Guia da Semana

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As casas de sidra: uma das atrações das Astúrias

Os asturianos ficam orgulhosos ao se lembrar da importante contribuição que deram para a história da Espanha. Nas montanhas próximas a Covadonga, no ano 722, evitaram, sobre a direção de Pelayo, a invasão dos árabes, o que assegurou sua independência e iniciou as bases para a reconquista do país.

Contudo, depois desta histórica façanha, Astúrias caiu em um sono profundo que durou vários séculos. Por muito tempo, foi considerada a região mais deprimida da Espanha; pessoas comuns se alimentavam de milho, de castanhas e frutas silvestres. Apenas no final do século 19 chegaram melhores tempos, que, mais tarde, induziram o escritor Jesús Fernándes Santos, assombrado, escrever em sua viagem: "Lá em cima, no topo das montanhas, começa Astúrias. Continuando o caminho, tem-se a impressão de atravessar uma linha invisível da terra prometida".

Com o País Basco, Cantábria e Galícia, o principado de Astúrias forma atualmente a "Espanha Verde". A partir dos picos de Europa, com seus pastos alpinos, seus desfiladeiros profundos e seus rios, uma paisagem montanhosa, suavemente acidentada e sempre verde pela proximidade do Oceano Atlântico desce para o litoral rochoso até as praias de areia. A economia e a indústria se concentram no triângulo formado por Oviedo, Gijón e Avilés.

Tanto na parte oeste como leste predominam campos cheios de flores, pomares, bosques, árvores de maçã, os pequenos povoados, igrejas e capelas medievais. Historicamente, os asturianos foram um povo do campo, pastores e pescadores. Passando mais a fundo para a gastronomia, temos aqui registrados mais de 30 variedades de queijos, especialmente queijos elaborados com leite misturado de vaca, de ovelha e de cabra. As montanhas dos picos de Europa são consideradas o grande caminho para os gastrônomos, por onde, ao longo dessa rota do queijo, podem ser provadas todas as especialidades e encontrar iguarias que são elaboradas em quantidades mínimas e nunca se comercializam.

As especialidades de presunto tipo jamón e embutidos, o javali, veados, a truta e o salmão, assim como todas as variedades de peixes e de mariscos procedentes do Atlântico, estão na mesa de maneira simples e verdadeira e são totalmente convincentes, mesmo sem o selo oficial de qualidade.

Os asturianos celebram, todos os anos, suas especialidades gastronômicas com festas típicas e concursos cujo objetivo de celebração são a sidra, a castanha, o feijão branco, a cebola, as sopas e os tentadores doces. Atualmente, a fabada é o carro-chefe da cozinha asturiana, mesmo nunca tendo sido considerada como prato de "gente importante".

Assim como em outras sopas desta região da Espanha, o grande segredo é o feijão. Um feijão branco e grande, de sabor único: é suave como a manteiga, de pele fina, de carne consistente e cremosa. Quando comprar, você deve procurar aqueles que sejam absolutamente brancos e que não tenham nenhuma mancha ou pinta.

Para mim, o grande segredo da fabada é a lenta cocção do feijão com a paleta defumada e o bacon deixando apenas para incorporar o chouriço e a morcilla no final, para acentuar ainda mais o sabor. Depois, é reunir os amigos e a família para um verdadeiro banquete asturiano. E viva a fabada!


Leia as colunas anteriores de Arturo Frank:

Regiões da Espanha - a Galícia

Cultura de tapas

Um passeio pela España

Quem é o colunista: Uma pessoa caseira, dedicada e simples em tudo.

O que faz: Sócio e chef do restaurante Fulana em São Paulo; administrador e diretor da Casa de España de São Paulo.

Pecado gastronômico: Jamon (presunto cru espanhol).

Melhor lugar do mundo: Minha casa.

O que está ouvindo no carro, iPod, mp3: Dani Macaco e U2.

Fale com ele: [email protected]





Atualizado em 7 Ago 2012.