para se beber no inverno, não tem como não citar a Colorado Demoiselle, uma cerveja escura elaborada com café de Ribeirão Preto (SP). Se você ainda não provou, está mais do que na hora - ainda mais que a encontramos com certa facilidade nas principais redes de supermercado, que já trabalham com as cervejas especiais.


4. Erdinger Pikantus
A Erdinger teve grandes méritos para a abertura das portas das cervejas especiais no Brasil no final dos anos 90 - e uma marca que acabou sendo esquecida pela maioria dos cervejeiros. Muitos ainda não conhecem as suas outras versões, como a Erdinger Pikantus que é uma weizenbock (cerveja feita de trigo e com forte sabor). Gosto muito de colocá-la com harmonizações, principalmente carneiro com cuscuz marroquino, que misturam os aromas de amêndoas e frutas secas do prato com os da cerveja. A untuosidade e sabor da carne são cortados pelo corpo da Pikantus e, ao final, temos o agridoce do prato harmonizando com a leve doçura da cerveja.


5. Bode Brown Wee Heavy
Uma das minhas cervejeiras conterrâneas. A Bode Brown, de Curitiba (PR), está sempre criando estilos fora dos padrões comuns. E eles acertaram em cheio com Bode Brown Wee Heavy. Confesso que era um estilo que eu não conhecia até então, pois no Brasil não é muito fácil de se achar. Ela me atraiu pelos seus aromas de malte e caramelo, pelo peso e complexidade do seu sabor.


6. La Trappe Quadrupel Oak Aged
Gosto de toda a linha das bebidas trapistas La Trappe - este é um dos sete mosteiros que levam a certificação de autêntica cerveja trapista no Mundo. Agora imagine a mais potente da linha deles, a La Trappe Quadrupel, cujo gosto tem uma passagem pela madeira. O resultado é uma cerveja trapista de estilo único, onde seus aromas e gostos certamente aquecem as papilas de qualquer cervejeiro.


7. Bamberg Rauchbier
Os aromas de defumado são muito apropriados para o frio. A Bamberg Rauchbier define muito bem este estilo tradicional de cerveja, elaborada a partir do malte defumado. Ela, por si só, já é muito saborosa. E, se for acompanhada por uma tábua de frios com presuntos e queijos defumados, vai ficar ainda melhor. Procure pelo presunto pata negra e queijo provolone.


8. Waithes Flying Suffle
Conheci, há pouco tempo, as inglesas da Waithes, e encontrei uma brown ale com gosto equilibrado, sem muitas nuances de sabor. Uma cerveja na medida para quem não está acostumado com as muito fortes. Também é uma boa recomendação para quem está começando agora no universo das cervejas especiais.


9. Malheur Dark Brut
As bebidas mais polêmicas do universo das especiais são, sem dúvida, as champenoises - cervejas que têm uma fermentação adicional na garrafa como os vinhos da região de Champagne. Todo cervejeiro já provou ou tem como meta provar uma delas, principalmente a da marca Deus. A cervejaria Malheur diz ser a pioneira no estilo, com a Malheur Bière Brut. Já a Malheur Dark Brut é a versão escura destas champenoises: uma cerveja com 12% de teor alcoólico, aromas de chocolate, ameixas e caramelo, intensa e complexa na boca. Certamente a mais diferente entre elas.


10. Düm Petroleum
A onda das cervejas de panela não para de crescer e os cervejeiros da Düm não param de fazer cervejas boas. A Düm Petroleum é uma cerveja feita em casa a partir de maltes torrados, cevada torrada e aveia. Possui 12% de teor alcoólico e seu estilo final ficou batizado como Imperial Oatmeal Stout. Ela possui tanto corpo que chega a ter até uma aparência viscosa. Esta foi uma das que mais me surpreendeu. Uma pena que a sua produção é limitadíssima.

Assista os vídeos da produção e perceba a dificuldade e audácia em fazê-la, vale a pena.


E as suas preferidas para o inverno, quais são?

Leia as colunas anteriores de Daniel Wolff:

South Beer Cup

Cerveja Abadia

Cervejas e chocolates

Quem é o colunista: Daniel Wolff, sommelier, especialista em cervejas.

O que faz: Editor do site Mestre-Cervejeiro, palestrante e professor.

Pecado gastronômico: A pessoa ficar limitada a uma marca ou um estilo de cerveja, deixando de experimentar a enorme variedade que existe e as mais diversas experiências gastronômicas que elas podem oferecer.

Melhor lugar do Mundo: Diversos, entre eles Marienplatz, em Munique.

Fale com ele: Acesse seu site, siga-o no seu Twitter (@daniel_wolff) ou acesse seu Facebook.






Atualizado em 7 Ago 2012.