Tá enfezado? Vá comer banana verde. E com casca Foto: www.photocase.de |
Até pouco tempo, acreditava-se que a serotonina, o neurotransmissor responsável pela sensação de bem-estar, era produzida apenas pelo cérebro. Estudos mais recentes, no entanto, descobriram que o buraco é literalmente mais embaixo: é o intestino que produz a maior parte desse elemento em nosso organismo. Ou seja, os mais antigos tinham total razão quando deram aos mal-humorados a alcunha de enfezados - palavra que, ao pé da letra, remete a quem está com uma baita prisão de ventre e, por isso, com deficiência na transmissão do impulso nervoso do bem-estar.
Não é à toa, portanto, que ao intestino tenham sido dados cerca de 10 metros de comprimento. Tamanha magnitude, chamada hoje de cérebro desconhecido, é um percurso povoado por mais ou menos 100 trilhões de microrganismos, de mais de 400 espécies. Entre eles, como em toda sociedade, existem os que contribuem e os que só prejudicam, chamados de patogênicos. "O intestino tem que funcionar no perfeito equilíbrio, com predominância das bactérias benéficas que inibem as maléficas. E esse trânsito depende da quantidade de alimentos prebióticos e fibras alimentares que a pessoa ingere", explica o professor Francisco Maugeri Filho, da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp, Universidade Estadual de Campinas.
Comida prebiótica: união de microorganismos bons |
Os prés e os prós
O consumo regular desses complementos, além de melhorar o bem-estar, contribui com o sistema imunológico, previne doenças cardiovasculares, como colesterol e triglicérides, e evita a formação de tumores cancerígenos. O único problema é que mesmo tendo uma dieta riquíssima nesses ingredientes, a quantidade de microrganismos prebióticos que chegam a agir no intestino é menor que a ideal. "Normalmente, por dia consumimos cerca de um grama deles, se tivermos uma dieta rica em frutas, hortaliças e cereais. Mas o necessário seria por volta de nove gramas", afirma o professor.
Empanturrar-se de banana e dos outros alimentos que têm essa função, porém, não é a solução. Isso porque além dos prebióticos, que são normalmente compostos por carboidratos e ricos em fibras solúveis, os outros componentes do alimento podem tornar-se agentes engordativos. "Todo excesso traz dano. Se você come muita caloria começa a engordar. Outro problema é que a maioria desses alimentos sofre a ação de agrotóxicos e, em excesso, pode trazer problemas, como reações alérgicas à pessoa", analisa Francisco. Para ele, a solução seria mesmo consumir não só pré-bióticos, mas também aqueles que se alimentam deles: os chamados pró-bióticos.
Iogurte simbiótico: criação longe do mercado |
Ainda não-comercializada, a receita está à espera de uma empresa alimentícia que queira colocar nas prateleiras do supermercado um alimento que pretende regularizar o intestino da população, além de manter a serotonina circulando a todo vapor no organismo. "Muitas doenças psíquicas e até a enxaqueca são provocadas pelo mau funcionamento do intestino. Por isso, quando alguém reclama de alguma coisa assim, a minha dica é: vai comer. Mas comer bem e de forma equilibrada", conclui Francisco.
SAIBA MAIS
? Prebióticos na cozinha: o chef Renato Caleffi, do saudável Empório Siriuba explica como preparar os alimentos que servem de comida para a boa vizinhança do intestino e ensina a fazer um cuscuz marroquino prebiótico.
Atualizado em 7 Ago 2012.