Constrangimentos como este, provocados pela falta de informação e de treinamento de pessoal, tornaram-se comuns na vida do casal no período que se seguiu à descoberta da deficiência física. "Sempre gostei de me divertir, de ir a restaurantes e não ia deixar de fazer por conta da deficiência. Sei até que alguns estabelecimentos que eu freqüentava antes acabaram se adaptando por minha causa. Acredito que o papel do deficiente também é de transformação", afirma Andréa, que soube muito bem como cumprir seu papel. No final de 2001, cansada de ter que sempre ligar nos lugares antes de decidir onde sair, ela e o marido criaram o Guia São Paulo Adaptada, um roteiro com a descrição detalhada sobre o acesso em cada tipo de restaurante, cinema, casa noturna ou outros locais de diversão.
"Felizmente, de cinco anos para cá, muita coisa mudou. Hoje, o mercado de trabalho se abriu e o deficiente é um consumidor em potencial. Por isso, é vantagem para os estabelecimento se adaptarem", afirma a empresária. A Lei de Cotas, aprovada há oito anos, ainda é polêmica, pois garante uma porcentagem de vagas nas empresas dedicadas aos deficientes físicos. No entanto, os resultados da lei e da re-inserção de pessoas com dificuldades de locomoção, visão ou adição é visível e positivo: hoje, é notória a quantidade cada vez mais de deficientes nas ruas das cidades e também em locais de diversão. "Acredito que os deficientes estão passando pelo mesmo movimento de inclusão que as mulheres tiveram há alguns anos. Agora, estão entrando no mercado de trabalho, mostrando seu potencial, e não estão mais esperando que o mundo se adapte para sair de casa", opina Andréa.
Para todos
O pequeno símbolo com uma cadeira de rodas indica, na maioria dos guias e roteiros culturais brasileiros, o acesso a deficientes físicos. Mas será que todos os estabelecimentos que se vangloriam da marquinha estão mesmo aptos a usá-lo? "Para ter aquele símbolo, o lugar tem que ter rampas com a ingrimidade correta, sanitário adaptado, mesa na altura certa para encaixar a cadeira de rodas e principalmente funcionários treinados. O que se vê em algumas casas é apenas um desses itens atendidos", explica a empresária.
Ter um banheiro adequado não significa ser totalmente acessível - o que, aliás, é praticamente inexistente. A terapeuta ocupacional da seção de Adultos da AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente) Léa Regina Rizzo conhece restaurantes paulistanos que até possuem uma mesa adequada para o encaixe da cadeira de rodas. Mas como apenas uma delas é adaptada, se mais de um cadeirante quiser jantar na casa, o outro será obrigado a comer mais rápido e sair? "Acho isso um absurdo. Também sempre vejo vaga em estacionamentos para deficiente. Mas também já notou que sempre tem um cone segurando a vaga? Como é que o deficiente vai descer do carro para tirar o cone?", questiona Léa.
Banheiro da Mercearia do Francês, em São Paulo: adaptado |
Eficientes
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Merecedores do símbolo da cadeirinha
Avenida Rebouças, 3970, Shopping Eldorado - São Paulo
Fone: (11) 3814-5592
www.outback.com.br
Avenida Higienópolis, 618, Shopping Pátio Higienópolis - São Paulo
Fone: (11) 3823-2667
www.rascal.com.br
Rua Haddock Lobo, 1738 - São Paulo
Fone: (11) 3063-3888
Rua Amauri, 244, Itaim Bibi - São Paulo
Fone: (11) 3079-2299
Rua Pequetita, 170, Vila Olímpia - São Paulo
Fone: (11) 3845-9911
Saiba mais:
AACD
Av. Prof. Ascendino Reis, 724, Vila Clementino - São Paulo
Fone: (11) 5578-0777
www.aacd.org.br
Comitê Brasileiro de Acessibilidade
Eles são os responsáveis, em parceira com a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) por todas as normas que não só o restaurante, mas as edificações em geral, os veículos e as vias públicas têm que seguir para o mundo se tornar acessível a todos. Confira todas as regras no site: www.mj.gov.br/sedh/ct/corde/dpdh/corde/normas_abnt.asp
Guia São Paulo Adaptada
Contém informações sobre todos os estabelecimentos da cidade de São Paulo que podem se vangloriar do símbolo de acesso a deficientes físicos. O roteiro, no entanto, não tem o intuito de indicar cinemas, restaurantes ou casas noturnas por suas qualidades como tal, mas apenas de informar quais características de acessibilidade cada um deles possui.
Nome: Guia São Paulo Adaptada
Autores: Andréa Schwarz e Jaques Haber
Editora: O Nome da Rosa
Ano de lançamento: 2001
Preço sugerido: R$ 10,00
Número de páginas: 360
ISBN: 85-86872-20-2
www.nomedarosa.com.br
I.Social
Empresa de Andréa Schwartz e Jaques Haber que presta consultoria a empresas que queriam se tornar acessíveis ao deficiente físico.
www.isocial.com.br
Atualizado em 7 Ago 2012.