Guia da Semana

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Gastronomia está na moda e, com ela, a cada dia, surgem novos termos, releituras de pratos, receitas e novos adeptos. Entre o turbilhão de novidades diárias, duas palavras têm me chamado a atenção: slow food e comfort food.

A primeira, criada na Itália na década de 80, a partir da revolta de alguns amantes da boa culinária do país, invadida pelos fast foods americanos, prega o prazer de comer sem pressa, ou seja, o respeito pela alimentação.

Infelizmente, no meio da correria do dia a dia, é muito comum que as pessoas peçam pelo telefone algo rápido e prático e façam suas refeições sentadas desconfortavelmente ainda na frente do computador. Outros transformam o horário de almoço em reuniões de negócios. Como diz o ditado, tempo é dinheiro e, por isso, acabamos nos rendendo aos encantos do rápido.

Já a comfort food está ligada à comida do coração ou pleasant food (comida prazerosa), como também é conhecida nos Estados Unidos. Esse tipo de comida sempre existiu mas, de algum tempo para cá, virou tendência. Fazem parte dessa expressão os pratos que remetem a lembranças do passado, alguns sabores e aromas que te fazem viajar no tempo e lembrar a infância. É quase uma derivação da comida caseira, aquela feita com amor. Cada país e cada pessoa têm a sua própria comfort food: tudo depende do que se viveu, dos costumes da família e dos momentos mais importantes. Pode variar de pipoca e algodão doce às sopas feitas pela avó, aquele doce de leite que a tia de Minas trazia uma vez por ano ou o frango assado em casa.

Mais uma vez, no dia a dia, estamos longe de sentir esse sabor que nos faz viajar no tempo e ter essa sensação de segurança emocional, mesmo que, por alguns momentos, de forma inconsciente. Geralmente, quando crescemos, mudamos de casa, emprego, cidade e cada vez ficamos mais distantes do nosso círculo familiar e, por poucas vezes, vamos experimentar novamente o mesmo gostinho que ficou para trás.

Como a grande maioria não consegue vivenciar esses dois conceitos gastronômicos no dia a dia, aqui vão algumas dicas: aproveite o final de semana, lembre de algumas receitas que adorava saborear durante a infância, prepare os pratos de forma artesanal sem produtos industrializados - vale pedir uma ajudinha para a tia avó - e faça da sua cozinha um laboratório de boas lembranças. Chame uma pessoa querida e deguste com toda calma possível cada sabor. Vale a pena!

Quem é a colunista:Viver e não ter a vergonha de ser feliz!! (criativa, otimista, zen e determinada).

O que faz: Chef do La Degu Gastronomia. Uso a imaginação e a experiência para transformar minha cozinha em um laboratório criativo.

Pecado gastronômico:Meu risoto de brie com amêndoas e carré de cordeiro ao vinho tinto, não enjoo...rs.

Melhor lugar do mundo: Bahia, com todo seu astral, seus aromas e sabores.

O que está ouvindo no carro, iPod, mp3: Janis Joplin.

Fale com ela: [email protected]


Atualizado em 7 Ago 2012.